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Nosso entrevistado do mês é Juliano Richter Pires
Secretário executivo de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

O secretário antecipa novos projetos e comemora consolidação de Florianópolis como Capital da tecnologia. ***CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR (fotos: Hermann Byron Neto)

Publicado em 27/06/2024

Nosso entrevistado do mês é o secretário executivo de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Juliano Richter Pires. Natural de Florianópolis, 46 anos, ele é bacharel em Ciências da Computação pela UFSC, com especialização em Liderança de Equipes. Tem vasta experiência como empreendedor no setor de tecnologia da informação. Participou ao longo dos últimos 22 anos de forma ativa e voluntária de atividades ligadas ao terceiro setor através da Associação Empresarial de Florianópolis (ACIF), atuando como vice-presidente da entidade nos anos de 2011 a 2017. Hoje é conselheiro da entidade. Desde 2017 também é presidente do Conselho Municipal de Turismo, presidente do Conselho Municipal de Tecnologia e Inovação e presidente do Conselho do Desenvolvimento Econômico de Florianópolis.

 

Imagem da ilha: Já tem uns dois anos, desde que o prefeito Topázio assumiu, temos notado uma melhora significativa no trânsito, apesar do constante aumento no número de veículos. A sua secretaria teve participação neste processo? A que se deve essa melhora?

Sec. Juliano: Florianópolis é realmente uma cidade ávida na questão de tecnologia. Então, tem muita gente vindo para cá trabalhar na área e, quando a gente fala de tecnologia, hoje, nós temos muitas pessoas trabalhando daqui em regime de home office para empresas de Israel, EUA e outros grandes centros. Acho que isso foi talvez a coisa mais predominante que a gente teve nos últimos anos. A pandemia pode ter provocado, sem dúvida alguma, esse movimento migratório para Florianópolis, porque hoje muita gente pode trabalhar de qualquer lugar. Então, a tecnologia provê isso e, obviamente, os profissionais que lidam com inovação e tecnologia vão escolher os melhores lugares para morar. E Florianópolis passa a ser um alvo forte. Em tese, são pessoas que gastam aqui, pessoas com grande poder de conhecimento que vieram morar aqui na cidade. É por isso que a gente vê a cidade aumentando a população, mas não tendo incremento direto na mobilidade urbana, e isso sempre foi e sempre será um desafio para Florianópolis, porque vivemos numa ilha. Então a gente não tem muita válvula de escape, diferente do continente, onde pode-se ir abrindo novas opções de deslocamento.

Imagem da Ilha: A gente tem notado que o prefeito Topázio, quando assumiu, há uns dois anos, deu sequência para algumas obras que já estavam no planejamento da gestão anterior, como o binário do Pantanal, certo? Também se cercou de pessoas mais jovens na gestão. O secretariado todo é bem jovem. Isso contribui bastante para uma integração mais significativa? Por exemplo, você na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnologia, o Rafael Hahne, na Infraestrutura, são bem jovens. Eu estive no lançamento lá do projeto Formiguinha, vocês estavam presentes… Como as secretarias interagem? E se interagem bem, seria em função da idade e da dinâmica? Como funciona?

Sec. Juliano: Você me chamou atenção com uma coisa que eu nunca tinha parado para pensar, mas realmente, os secretários são jovens, né? Você pega o caso da Ivana que é a nossa secretária do Desenvolvimento Urbano, jovem, arquiteta, ou próprio Rafael Hahne, (secretário de Infraestrutura), um jovem engenheiro; o Michel Mittmann (secretário de Planejamento e Inteligência Urbana) também, apesar de todo mundo estar beirando a casa dos 50… Bom, do ponto de vista de relacionamento, eu acho que a idade realmente ajuda bastante. Nós somos muito adeptos à questão de tecnologia, então isso facilita muito. Estamos sempre conversando por WhatsApp, mas conversar pessoalmente é sempre melhor. Então, no meu caso, como eu sou uma secretaria “meio”, então eu não atendo demandas diretas. Até atendo em alguns lugares, como na Casa do Empreendedor. A própria Janaína, nossa subsecretária de Desenvolvimento Econômico, que está aqui nos acompanhando na entrevista, pontua a questão da empregabilidade como um foco importante, o programa Floripa Mais Empregos está todo com ela. Nele, a gente acaba atendendo o público final, mas é muito diferente de uma atividade como a saúde, como a educação, como a própria infraestrutura, assistência social ou segurança, que tem uma relação direta com o cidadão. Então, da minha parte aqui, eu vou a todas as secretarias para a gente trocar ideias. Desde a época do Gean Loureiro (ex-prefeito) e agora também na gestão do prefeito Topázio, a minha função dentro do governo é trazer novos projetos, trazer novas receitas para o município. Então, nós tivemos um incremento significativo na questão do ISS de 2017 até hoje. Isso deixa a gente realmente muito orgulhoso do trabalho que a gente desempenhou. Muito em questão da tecnologia, a gente avançou bastante. Hoje, para quem não sabe, os três principais arrecadadores aqui na cidade são a tecnologia, saúde e turismo. Conseguimos, com trabalhos pontuais, fazer com que a nossa secretaria viabilizasse um aumento de duas vezes e meia o montante de arrecadação da Prefeitura. 

Imagem da Ilha: O Floripa Mais Empregos é da sua secretaria. Como está funcionando? Recentemente também ouvimos falar, e gostaria que depois você abordasse isso, sobre um convênio com uma empresa, uma startup de desenvolvimento tecnológico para jovens que é a SalesHunter.

Sec. Juliano: O Floripa Mais Empregos nasceu na época da pandemia, quando a gente teve um choque muito grande e precisávamos dar algum tipo de resposta. Recentemente, saiu uma pesquisa sobre emprego nas capitais que classifica Florianópolis em terceiro lugar. Só perdemos para Rio Branco e outras duas cidades do norte do país, mas quando consideramos o litoral, em taxa de desemprego, nós temos a menor. Então, a gente vive o que chamamos de situação de “pleno emprego”. Nós não temos problema com empregabilidade, muito pelo contrário, faltam pessoas capacitadas para ocupar os postos de trabalho. Mesmo assim, há uma população que tem menos condições de acessibilidade à tecnologia e que precisamos atender de alguma forma. E aí o Floripa Mais Empregos cumpre essa função básica, que é de recepcionar essas pessoas, e tentar encontrar para elas alguma alternativa de trabalho.

 

A parceria com a FIESC rendeu o site do Floripa mais empregos, que é de fácil navegação 

 

Então, lá em 2021, se não me falha memória, nós começamos um projeto de parceria com a FIESC, com o portal “Todos Pela Educação”. Nós fizemos uma parceria com eles para utilizar o portal, só que com uma roupagem nova para o “Floripa Mais Empregos”. Conseguimos uma parceria muito bacana, e não só nesse projeto como também no “Floripa Mais Tech” também com a FIESC, onde eles nos dão um suporte do portal e nós, através da equipe da Janaína, fazemos todo o processo de captar essas pessoas que estão procurando emprego para coloca-las com quem está ofertando o trabalho. Então, dentro da plataforma, a pessoa pode procurar trabalho, ela pode fazer curso gratuito e pode deixar o seu currículo à disposição. Aqui na secretaria, nós ajudamos essas pessoas a confeccionar o seu currículo colocando à disposição um chatbot (contato via WhatsApp), para que através do WhatsApp nós possamos ajudar de uma forma mais eficiente. Nesses feirões de empregos que a gente faz, geralmente no centro da cidade, que antigamente não ficávamos com nenhum registro das pessoas, agora a gente passa a ficar com o telefone celular, com isso podemos ajudar essas pessoas a fazer o seu currículo e depois ajudamos no pós. Então, quando a gente consegue unir a vaga de trabalho àquela pessoa, através do “chatbot”, entramos em contato para tentar fazer esse “casamento”, para que o cidadão arranje um trabalho de forma mais simples e mais eficiente. Essa é a função do nosso Floripa Mais Empregos. O prefeito Topázio sempre me fala o seguinte. “Olha, Juliano, a gente vive aí um cenário de pleno emprego, mas a gente não pode tirar a atenção disso”. Então a gente até brinca, já que em todas as pesquisas de governo que fizemos, a questão da empregabilidade nunca aparece como o principal problema. Mas isso é um problema, porque a partir do momento que ela (a questão da empregabilidade) reaparecer, para você frear esse “relaxa”, é mais difícil, já que isso quando vem, vem com muita força. 

O feirão de empregos patrocinado pela Prefeitura da Capital (foto:PMF)

 

Então, temos uma cidade empreendedora. Floripa tornou-se uma capital exemplar nesse sentido, mas também não podemos deixar de lado quem não quer empreender, ou que tem dificuldade de procurar um trabalho, e tem muita gente. Recentemente houve uma migração muito forte das pessoas que não tinham nenhum trabalho, e criaram um MEI (Microempreendedor Individual). Não só em Florianópolis, mas no Brasil inteiro, houve um crescimento vertiginoso da criação de MEIs. A gente só vai sentir esse rebote do MEI daqui a um ou dois anos, porque às vezes a pessoa abre o MEI, mas não fecha, né?

Então, isso é um problema que temos, às vezes, o de saber com números um pouco mais apurados o que está acontecendo. Mas a gente acredita que Floripa está no caminho certo e muito em função do nosso povo empreendedor. Eu acho que é essa jornada da tecnologia que começou lá na década de 1980… E explicando rapidamente: a gente tinha um grande problema em Florianópolis, que era o êxodo de alunos formados na Universidade Federal, grandes mentes que se formavam aqui e não tinham emprego. Muito pela cidade não poder ter indústria, então as pessoas saíam daqui e iam para outro lugar, e na década de 1980 com a chegada dos primeiros computadores, principalmente na Universidade Federal, as pessoas começaram a considerar que estava vindo um novo nicho no mercado que tem tudo a ver com Floripa, uma economia limpa. Muita gente ia embora contra a vontade. “Eu tenho tudo nessa cidade e eu tenho que sair porque eu não tenho condições de me manter”. E aí as grandes companhias de tecnologia começaram a se estabelecer - as mais conhecidas são a Dígitro, a Intelbrás e a própria Softplan.

Essas grandes empresas começaram a gerar posições de trabalho e isso fez com o que era um ponto muito negativo, que era não ter indústria, passou, hoje em dia, a ser um ativo muito forte, que é de não as ter. Isso começou ali no final da década de 1980, e começou a causar uma transformação muito grande na nossa cidade, que nos trouxe até esse momento, em que nós temos a maior densidade de startups do país. Então, isso é um ponto positivo da nossa cidade.

Imagem da Ilha: Citamos a SalesHunter como exemplo porque há um problema para muitos empregados que estão no comércio, não gostam do trabalho e querem sair, mas não têm especialização. Então, parece que esse convênio com a prefeitura foi ao encontro de uma necessidade de ter maior conhecimento da tecnologia e como manusear isso, como usar, até porque são pessoas jovens, é mais fácil de entrar na tecnologia.

Sec. Juliano: É. E tem um detalhe importante: a inovação e a tecnologia, por si só, só conseguem existir se você consegue vender aquela inovação. Então, se você não consegue vender, não adianta de nada. A gente continua precisando de muito processo de venda, muito processo comercial e eu acho que a SalesHunter vem para preencher um pouco dessa lacuna. O Topázio tem um termo que ele usa, que é o “paradigital”. É a classe dos “paradigitais”, que é a pessoa que não faz programação, mas ela pode vender, pode prestar o serviço, pode fazer suporte, pode trabalhar na área de vendas. E tem muitas outras ações dentro do aspecto digital, marketing, enfim, que podem ser trabalhadas por essas pessoas, sem ser o programador. O Floripa Mais Tech trabalha isso, muitas pessoas que não se adaptam na programação, que às vezes não é uma coisa tão trivial assim, mas eles podem trabalhar em questões digitais em torno desse processo. E as empresas continuam precisando de marketing, continuam precisando do pessoal de vendas, principalmente. Um bom vendedor na área digital tem o seu valor, e a SalesHunter vem muito para ocupar um pouco desse lugar. O próprio Floripa Mais Tech nos posicionou que mais de 65% das pessoas que fazem são acima de 25 anos. A gente percebe é que as pessoas que vão engatando nesse cenário, se elas são boas, de bom para razoável, podem conseguir colocação bem rápido, e o melhor, ela consegue trabalhar para qualquer empresa do mundo. São muitas as pessoas que estão em Florianópolis hoje e recebem em libras, em dólar, em euro e gastam em real. Então, compensa demais, a pessoa ganha cinco vezes. E a nossa cidade proporciona isso.

Imagem da Ilha: Em relação à tecnologia na FENAOSTRA, isso evoluiu? Na época da prefeita Angela Amin, ela fez ações com pescadores artesanais, tanto que na época a produção de ostras era incipiente e evoluiu para sermos os maiores produtores exportadores de ostras do Brasil. Vocês estão dando alguma sequência nisso, ou chegaram a um ponto de equilíbrio em que não há tanta necessidade de investimento em tecnologia?

Sec. Juliano: Eu acho que a gente está muito atrás, por exemplo, da França, a maior produtora mundial de ostras. Hoje, cerca de 85% das ostras consumidas do país saem de Florianópolis, mas a gente precisava realmente dar uma atenção mais forte na questão de exportação, gerar valor agregado para que a gente pudesse tornar realmente esse produto, que é nosso, legitimamente nosso, para ganhar um pouco mais de valor. Então, eu entendo que a resposta está na exportação. A gente tem trabalhado um pouco nisso, eu tive a oportunidade de no ano passado ir a Hong Kong, e eles têm muito interesse na nossa safra. O problema é a logística… Como eu faço esse produto chegar à China em um tempo razoável para que ele não perca a sua qualidade? Mas os valores em termos de Europa aumentaram demais, então o nosso produto ficou competitivo. Ele está mais competitivo e a gente ainda tem um problema de logística, mas isso não é um problema só nosso, é um problema do Brasil. E aí as coisas começam a vir penduradas, né? Por exemplo, quando a gente fala do aeroporto, quando a gente fala dos voos internacionais, não é só para passageiros, é para carga também. Então, quando temos esses voos para a Europa, por exemplo, que saem direto de Florianópolis, começamos a viabilizar esse tipo de situação. Daqui a pouco sai um avião cargueiro daqui, lotado de ostra, que vai para cumprir a sua função na Europa e no mercado asiático, você começa a gerar um valor agregado que não estava prevendo. 

Agora em Florianópolis, estamos entrando com as questões das algas. É uma coisa muito nova. As algas podem ser usadas para vários tipos de atividade, para a área de cosméticos, principalmente. Então, há muitas pessoas olhando também para essa nova economia. Temos aqui no nosso infográfico a tal da economia do mar, que nós precisamos dar uma atenção especial. Mas em relação às algas, temos uma tecnologia, uma inovação muito grande atrelada a ela. Muitas pessoas que hoje lidam com as questões de ostra vão fazer uma migração. O valor agregado da alga é muito superior ao da ostra, mas, sempre que a gente fala de alimentação, a ostra sempre vai ter o seu lugar. Agora, em junho ou julho, deve sair o nosso certificado “Ostras de Floripa”, que é a denominação de origem, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O “Ostras de Floripa” vai ser uma marca registrada no mercado no mundo inteiro.

Imagem da Ilha: Em relação à segurança, temos alguma novidade?

Sec. Juliano: Tem e é uma realidade que não é só daqui. É do mundo inteiro, as questões das câmeras e reconhecimento facial. Acho que isso é algo que não tem volta, essas questões de segurança. Inclusive, estamos com algo que a gente chama de MVP, "o Mínimo Produto Viável", para rodar em alguns lugares aqui em Floripa para começar a fazer cercos mesmo, principalmente dos "moradores de rua" que não são moradores de rua, e sim arruaceiros que estão ali, estão em outro nível. Alcançamos, inclusive, aqueles com mandados de prisão expedidos que a gente, de alguma forma, não consegue pegar. A ideia é fazer cercos digitais para ajudar nesse mapeamento, nessa fiscalização. Mas eu acho que, de tudo assim, eu acho que esse é o caminho que não tem mais volta. É passar uma sensação de segurança para as pessoas poderem voltar às ruas. A gente já percebe que em alguns lugares da cidade, principalmente os idosos, já estão evitando ir porque têm medo, têm receio. E é isso, não é só em Florianópolis. Eu acho que é sempre muito importante lembrar. Eu tive a oportunidade de morar no Canadá, em Toronto, e tenho amigos que moram lá até hoje, e eu pergunto para eles: "Como está em Toronto?" Eles dizem: “Juliano, está horrível, a cidade que a gente viveu naquela época não existe mais”. E isso é o mundo inteiro, né? Não é só aqui, então as pessoas às vezes ficam pensando assim “Ah, porque Florianópolis…”, mas nenhum lugar é mais o mesmo. Mas é uma coisa que a gente precisa saber lidar, o prefeito Topázio tem tentado de todas as formas mitigar esses riscos, mas é uma coisa muito complicada.

 

Imagem da Ilha: O Parque Urbano Marina Beira Mar era a menina dos olhos do prefeito Gean. O prefeito Topázio incorporou a ideia, gostou muito, as licenças foram dadas, está caminhando, mas tem um “senão”, do Ministério Público Federal. O fato de não ter buscado o licenciamento no IBAMA foi uma estratégia?

Projeto do Parque Urbano Marina Beiramar em uma visão áerea na maquete eletrônica

Sec. Juliano: Não, muito pelo contrário. Temos que voltar lá em 2016, quando a secretária de Turismo era a dona Zena Becker. Ela teve uma preocupação que hoje a gente dá muito valor... Ela buscou todos os órgãos federais e pacificou a proposta na época, inclusive com o IBAMA e com o CNBio, que a matéria não se tratava de eixo federal e sim de estadual. Então, isso já está pacificado com o IBAMA, com o ICMBio e com os órgãos estaduais. Esse movimento feito pelo Ministério Público, que eu respeito, a gente tem que respeitar e dar todas as respostas possíveis, mas em nenhum momento temos qualquer tipo de pergunta que não tenha uma resposta simples e eficiente para dar naquele processo. Então, estamos muito tranquilos com relação a isso. Não foi uma questão de que a gente escolheu o IMA ou não, o próprio Ibama por não se tratar de áreas próximas a unidades de conservação, não lidar com pactos federais e entre outros quesitos ali do checklist que daria alguma possibilidade com o IBAMA… Isso não faz parte do processo e nós trouxemos para um órgão extremamente competente, o Instituto do Meio Ambiente do Estado, para que eles pudessem dar todo o licenciamento. Hoje nós temos a LAP, que é o Licenciamento Ambiental Prévio, que, em tese, é a licença mais difícil de se conseguir. E com a LAP emitida, nós começamos a trabalhar nos projetos arquitetônicos, todos os projetos que você pode imaginar, o projeto de aterro, o projeto de dragagem, o projeto hidrossanitário, o projeto de macrodrenagem, o projeto de elétrico, o projeto de água, de esgoto… Então, é um conjunto de projetos muito complexo, a gente está falando de uma área de mais de 400 mil metros quadrados. As pessoas às vezes perdem um pouquinho essa percepção e acham que é construir um edifício e não é isso, né? Estamos falando de muitas coisas ali, mas a gente está muito tranquilo na resposta ao Ministério Público. Eu inclusive fiz uma ligação na quarta-feira passada para a superintendente do IBAMA aqui em Santa Catarina e ela demonstrou até uma certa surpresa, dizendo “olha Juliano, a gente não está sabendo de nada, e nossa resposta vai ser a mesma de 2016, a matéria é estadual não tem nada a ver com a gente aquela região”.

 

Imagem da Ilha: O maior questionamento disso é em função de ser uma área de mar. Não seria uma área federal a licenciar?

A grandiosidade  do Parque Urbano Marina Beiramar, em uma visão de "dentro" do mar, na maquete eletrônica

Sec. Juliano: É, seria muito mais a Superintendência Patrimônio da União (SPU) a nossa preocupação. E eu posso te afirmar o seguinte, se você for lá na SPU hoje e perguntar qual foi o projeto no estado de Santa Catarina que teve a maior preocupação com licenciamento, ele vai dizer que foi o Parque Marina. A gente seguiu rigorosamente todos os ritos dentro da SPU, e também nós não temos nenhum outro problema, SPU, Iphan, Tribunal de Contas, o próprio IMA, Capitania dos Portos… Todos foram devidamente acessados, a todos foi enviada a documentação sugerida. A empresa ganhadora da licitação inclusive contratou uma pessoa da própria Marinha para poder auxiliar nesse processo, então assim, temos zero preocupação com relação às demandas que vieram do Ministério Público nesse momento. Respeitando o Ministério Público como sempre, mas precisamos defender o projeto. E estamos muito tranquilos com relação a isso.

Imagem da Ilha: O que vou perguntar agora, comentei com o prefeito em entrevista logo que ele assumiu, em 2022, e envolve tecnologia. É um detalhe em relação à cidade: buracos na rua e a demora em tapá-lo. A Casan tem um aplicativo de denúncia de vazamento de água, a Celesc tem um aplicativo para falta de luz... É possível fazer um aplicativo de localização de buracos?

Sec. Juliano: Duas considerações importantes da vivência que tive nesse últimos sete anos e meio. Primeiro, num dia como hoje chuvoso, quando parar a chuva, já vamos perceber que criaram outros buracos. Então, isso é a rotina da cidade. Segundo, há muitas pessoas que vêm nos visitar, eu também recebo muita gente de fora, e a primeira coisa que falam é “como a cidade de vocês é bem cuidada”. Às vezes a gente também perde um pouco desse comparativo. Ocasionalmente vamos para outras cidades e vemos como a nossa cidade está muito bem cuidada. Então, essa foi uma preocupação que o Gean sempre teve e o Topázio aumentou isso em 10 vezes. Ele sempre tem muita preocupação com isso. Falando em termos de inovação, uma curiosidade. Eu estive com o Topázio em São Paulo há 15 dias, fomos receber o prêmio de “Cidade Empreendedora” e tivemos a oportunidade de conhecer o secretário municipal de Zeladoria de São Paulo. Eu já o conhecia, já estive na secretaria conversando com ele. Enfim, ele está para vir até Florianópolis para conversarmos e vermos como podemos fazer um convênio com eles. 

Em São Paulo, eles conseguiram desenvolver um equipamento para leitura de buracos e o colocaram nos carros da Uber. Então, o próprio carro da Uber, como ele está constantemente rodando na cidade, já faz a leitura e a filmagem dos buracos. Eles chegaram a um ponto em que o Uber passa, faz o registro. Depois, a secretaria despacha um motoboy para validar aquela informação. Quando o motoboy passa e valida a informação, aquela informação já vai para o banco de dados e gera um processo licitatório automático. Então, já sabemos para onde queremos ir, agora, a gente precisa colocar o plano em ação. Estamos em contato com o Alexandre Modonezi, que é o secretário de lá, e a ideia é que a gente faça um convênio para poder usar a mesma tecnologia aqui. Trata-se de um dispositivo que se coloca embaixo do veículo do motorista de aplicativo, o município paga um valor irrisório para a Uber para poder fazer essa checagem. Isso é uma inovação que vamos trazer, em breve, para Floripa. E ainda temos muitas coisas para melhorar.

Entrevista por Hermann Byron Neto

Decupagem e Edição: Carolina Beux

Edição final: Urbano Salles

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Sobre o autor

Hermann Byron

Diretor geral do Imagem da Ilha, e um dos colunista de gastronomia do jornal.


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