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Raul Sartori traz: Amamentação, Maria da Penha, Bandeira de campanha e mais

Uma em cada seis mulheres recebeu 'atenção sexual indesejada' enquanto amamentava em público, revela nova pesquisa feita na Inglaterra (Foto: Reprodução)

Publicado em 12/08/2020

Amamentação

Uma em cada seis mulheres recebeu "atenção sexual indesejada" enquanto amamentava em público, revela nova pesquisa feita na Inglaterra. Mais de um quarto delas (27%) tiveram que ouvir que deveriam "alimentar seu bebê em outro lugar". Nisso SC está lá na frente: há aqui uma lei estadual do ano passado que dá o direito a qualquer mãe de amamentar em qualquer recinto coletivo de acesso público. Até então não havia legislação, como se precisasse de alguma para a mulher decidir sua própria vontade e atender uma necessidade biológica elementar.  

Maria da Penha

Essa pandemia não está sendo fácil para as mulheres em SC. Registros oficiais do Tribunal de Justiça do Estado apontam a ocorrência de 2.736 casos de violência contra elas entre março e maio, uma média de 30 por dia. Sete foram mortas (feminicídios) e outras 22 sofreram tentativas.

Maria da Penha 1

Louve-se ações públicas para minorar esse flagelo. A mais recente foi um projeto de lei aprovado há dias na Assembleia Legislativa, ainda não sancionado pelo governador Carlos Moisés, que dispõe sobre a comunicação do crime nas farmácias e drogarias durante o período de calamidade pública por causa da covid-19. A iniciativa permite que mulheres denunciem a agressão diretamente nesses estabelecimentos.

Barulho e silêncio

Ouve-se protestos com o aumento de 44,44% na tarifa de pedágio da BR-101 no trecho norte de SC, de R$ 2,70 para R$ 3,90. Mas quase nada se ouviu quanto aos sucessivos aumentos de tarifa na BR-116, entre Lages e Correia Pinto, que começou em R$ 2,10 e está no momento em R$ 6,30. E implantado depois da BR-101.

Estupro 

No que pode ser avanço extraordinário no assunto, inclusive no Brasil, está apto para votação em plenário, na Assembleia Legislativa, projeto de lei que visa instituir em SC um programa de atenção específico para as vítimas de estupro. Se passar, será implantado nas delegacias de polícia e no Instituto Médico Legal do IGP.

Despropósito

Advogados, um desembargador aposentado, profissionais liberais e empresários, totalizando 16 pessoas, apresentaram na Assembleia Legislativa mais um (o sétimo) pedido de impeachment do governador Carlos Moisés e da vice Daniela Reinehr. Com todo respeito às muitas razões que eles têm, tal iniciativa, num momento tão cruel para todos como o atual,  é um despropósito. A uns isso parece a velha política inconformada contra alguém que ousou enfrentá-la. Mas essa é outra discussão.  

Maus tratos

O Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC tem campanha permanente para que se denuncie cirurgias estéticas em animais, como corte de cauda (caudectomia), orelhas (conchectomia) e eliminação das cordas vocais (cordectomia) em cães. Também não permite a retirada das garras em felinos (onicectomia). Isso é crime ambiental, passível de processo civil e criminal. Mas tem médicos veterinários que fazem isso.

Rezar

Nessa de querer se sobrepor a atos superiores, gerou-se muita confusão. Em alguns municípios de SC, os prefeitos, por decreto, determinaram o fechamento de templos religiosos, ignorando a lei estadual 17.940, que considera a atividade religiosa essencial, aprovada recentemente durante a pandemia, pela Assembleia Legislativa.

O que ler e ver?

Um antigo leitor, que não é bolsonarista, nem de esquerda e nem petista, fez a pergunta perturbadora: em quem realmente confiar  na grande mídia nacional, tipo Folha de S. Paulo, O Globo, Estadão e Rede Globo? É difícil responder, mas há um fato a considerar: na medida em que eles centram canhões diários contra o governo, reconhecendo raríssimos méritos, esquecem que diariamente perdem leitores e telespectadores que não são de direita, centro ou esquerda. Só querem um jornalismo isento e um Brasil melhor. É esse público, de dezenas de milhões, que tais veículos estão menosprezando.

Cinzas

Um negócio próspero na região metropolitana de Florianópolis não é a construção de novos cemitérios, cujas implicações ambientais só Freud pode explicar, mas sim de crematórios para humanos e animais. O problema é a legislação, que as câmaras de vereadores, como a de São José, tentam resolver há tempos e não conseguem. É que nessa discussão há muitos querendo vender dificuldades para obter facilidades.

Bandeira de campanha

Alguns candidatos a prefeito nas principais cidades de SC já estão levantando as bandeiras que irão defender na campanha eleitoral. E uma das que está se sobressaindo é pela extinção das guardas municipais que, salvo exceções, consomem um rio de dinheiro das prefeituras e com resultados cada vez mais questionáveis.

Abandono

A grande maioria dos prefeitos, a quase totalidade bem dizer, não se deu conta de um ato humanitário que seria importante para mitigar um pouco o inegável sofrimento de muita gente: emitir nota pública se solidarizando com os parentes das pessoas que morreram de covid-19. Vão esperar até a pandemia acabar?

Nada

Quem ainda acredita no novo prazo (2023) para conclusão do Contorno de Florianópolis, numa extensão de 50 quilômetros? Poucos, certamente. É que 15 deles estão intocáveis, isto é, zero em obras, e com desapropriações ainda pendentes. Exigir que as que ainda estão por fazer, que deveriam ser entregues em 2012,  sejam agora bancadas pelo escorchante reajuste de 44,44% na tarifa de pedágio (de R$ 2,70 para R$ 3,90 no trecho norte da BR-101) é um roubo.

A mesa

Colunistas políticos imaginam as caras das autoridades à mesa na solenidade de posse, dia 27, dos ministros Humberto Martins e do catarinense Jorge Mussi, como presidente e vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça. Lado a lado, estarão Bolsonaro, Toffoli, Aras, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e o belicista Felipe Santa Cruz, da OAB.

Marca trágica

O Brasil atingiu a trágica conta de 100 mil mortos pela covid-19. Uma marca que carrega junto outros males nossos: um poder público ineficiente, incompetente e omisso, sempre com um toque de cinismo político a oferecer. No futuro, nossos livros de história hão de dizer quem e quais foram as expressões máximas dessa tragédia.

Cinema 

 

Zé Dassilva, roteirista da TV Globo desde 2000, chargista, escritor e jornalista, que se confessa um desconfiado desde que nasceu, em Criciúma, colhe os frutos de seu talento. Roteiro que escreveu sobre a memorável passagem do cineasta Orson Wells pelo Brasil, em 1942, está entre os finalistas do concurso norte-americano que há 20 anos revela roteiristas para Hollywood, o Write Movies.

 

Qualificação


A pandemia serviu e continua servindo para milhares buscarem a qualificação profissional online. O Senai de SC (e por extensão de todo país, que bateu um milhão de matriculas realizadas nos últimos cinco meses) que o diga. No topo da lista de preferências está o curso de segurança do trabalho, com 120.487mil matriculas, seguido pelo de finanças pessoais, com 96.374, e depois tecnologia da informação e comunicação, com 84.843.

 

Intimidade violada

 
Mais uma curiosa decisão do Tribunal Regional do Trabalho de SC, que condenou uma prestadora de serviços de segurança a pagar R$ 7 mil a um agente penitenciário de presídio de Blumenau. Ele trabalhava numa das torres de segurança, em ambiente de 9 m2, com mesa para refeições e vaso sanitário. Como a área do banheiro não possuía nenhuma divisória e a torre é monitorada por uma câmera de segurança externa, o trabalhador alegou violação de sua intimidade.

 

Complexidade

 
Há um clamor geral por mais leitos de UTI nos hospitais de SC para atender à demanda da pandemia, mas poucos têm consciência de sua complexidade. Para começar, para cada leito com aquela qualificação são necessários até 11 profissionais.

Sinistras sirenes

Nunca, em tempo algum, ouve-se tantas sirenes de ambulâncias pelas ruas, desde as grandes até as cidades mais pequenas. À sua passagem, quem vê e ouve o alarido fica se perguntando quem estariam transportando, para onde e em que estado de saúde. Com tantas mortes por covid-19, a imaginação de cada um vai criando cenários, de princípio tristes e angustiantes, mas sempre com um final esperançoso. Ainda bem.

Recuperação

Conta do Sindicato dos Fiscais da Fazenda de SC: depois de quatro meses de tombos monumentais, a receita de tributos em julho chegou a R$ 2,336 bilhões, surpreendentes 8% a mais na comparação com o mesmo mês de 2019. Quem mais pagou ICMS foram os setores de redes de varejo (70,4%) e material de construção (50,4%), compensando as operações com veículos (-33,5%) e energia elétrica (-14,8%). Também ajudou no incremento da conta a ação do Sindifisco: só uma operação fiscal sobre 20 contribuintes botou R$ 16,9 milhões nas burras do governo estadual.

Pressão

A decisão do Tribunal de Justiça que obriga o Governo do Estado a alterar os instrumentos que compõem o programa de descentralização e regionalização das ações de combate à covid-19 e definir de forma expressa as medidas que devem ser tomadas pelos municípios (a maioria, que inicialmente queria mais autonomia para fazer o que queria, se revelou incompetente para lidar com o problema, e isso poucos ousam dizer), tem um respaldo poderoso. Entre outros assinam a ação civil que embasou a decisão o procurador-geral de Justiça, Fernando da Silva Comin e 64 promotores de Justiça que atuam na área da saúde em todas as regiões do Estado.

Quem é?

O Judiciário estadual noticiou que “um município do sul do Estado terá de assumir a administração dos cemitérios localizados em sua área territorial e promover adequações necessárias, sob pena de vê-los todos interditados e não ter mais onde sepultar seus mortos”. Faltou dizer o principal: que município? Precisava omiti-lo? Perdeu a boa informação.

Fantasma

O deputado estadual Coronel Mocellin (PSL) tem a impressão de que o processo de impeachment tem como alvo um fantasma, e não o governador. Leu todas as 32 páginas do acórdão do Tribunal de Contas do Estado e nele não é citado que houve qualquer crime de responsabilidade e nem o nome de Carlos Moisés. Na oposição vê-se a manifestação do deputado como uma ação do governo para passar a imagem de que o processo é político. As dúvidas quanto a isso são inúmeras.

Renegociação

O senador Jorginho Mello (PL-SC) está em altíssima cotação no Palácio do Planalto. O presidente Jair Bolsonaro quis tê-lo a seu lado, em assinatura, transmitida em rede social, de projeto em que ele foi relator que permite a micro e pequenos empresários enquadrados no Simples Nacional a renegociarem tributos com a União.

Favor ou contra

Prestaria um serviço de extrema utilidade o instituto de opinião pública independente que se dispusesse a saber do cidadão catarinense se ele é a favor ou contra, neste momento de angustia e aflição coletiva, ao impeachment do governador Carlos Moisés, sejam quais forem as razões para isso. Daria uma base para os deputados estaduais fazerem um julgamento mais justo.

Arquibancada

Quem acompanha o que se faz, desfaz e se deixa de fazer na Câmara dos Deputados percebe um fato: os deputados do chamado baixo clero (e desse grupo faz parte a maioria dos 16 catarinenses) só assiste às “negociações” de alguns caciques, como o escorregadio presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que só pensa na sua reeleição e mais nada.

Revelações

As sessões pela internet de julgamentos, expondo tudo, publicamente, têm revelado uma face baixaria da nossa Justiça. Nos dois episódios mais recentes se destacaram o de um desembargador do Amapá que posou diante da câmera como se tivesse saído da piscina ou chuveiro; no outro, um magistrado do TRT de SC viu uma “carinha de puta” numa colega.

 


Sobre o autor

Raul Sartori

Jornalista e colunista de política do Imagem da Ilha


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