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Dia do Orgulho Autista: O autismo desaparece com a idade?

Por mês, são realizadas 6.600 buscas na internet sobre o termo 'autismo adulto', diz análise do Answer ThePublic. (Foto: Divulgação/Genial Care)

Publicado em 17/06/2024

O autismo em adultos é um tema de crescente interesse e importância, refletido pela alta demanda por informações sobre o assunto. Segundo o Answer ThePublic, o termo “autismo adulto” é buscado cerca de 6.600 vezes por mês, indicando a necessidade de maior conscientização e suporte para essa população. 

O Dia do Orgulho Autista, comemorado em 18 de junho, é uma data crucial para revisitar a história do autismo e destacar os desafios e as vitórias dessa comunidade, considerando especialmente o impacto do diagnóstico tardio na vida adulta.

A neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se reorganizar formando novas conexões neurais, é um fenômeno que tem implicações profundas para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Quando o diagnóstico e a intervenção precoce não ocorrem, o cérebro de uma criança autista perde oportunidades valiosas para desenvolver estratégias adaptativas que podem melhorar significativamente sua qualidade de vida.

A falta de diagnóstico na infância pode resultar em adultos que, sem a compreensão adequada de suas próprias necessidades, enfrentam dificuldades para encontrar e manter um emprego, estabelecer relações sociais e até mesmo cuidar de si mesmos de maneira eficaz. Sem o suporte adequado, muitos adultos com TEA podem se sentir isolados e desamparados. Além disso, a ausência de um diagnóstico pode dificultar o acesso a serviços e acomodações que poderiam facilitar a vida cotidiana. 

Uma vida sem receber o diagnóstico do TEA 

Décadas atrás, a falta de conhecimento sobre o autismo fazia com que muitos sinais característicos fossem erroneamente atribuídos a má educação ou até mesmo preguiça. “As crianças com autismo eram vistas como difíceis, distraídas ou desobedientes, em vez de serem reconhecidas como indivíduos com necessidades neurológicas específicas. Sem o diagnóstico, essas crianças não recebiam intervenções terapêuticas necessárias para seu desenvolvimento, o que poderia levar a uma série de dificuldades na vida adulta.” menciona a Diretora Clínica da Genial Care, rede de cuidados de saúde atípica, Alice Tufolo.

“Na infância, não tive acesso ao diagnóstico porque os sinais que eu demonstrava eram considerados 'preguiça' pelos profissionais da época”, declara o autista, bonequeiro, ilustrador e ativista, Tio Faso. Essa frase encapsula a experiência de muitas pessoas que cresceram sem o suporte adequado, enfrentando mal-entendidos e estigmas que dificultaram seu desenvolvimento e adaptação social.

O ilustrador e autista só recebeu o diagnóstico quando adulto e hoje é pai de uma criança de 5 anos com autismo. “Quando você descobre o autismo, você começa a se entender, saber seus limites, saber respeitar até onde você pode ir, escolher as suas batalhas e decisões, porque antes era tudo tentativa e erro e um monte de erro. O diagnóstico tem esse viés descobridor e de aceitação”, comenta. 

Para Tio Faso, que demorou mais de 35 anos para se entender e passou por anseios, desafios e muitas vezes foi criticado por ser quem era, reforça que entender quem você é de verdade é empoderador, e se orgulha que o seu filho saberá quem é desde o início até o fim da vida.

A importância da intervenção precoce  

A intervenção precoce é fundamental para o aprendizado de crianças com sinais de atraso no desenvolvimento. Ela permite que profissionais capacitados e a família estimulem a criança a desenvolver habilidades ainda não adquiridas, prevenindo dificuldades futuras. 

Conforme o Ministério da Saúde, esta intervenção é classificada como precoce quando acontece na primeira infância, ou seja, de 0 a 6 anos. Essa abordagem utiliza a neuroplasticidade do cérebro infantil para garantir estímulos corretos e direcionados, promovendo aprendizado contínuo durante o crescimento. 

“Intervenção comportamental, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e suporte educacional podem fazer uma diferença crucial na vida de uma criança com TEA. Essas intervenções ajudam a desenvolver habilidades sociais, de comunicação e de vida diária essenciais para a independência e a inclusão social. Quando essas intervenções são adiadas ou inexistentes, as crianças podem crescer enfrentando barreiras significativas em áreas como educação, emprego e relacionamentos” afirma Tufolo.

Para Alice, as intervenções precoces são fundamentais e nunca é tarde para buscar apoio. “A nossa missão é proporcionar tratamentos personalizados que respeitem as particularidades de cada indivíduo, potencializando suas habilidades e melhorando sua qualidade de vida”, acrescenta. 

A sociedade tem avançado no reconhecimento do autismo e na criação de políticas e práticas inclusivas, mas ainda há muito a ser feito. A conscientização e a educação são chaves para assegurar que futuras gerações de crianças autistas recebam o suporte necessário desde cedo, garantindo que possam desenvolver todo o seu potencial e se orgulhem de serem quem são.

"É essencial lembrarmos que crianças autistas crescem, e o TEA não desaparece com a idade; as crianças autistas se tornam adultos autistas. Garantir um diagnóstico precoce e adequado é um passo vital para construir uma sociedade mais inclusiva e compreensiva, onde cada indivíduo possa ser valorizado e apoiado em suas singularidades.", finaliza a profissional. 

 

 

Da redação

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