Inovações e desafios da gestão Topázio Neto - Parte I
O Prefeito de Florianópolis fala sobre suas felicidades, reveillón, verão e a modernização da cidade com foco em qualidade de vida
Imagem da Ilha: Dois mandatos em dois anos: esse foi o retrato da sua gestão em 2023/2024. A obra na Rua Dep. Edú Vieira, que estava parado há dois anos; a criação do Binário do Pantanal, do Binário da Lagoa; a aprovação do Plano, a Ponte da Lagoa (a ser entregue); e a drenagem dos canais do norte da Ilha e do Rio Tavares (para reduzir inundações) — parece que funcionou, já que não se ouviu mais falar do problema. Esses são apenas alguns exemplos. Ou seja, o senhor imprimiu um ritmo frenético à PMF. Qual é o seu conjunto de felicidades nesses dois anos? E qual o seu conjunto de infelicidades ou tristezas nesse período?
Topázio Neto: Na região da Trindade, ainda há a famosa rota do Córrego Grande, que estava emperrada há anos devido a um problema de desapropriação. O que conseguimos fazer nesse período foi focar muito nas questões que eram essenciais para a cidade, mas que se arrastavam há tanto tempo. Talvez por falta de interesse, foco ou disposição para resolver. Eu acho que o grande feito foi dar prioridade ao que era realmente necessário e envolver muito a população de cada área.
Obras importantes, como a do Rio Tavares, que poderia ter sido um impasse jurídico, foram superadas. Se houver obstáculos judiciais, resolvemos no judicial; se for algo interno, resolvemos na hora. O importante é não parar. Isso tem sido muito positivo, e se você olhar, temos obras concluídas em toda a cidade.
Além disso, temos o novo Multi Hospital (obra realizada no antigo aeroporto) que gerou muita discussão. Alguns achavam que não deveria fazer uma obra pública desse porte, mas não podemos ficar parados enquanto as pessoas morrem na fila. Fomos atrás e fizemos um acordo com o aeroporto, que tinha um espaço disponível para a estrutura. Hoje, mais de 30% das nossas UPAs funcionam com mais eficiência que a rede privada, com menor tempo de espera. Isso é um reflexo do nosso trabalho.
Temos uma demanda grande na cidade, mas o que me entristece é não conseguir dar celeridade a tudo o que precisa ser feito. Durante meu tempo como prefeito, temos enfrentado muita chuva, o que gera problemas como buracos, mato alto e questões de asfalto. No entanto, vamos fechar o ano com um indicador absolutamente positivo. O site Booking.com fez um levantamento das 10 cidades mais procuradas no mundo, e Florianópolis está em 4º lugar. Isso não acontece por acaso, é fruto de um trabalho bem feito, de boa divulgação e de bons indicadores. Somos a capital mais segura do Brasil. A PM e a Polícia Civil são fundamentais, mas nossa Guarda Municipal também tem um papel importante. A iluminação pública está sendo totalmente trocada por LEDs, o que não é visível para a população, mas mais de 75% da cidade já tem LED, e até agosto do ano que vem, 100% estará pronto. A cidade também tem a única estrutura pública de saúde com telemedicina gratuita pelo SUS, e agora, também em espanhol e inglês para atender os turistas. Com todos esses passos, estamos construindo a reputação da cidade, e o resultado já está aparecendo.
Imagem da Ilha: No réveillon de 2023, em seu 1º ano como prefeito, a virada sem o barulho de fogos trouxe um certo desconforto para alguns e conforto para outros, como no caso dos animais e as pessoas autistas. Como será o Réveillon e a queima de fogos no município este ano?
Topázio Neto: Em 2023, o que fizemos foi inovar ao substituir os fogos de artifício por uma chuva de drones. Talvez tenhamos sido um pouco à frente do nosso tempo. No entanto, sabemos que os drones ainda não são capazes de substituir completamente os fogos em um evento como o Réveillon. As pessoas ficam muito emocionadas com os fogos, e as luzes deles remetem a uma sensação única. O drone é interessante, mas não no Réveillon.
Por isso este ano demos um passo atrás, mas também resolvemos considerar as necessidades das crianças autistas. Levamos as associações para ver shows e fogos, e, com o tempo, chegamos à conclusão (junto com as associações) de que proibir os fogos para proteger as crianças autistas as excluiria da vida social. Não podemos proibir fogos em todo o mundo. O melhor é que as crianças se acostumem a usar abafadores. Dessa forma, trabalhamos o respeito aos autistas, incluindo no transporte público e na escola. Ninguém deve ser excluído por causa do barulho dos fogos.
Então este ano, criamos uma área VIP na Beira-Mar para as crianças autistas. Qualquer pessoa que chegar terá acesso ao cordão e ao abafador, que serão doados pela empresa responsável pelos fogos. Estamos preparando para receber entre 200 e 250 crianças autistas, com mais cadeiras disponíveis, caso o número aumente. Além disso, deslocamos os fogos 50 metros mais para dentro do mar, utilizando fogos cênicos, cujo som é mais baixo.
Os fogos voltarão, mas de maneira especial. Serão 15 minutos de espetáculo, sendo 12 minutos na Beira-Mar e 5 minutos na Ponte. Originalmente seriam 17 minutos, mas incluímos dois minutos de sobreposição, algo inédito. E ontem fechamos um show de luzes sincronizado com a queima de fogos na Ponte, com uma contagem regressiva em telão de um prédio. Será um espetáculo muito legal.
Imagem da Ilha: O verão chega com quiosques licitados e o prato manezinho. A partir de quando será implementada essa opção de comida de baixo custo?
Topázio Neto: O prato manezinho já foi implantado para os quiosques (conteiners). Criamos a ideia desses containers há 4 ou 5 anos, e na licitação deste ano para exploração de Dezembro a Abril, fizemos na modalidade de leilão, então os preços dos quiosques variaram de 20 mil a 200 mil acordo com a praia. Essa receita iremos reinvestí-la em melhorias na educação, saúde etc... Mas para não pesar no bolso, a prefeitura cobrou uma entrada de 5 mil reais para todos e o restante um mês após o inicio da utilização do espaço. Também estabelecemos que os quiosques ofereçam o prato manezinho. A experiência nos restaurantes da Fenaostra, onde o prato foi oferecido, foi excelente. O prato de R$ 35 oferece uma refeição substancial, e foi o mais pedido pela população. A aceitação foi muito boa, e acredito que o mesmo acontecerá nos quiosques, mas acredito que também também será oferecido nos restaurantes tradicionais da praia. A concorrência será em torno do tipo de prato oferecido.
Imagem da Ilha: Em um evento recente, o senhor comentou sobre o turismo como foco de receita. Como implementar esse conceito?
Topázio Neto: Florianópolis tem atraído cada vez mais um turismo de alto nível. A cidade viveu alguns marcos importantes que ajudaram a moldar seu perfil, como a criação da Universidade Federal nos anos 60 e a chegada da Eletrosul, que impulsionou a região da Trindade. Nos anos 90, a ascensão do Guga levou Floripa a uma visibilidade internacional sem precedentes. E a partir de 2019, o novo aeroporto colocou a cidade no centro das conexões internacionais. Hoje, o aeroporto recebe quase 5 milhões de passageiros por ano, sendo o terceiro maior do Brasil em termos de turistas internacionais, com grande potencial de crescimento.
Esse aumento no número de turistas tem elevado a qualificação do turismo local. Atraímos visitantes com maior poder aquisitivo, o que exige uma infraestrutura adequada para recebê-los — mais hoteis, restaurantes de qualidade e serviços especializados. Isso gera mais receita para a cidade, consequentemente mais empregos, maior arrecadação e uma capacidade maior de investimentos por parte da Prefeitura.
Atualmente, o turismo, juntamente com o setor de tecnologia, são os dois maiores responsáveis pela arrecadação da cidade, seguido de perto pelo setor da saúde. Florianópolis passou por um período sem hospitais de grande porte, mas está se consolidando como um polo de saúde, especialmente em áreas como cirurgias plásticas, bariátricas e implantes, nas quais já somos reconhecidos nacionalmente. As pessoas vêm para Floripa não apenas por sua qualidade de vida, mas também para realizar tratamentos médicos. Elas fazem a cirurgia, se recuperam em bons hoteis, e geram mais renda para a cidade.
Com o crescimento do turismo, é necessário preparar a cidade para sustentar essa demanda. Nos próximos quatro anos, quero apoiar os empresários locais na capacitação de novos profissionais para atender a essa expansão, assim como fizemos na área de TI com o programa Floripa Mais Tec, que já formou centenas de novos desenvolvedores. O mesmo será feito para os setores ligados ao turismo, como restaurantes e serviços, garantindo mão de obra qualificada e o fortalecimento do setor.
*Fique atento para o complemento da entrevista com o prefeito Topázio Neto, que será divulgado no início de janeiro*.
Participaram da entrevista Hermann Byron e Carolina Beux
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