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Positividade tóxica: o que está por trás desse conceito

Foto: Reprodução

Publicado em 25/05/2021

"Aderimos à positividade tóxica quando acreditamos que deveríamos estar sempre bem", é o que observa Adriana Drulla, mestre em Psicologia Positiva pela University of Pennsylvania. Ela estudou com o fundador da disciplina, Dr. Martin Seligman, e diz que "a ditadura da positividade é tóxica“.

"A ditadura da felicidade nega a natureza humana, que é composta por altos e baixos. A pessoa passa a se culpar por não ser sempre otimista e estar sempre feliz, o que gera mais negatividade, naturalmente. Nosso corpo e nossa mente respondem pior ao estresse quando negamos o que estamos sentindo. É impossível estarmos bem quando estamos em guerra com nós mesmos”, alerta Adriana.

Adriana completa que quando conseguimos aceitar nossos momentos difíceis, entendendo que fazem parte da nossa natureza, podemos nos apoiar durante esses momentos com gentileza, como fazemos com um grande amigo, por exemplo. “A partir da nossa compreensão e apoio internos fica mais fácil dar a volta por cima, dar para nós mesmos o que a gente precisa, e superar momentos difíceis”, destaca.

Isso não significa que não podemos usar a positividade a nosso favor quando estamos nos sentindo mal. De acordo com a especialista, às vezes reconhecemos que estamos passando por um momento difícil, e exatamente por isso, podemos escolher nos engajar com intencionalidade em atividades que geram emoções positivas.

"É sabido, por exemplo, que emoções positivas fortalecem o sistema imune, que elas melhoram a nossa capacidade de enxergar os problemas por uma perspectiva mais ampla. O próprio Seligman adotou algumas práticas durante a quarentena para gerar mais positividade e ajudar a fortalecer o seu humor e sistema imune. Entre essas práticas, ele adotou um cachorrinho, viu filmes de humor e dançou com os alunos nas aulas online. Neste caso, estas práticas não foram adotadas para fugir ou negar o que é difícil, mas justamente para lidar melhor com aquilo que ele não poderia mudar", destaca.

A especialista reforça ainda que é possível ser otimista e positivo na medida certa e ensina quatro passos importantes. “Achar a dose certa entre pessimismo e otimismo inclui encontrar a calma necessária para que possamos analisar o nosso diálogo interno de forma realista", diz. 

Para isso, tanto os pessimistas quanto os otimistas podem fazer um exercício de 4 passos:

1- Primeiro imagine e, se possível, escreva o pior cenário possível;

2 -Depois, imagine e escreva o melhor cenário possível;

3 - Agora descreva o cenário realista, que é diferente dos dois primeiros;

4 - A partir do cenário realista, construa um plano para lidar com a situação.

Adriana Drulla reforça que o desconforto emocional é uma mensagem de que algo precisa ser olhado, cuidado, aprendido, repensado. "Desconforto gera evolução, redirecionamento. Quem seria você hoje se não tivesse passado por aquela situação difícil?", finaliza.

Da redação

 

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