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Evento 'Vai ter Gorda na Praia' chega a Florianópolis

(Foto: Divulgação)

Publicado em 25/01/2017

"Era proibido?", é o que se lê nos primeiros comentários acerca do evento, assim como foi na ação do ano passado. Não, nunca houve lei que proibisse uma gorda de ir à praia, mas é justamente discutir essas entrelinhas o objetivo principal do evento "Vai ter Gorda na Praia Sul - ano 2", organizado pelo projeto catarinense Sim sou Diva.

No próximo dia 05 de fevereiro, a partir das 10h30, mulheres famosas em seus meios e comuns em suas vidas, das mais diversas profissões, estarão reunidas na Praia Mole, em Florianópolis, para conversar, tirar fotos, produzir vídeos e mostrar que praia é território de quem se sente bem nela.

A idealizadora da ação e do blog, que virou guarda-chuva de projetos de empoderamento feminino, Letícia de Assis, conta que nem responde esse tipo de comentário. "Se uma pessoa não é capaz de compreender as dificuldades que uma mulher gorda, ou fora dos padrões impostos pela mídia, sente ao longo da vida, não vou ser eu que vou bater boca em redes sociais", argumenta.

O Vai Ter Gorda na Praia é um movimento nacional, iniciado pela paulista Helena Custódio e reinventado pela santista Erika Cador com a hashtag #vaitergordasim. Em Santa Catarina, o então blog Sim sou Diva 'comprou' a ideia e começou a promover os encontros em 2016. "No ano passado, ficamos em primeiro lugar em diversas mídias, fomos aplaudidas e recebemos adesão de muito mais gente do que imaginávamos, num contraponto aos comentários gordofóbicos e agressivos feitos nas redes sociais e até no meu perfil pessoal", conta Letícia.

Na edição desse ano, as modelos do casting Sim sou Diva abraçaram a organização do evento e ele já conta com centenas de interessados em uma rede social.

Quebrando padrões

Os objetivos da ação são questionar os padrões de beleza, combater a gordofobia, espalhar a tolerância às diferenças e dar um banho de autoestima, alegria e colorido numa das praias onde as gordas mais têm medo de pisar. "A praia Mole é território de gente sarada e por isso um excelente local para esse protesto cheio de charme e bom-humor", conta Taíse Assunção, modelo plus size, digital influencer e vendedora da Barra da Lagoa.

Realidade x autoestima

"Quem é gorda sabe o que já sofreu na vida", conta Edvana Stavizki, complementando que hoje consegue sair imune a ataques gordofóbicos e olhares discriminatórios. "Não é lamúria, é realidade. Assim como só um negro sabe opinar sobre racismo com propriedade; um gay sabe falar sobre os temores reais da homofobia, só gordos e gordas - ou quem já foi - sabe o que é passar etapas e mais etapas até a aceitação e o amor próprio", completa.

A técnica em radiologia, Rosângela Heckert, chama atenção para o conceito da despatologização da obesidade. "As pessoas confundem biotipo com saúde e já existem estudos sérios e profundos que colocam esse argumento por terra. Não faço dieta porque não quero e não preciso, me acho linda da forma como sou, sou ativa, saudável e rejeito qualquer imposição de quem quer que seja, inclusive de algumas marcas que ainda insistem que devemos, como modelos, entrar num 44/46", desabafa.

Cederam as peças para as modelos do casting nesta edição as empresas Vemiles, de São Miguel d'Oeste; Linda Guria, da Praia do Rosa, Imbituba; e Drill Moda íntima plus size, de Jequié, na Bahia.