Crianças com mais férias e menos telas: saiba como motivá-las
As crianças em idade escolar estão de férias e, novamente, as famílias enfrentam o desafio de encontrar o que fazer com as crianças em casa. Arrumar atividades que preencham o tempo e ainda promovam uma interação entre todos preocupam os pais. Afinal, a ociosidade também é um problema para as crianças, assim como o uso excessivo de tecnologia.
Com a pandemia, o número de horas que as crianças passam com dispositivos eletrônicos aumentou significativamente. Um estudo da Super Awesome, uma empresa de tecnologia infantil, mostrou que, nos Estados Unidos, crianças de 6 a 12 anos, estão ficando ao menos 50% do tempo expostas às telas neste isolamento.
Segundo Adriana Drulla, mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pensilvânia e especialista em Parentalidade Consciente, é possível adotar algumas formas de entreter melhor as crianças. “Brincar junto, cozinhar junto, até mesmo dividir outras tarefas de casa são exemplos de momentos agradáveis de interação para se fazer nas férias. Construir junto com a criança cantinhos de brincadeira em que estejam disponíveis jogos de tabuleiro, jogos de montar, massinha, materiais de pintura e livros, também é um bom recurso. E, na medida do possível, incentivar o engajamento da criança com essas atividades sentando junto e brincando com ela. Afinal, mais do que estar mais presente, é importante aproveitar esse tempo a mais para criar vínculos, criar conexão de modo que as crianças se sintam verdadeiramente acolhidas. O vínculo com os pais é um dos principais fatores que suportam a resiliência emocional da criança, que é a capacidade da criança de enfrentar desafios de forma construtiva”.
Dicas para reduzir o tempo de uso de telas
Quanto ao uso de telas, Adriana recomenda que os pais estabeleçam um limite para o uso, mesmo que ele seja mais flexível. “Tempo de tela é coisa séria. O uso excessivo pode diminuir o engajamento da criança em atividades necessárias para seu desenvolvimento (como a leitura e brincadeiras de imaginação), além de interferirem na socialização com a família e impactar negativamente na quantidade e qualidade do sono, por exemplo. O cérebro da criança ainda está em desenvolvimento e para isso ela precisa brincar e interagir com pessoas de carne e osso. As habilidades socioemocionais não podem ser aprendidas no celular. O uso excessivo de telas pode impactar negativamente a capacidade de foco e atenção, podendo prejudicar o aprendizado, gerar ansiedade e problemas comportamentais. E o uso de redes sociais, especificamente, pode impactar negativamente a autoestima, tornar a criança mais influenciável, mais dependente da aprovação alheia e mais suscetível a bullying”.
“Ainda é importante lembrar que determinados conteúdos, por ex. joguinhos e redes sociais, fazem com que o cérebro produza doses constantes de dopamina. Isso pode, portanto, levar ao vício, tornando mais difícil para a criança aceitar os limites impostos pelos pais.
Na pandemia, precisamos flexibilizar os limites e pode parecer difícil restabelecê-los depois que as crianças se acostumaram com o acesso constante às telas. Mas tem saída para isso”.
Seguem algumas dicas da Adriana Drulla:
1 – Converse com a criança e valide os sentimentos dela, dizendo que você entende que é difícil quando precisamos parar de fazer uma coisa que gostamos.
2- Explique a razão do limite de uma forma que a criança entenda, ou seja, explique que o uso excessivo de tecnologia faz mal. Você pode usar livros ou mostrar vídeos apropriados para a idade dela, que falem sobre os efeitos do uso excessivo de telas, por exemplo. Ou então você pode explicar com suas próprias palavras de uma forma que ela compreenda que o limite é para o bem dela, e não uma punição.
3 – Elaborem juntos um plano para que o tempo no celular ou tablete seja gradativamente reduzido. Por exemplo, vocês podem começar reduzindo uma hora por semana.
4 – Se a criança tiver o próprio tablete ou celular, programe o dispositivo para que ele desligue ao fim do tempo acordado. É muito melhor que o dispositivo desligue em vez de você ser a pessoa a controlar o tempo e exigir que a criança saia do tablete. Se isto não for possível, combine com ela que vocês programarão um despertador que os avisará ao fim do tempo.
5 – No início, é comum que a criança proteste e peça mais tempo. Se isso acontecer, lembre-a sobre o combinado e a razão dele existir. Acolha a frustração dela com compreensão e gentileza, mas seja firme com relação ao limite. Amanhã ela poderá jogar novamente.
6 – Incentive outras atividades prazerosas, por exemplo, organizando junto um cantinho da brincadeira em que seus brinquedos favoritos estejam presentes.
Da redação
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