Meu filho não tem amigos, o que fazer?
Parece cena de filme, mas é mais comum do que deveria: uma criança sozinha, sentada em um canto do pátio da escola, enquanto todas as outras crianças se divertem juntas, correndo e brincando. Muitas vezes essa situação é resultado de processos de bullying, mas há também casos em que a criança é tão tímida que tem dificuldades para socializar.
Durante os anos da Educação Infantil, os pequenos passam a desenvolver habilidades e competências que contribuem para a socialização. “É socializando que a criança passa a perceber-se como um ser único e exclusivo. É nessa troca de relação que ela vê suas características e, aos poucos, conforme vai amadurecendo, consegue perceber a diferença entre si e o outro. Também é nesse contexto que ela começa a lidar com as emoções e sentimentos, tomar decisões e lidar com erros e frustrações", explica o consultor pedagógico, Anderson Leal. Segundo ele, isso aparece inclusive na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que aponta que, nessa fase, é preciso desenvolver três campos de experiência: o eu, o outro e o nós.
Os primeiros anos de escola são também as primeiras oportunidades para conviver com pessoas de fora do ambiente familiar. Habilidades como segurança, autoestima, empatia e cooperação estão em jogo nesse momento. “As amizades contribuem para o desenvolvimento de quatro áreas fundamentais: o físico, o cognitivo, o social e o afetivo. Também ajudam a lidar com regras de convivência como respeitar as pessoas e aprender a dividir”, destaca o especialista. Essa relação é tão importante que algumas pesquisas mostram que crianças que têm bons amigos tendem a ter um melhor rendimento escolar.
Por que algumas crianças têm mais dificuldade para fazer amizades?
De acordo com Leal, existem vários fatores que podem fazer com que uma criança tenha dificuldade de fazer amizades. Um deles são os traumas já vivenciados por ela. "Se a criança vivenciou algum tipo de abuso, seja moral ou sexual, ela poderá ter dificuldade de criar vínculos com outra criança”, detalha. "A partir do Ensino Fundamental, episódios de bullying também podem ser os responsáveis por essa dificuldade", completa.
Em qualquer caso, os pais precisam ficar atentos para entender qual é a situação em que os filhos se enquadram e descartar qualquer tipo de transtorno comportamental. “Precisamos observar se essa dificuldade está acompanhada de outras características, como irritabilidade, tristeza e falta de contato visual, por exemplo. Nesses casos, nada melhor que levar a criança a um especialista para que ele possa ajudar no diagnóstico e dar algumas orientações”, aconselha.
O que os pais podem fazer?
Quando os pais ou professores observam que uma criança está com dificuldades para se relacionar na escola, alguns passos podem ajudar. Em primeiro lugar, Leal orienta que é preciso fomentar momentos de integração com base na rotina da criança. “Em alguns casos, os pais ocupam quase 100% do dia para que a criança realize atividades extracurriculares. Essas atividades são importantes, mas precisam estar equilibradas com outros momentos.”
É fundamental, por exemplo, proporcionar espaços de tempo para que os pequenos convivam com outras crianças fora da escola. Algumas ideias para isso são reunir os amigos para ir ao parque, ao playground do prédio, ao cinema ou até mesmo à casa uns dos outros. “Esse convívio gera intimidade e, a partir daí, a empatia surge naturalmente e a amizade vai sendo estabelecida”, afirma. Ele lembra, ainda, que é preciso ter cuidado para evitar a superproteção, com atenção para não interferir nos relacionamentos dos filhos, o que contribui para que eles se tornem mais inseguros.
Fonte: Conquista Solução Educacional
Da redação
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