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Psicologia positiva: como lidar de forma saudável com este momento

Foto: Reprodução

Publicado em 20/08/2020

Países europeus, como os localizados na região dos Balcãs, acreditavam que haviam banido o novo coronavírus até que uma segunda onda parece ter assolado estes locais com o aumento de casos positivos da doença. Foi o caso de Montenegro, que se autoproclamava o primeiro país a ter banido a covid-19, em maio, e cogitava até mesmo reabrir o turismo. Contudo, em meio à comemoração, alguns montenegrenses foram a Belgrado assistir à partida de futebol entre o Partizan e o Estrela Vermelha e na volta para casa constataram ter contraído a doença.

O mesmo vem ocorrendo em algumas partes do Brasil, como cidades do Paraná, Bahia, Santa Catarina, entre outras, que por terem registrado estabilização no número de casos resolveram flexibilizar o distanciamento e tiveram de voltar atrás, após o aumento no número de óbitos.

Este “desafrouxamento” de certa forma acaba por trazer outro tipo de emoção à tona na população. Se, no início, quando a pandemia foi declarada pela Organização Mundial de Saúde, o medo e a ansiedade foram os sentimentos predominantes, este voltar atrás no processo de reabertura pode causas frustração.

“A frustração é um sentimento de negatividade, afinal é gerado por alguma negativa aplicada em qualquer âmbito da vida e comumente se expressa por meio da agressividade. Tanto é que até os anos 60 a grande maioria dos estudos sobre a frustração investigava sua relação com a resposta de agressão”, diz Flora Victória, mestre em psicologia positiva aplicada pela Universidade da Pensilvânia.    

Ela afirma que hoje se entende que há caminhos para lidar com a frustração por meio de mecanismos que levem a superação desta, seja no trabalho, seja no âmbito da saúde, ou em outro que campo que afete profundamente a vida desta pessoa.

Para Flora entender que existe um fator externo, fora do controle de todos, afinal ainda não há cura para a covid-19, pode ajudar todos a buscar respostas positivas para este momento. Ou seja, por ser uma situação que afeta a coletividade e não apenas o indivíduo, a reação de agressividade tende a ser menor. “A tendência, mesmo que haja uma segunda onda, é que as pessoas reajam criando laços de cooperação mútua”, pontua a especialista em psicologia positiva.

Mas, ela destaca que, embora para alguns isso pareça natural, outros devem buscar ativar as virtudes e forças individuais, consideradas fundamentais para conquistar a felicidade segundo Martin Seligman, psicólogo americano e pai da psicologia positiva.

Uma dessas forças de caráter é a gratidão, que sob o ponto de ponto de vista científico é caracterizada como uma resposta psicológica positiva (de agradecimento ou alegria) a algo bom que foi recebido. Ou seja, é a resposta antagônica a este sentimento de frustração. “Claro que estamos nos referindo àqueles que tiveram seu cotidiano  afetada durante a pandemia, mas que não tiveram nenhuma perda de um ente querido. Nestes casos, experenciar o processo de luto em sua totalidade é fundamental”, pontua Flora.

Sobre a gratidão ela acrescenta que não deve estar atrelada apenas a algo extraordinário que possa acontecer na experiência individual de cada um. Pelo contrário, pessoas gratas encontram a emoção positiva no seu dia a dia. Não se trata de atingir metas altas, ganhar muito dinheiro, ou viver qualquer transformação avassaladora, trata-se de tratar o cada pequeno gesto alheio, cada momento de paz e alegria como um presente a ser comemorado. “A superação da agressividade da frustração é superada porque o indivíduo enxerga a vida pelo prisma do agradecimento”, explica Flora.

Ela ainda comenta que emoções positivas podem até mesmo melhorar as defesas do organismo: “pessoas gratas praticam 33% mais exercícios semanais que os outros e dormem meia hora a mais por noite. Esses fatores trazem benefícios diretos para o sistema imunológico”.   

Da redação