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Florianópolis se tornará a capital do choro entre os dias 8 e 14 de setembro, quando recebe o 2º Festival Choro Mulheril – Encontro das Mulheres no Choro, evento que já se consolida como um dos mais importantes do gênero no Brasil. Totalmente gratuito, o festival reúne grandes instrumentistas de diferentes estados brasileiros – São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – em um encontro inédito de formação, celebração e reflexão.

Léa Freire e os grandes destaques da programação

A programação destaca artistas e grupos que vêm transformando o cenário da música instrumental no país. Entre elas, Léa Freire, flautista, compositora e arranjadora paulista considerada uma das maiores referências da música instrumental brasileira. Além de participar de oficinas e rodas de choro, Léa será tema do documentário A Música Natureza de Léa Freire que, inédito em Florianópolis, será exibido no festival seguido de bate-papo com a própria artista e o diretor Lucas Weglinski. Sua presença marca um dos pontos altos do evento, pelo impacto de sua trajetória em um universo ainda marcado pelo machismo.

Cartaz do filme “A Música Natureza de Léa Freire”, inédito nos cinemas de Florianópolis, será exibido no CIC, durante o 2º Festival Choro Mulheril.

Outro destaque é o grupo Chora Mulheres na Roda (RJ), projeto premiado que promove a representatividade negra e feminina no choro, trazendo repertórios autorais e releituras de compositoras históricas como Chiquinha Gonzaga e contemporâneas como Nilze Carvalho. O intercâmbio musical segue com as Brejeiras (PR), coletivo que revisita clássicos da música brasileira com olhar feminino, unindo samba, baião e MPB em arranjos vocais expressivos.

O festival também recebe a saxofonista Daniela Spielmann e a pianista Sheila Zagury (RJ), que apresentam o show Entre Mil… Você!, aproximando o choro da música de câmara e do jazz contemporâneo.

Debates, cinema e patrimônio cultural

Entre os debates, um dos pontos mais esperados é a exibição do filme Chiquinha Gonzaga: Música Substantivo Feminino, seguida do painel “Gênero e Racialidade no Choro”, com as pesquisadoras Carolina Alves (RJ), Lia Vainer Schucman (SC) e Mayara Araújo (SC), que aprofundam reflexões sobre memória, racismo e desigualdade de gênero na música brasileira.

A programação inclui ainda a palestra “Choro Patrimônio Nacional”, conduzida pela pesquisadora Camila Barros (SC), que apresentará a recém-criada Base de Dados do Choro, importante ação de salvaguarda do gênero reconhecido como patrimônio cultural em 2024.

O festival tem como marca a valorização do trabalho das próprias idealizadoras da Roda de Choro Mulheril, coletivo nascido em Florianópolis. No palco, o Trio Mulheril – formado por Angela Coltri (SC), Natália Livramento (SC) e Thayan Martins (RS) – se apresenta ao lado da pianista e multiartista cubana-brasileira Claudia Rivera, em um espetáculo que mistura delicadeza, improviso e força criativa feminina.

Mais do que reunir grandes nomes, o 2º Festival Choro Mulheril promove intercâmbio entre gerações e regiões do Brasil, oferecendo encontros musicais que unem tradição e inovação, reafirmando o choro como patrimônio vivo e plural.

Oficinas e formação

As oficinas do festival são também gratuitas, mas destinadas a alunos previamente inscritos e selecionados pela organização, com critérios de conhecimento técnico e vulnerabilidade social. Ministradas por grandes professoras do coletivo Choro Mulheril e convidadas de destaque nacional, as atividades reforçam o compromisso do festival com a formação e a democratização do acesso ao choro.

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Da redação

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