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A visão de mundo do cartunista Jorge Meijide

A visão de mundo do cartunista Jorge Meijide

Humorista, cartunista, roteirista e artista plástico, Meijide já foi médico-pediatra (Fotos: acervo pessoal) **Clique para ampliar

Publicado em 29/08/2023

Nosso personagem da semana é o cartunista argentino Jorge Meijide. Em meados de agosto, ele esteve aqui em Florianópolis a caminho de Joinville, onde faria uma exposição de litografias e serigrafia no Instituto Juarez Machado. Na Capital, conversou conosco no Café Del Mar.

Humorista, cartunista, roteirista e artista plástico, Meijide já foi até pediatra. Formou-se nas oficinas da Associação de Estímulo de Belas Artes, participou de exposições individuais e coletivas no seu país e no exterior. Seus primeiros desenhos foram publicados no suplemento Clave de Ja, da revista Siete Días; também trabalhou para as revistas Trampolín, Tía Vicenta, Eroticón, El Péndulo, Rock Superstar, El Gráfico, Mente Ágil, Billiken, Uno Mismo, Palante (Cuba), Cronopios (Espanha) e para os jornais La Voz, Tiempo Argentino, o suplemento do jornal infantil de La Nación e La República (Uruguai). Ele teve também sua própria publicação de humor, a revista Clínica do Dr. Cureta, onde mostra todo seu potencial crítico com o humor médico.

Os desenhos sempre acompanharam Jorge Meijide "desde pequeno, sempre vi que o desenho me encantava". Na época, ele desenhava temas nacionais da Argentina. Enxergava o desenho como um hobbie, enquanto escolheu a medicina por uma questão humanista, pois queria ajudar outras pessoas. "Na medicina trabalhei em locais carentes, onde as pessoas não podiam pagar um médico. Após 14 anos de exercício da atividade, vi que a arte, o desenho, as caricaturas, eram mais importantes na minha vida".

No Café Del Mar, Jorge Meijide (sentado) com os amigos Fábio Crisanti e Guillermo Torres

Expressão da figura humana

Ele sempre considerou que o desenho poderia expressar sua visão do mundo. “Eu sempre gostei da figura humana como modelo. Gosto de expressar o tema do homem: a solidão, o sofrimento, a opressão. Mas também a felicidade e o amor. Ultimamente tenho feito desenhos que personalizam as grandes cidades”, conta.

'Onde está Francisco" Tinta, acrílico e café sobre papel Formato 0,70 x 1m. Ano 2015

“Todo mundo quer andar como Panero”: acrílico sobre madeira formato 0,60x0,60m Ano 2014

Nos desenhos, Jorge Meijide aborda também o humor. "O humor gráfico, uma charge, poder fazer uma denuncia! O desenho pode mostrar também os períodos políticos, como a ditadura argentina. Ele mostra o que passamos no momento, a dor das pessoas, a censura. Depois, no período democrático, consegui fazer coisas mais leves, mais alegres". Em relação à medicina, em alguns desenhos Meijidi levanta uma crítica à falta de medicamentos em hospitais, à manipulação dos médicos pelos laboratórios. Segundo ele, o humor pode denunciar mais especificamente os fatos.

Um dos desenhos mais emblemáticos é o "A Vida", que ganhou um prêmio em Buenos Aires, e mostra uma mão agarrando a cabeça de uma pessoa, com o significado de controlar os seus pensamentos.

"A vida": Bolígrafo sobre papel formato 0,40 x 0,30 m ano (Menção Desenho Salão Manuel Belgrano 1979)

Mas Jorge Meijidi também é alegre. Para isso, sua inspiração vem das crianças, já que foi médico pediatra por 14 anos. Foi dele a ideia de fundar um Museu de Jogos Manuais, na capital argentina, para que sejam lembradas as brincadeiras de sua infância, já que hoje em dia a tecnologia parece que está profundamente enraizada nas novas gerações.

O clássico barquinho de papel representa o tempo da infância A litográfica participou de uma mostra coletiva chamada "Infancias", na galeria Central Newbery de Buenos Aires

Prenúncio ao 11 de setembro

Perguntei ao Jorge se ele havia feito algum desenho de crítica à tecnologia. E pasmem: em 1997 ele desenhou o ataque às torres gêmeas, isso foi 4 anos antes do 11 de setembro. Premonição?

"Urbano com avião": tinta sobre papel. formato 0,70x1m Ano 1997