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A chegada do inverno traz uma oportunidade mais rara em terras tropicais: harmonizar sopas e caldos quentes com vinhos, experiência gastronômica que pode ser muito deliciosa e aconchegante. “Desde sopas leves e cremosas até caldos robustos e intensos, a escolha certa de vinho pode realçar os aromas e sabores, equilibrando texturas e criando uma sinergia de paladares”, diz Thamirys Schneider, sommelière da Wine.

Vinhos brancos frescos e aromáticos casam bem com sopas delicadas, enquanto tintos estruturados e com taninos macios acompanham caldos com sabores mais intensos. Para acompanhar a estação, separamos alguns vinhos que harmonizam muito bem com algumas receitas de caldos e sopas, que acompanhadas por vinhos ficam ainda melhor. 

Sopa de legumes com frango e um tinto leve

Essa é uma sopa que lembra muito a casa da vó, quentinha e acolhedora. Composta por macarrão, legumes e frango, que pode ser desfiado ou em pedaços, o prato pode receber temperos e especiarias, adquirindo sabor e requinte. A sopa tem bons pretendentes no momento da harmonização: vai bem com um vinho branco mais encorpado, preferencialmente com alguma passagem por barrica, rosés mais estruturados e também com tintos mais leves. 

Uma boa sugestão de acompanhamento é o tinto chileno (Oops) D.O. Valle De Leyda Pinot Noir 2022, da vinícola Undurraga. Trata-se de exemplar jovem, meio seco, leve, descomplicado e refrescante. Os toques herbais e minerais presentes nos aromas e sabores vão de encontro aos temperos da sopa de legumes com frango, assim como seus taninos sutis e sua acidez média para alta deixarão a experiência delicada, elegante e refrescante.

Caldo de feijão e um tinto jovem e refrescante

Presente nos melhores botecos, o caldinho de feijão costuma ser preparado com bacon, linguiça ou paio, acompanhado por temperos frescos e, algumas vezes, um toque levemente apimentado. Este caldo esbanja sabores, além de também ter um paladar mais intenso e untuoso. Harmonizar o caldo de feijão com tantos elementos e sabores é um desafio especial, principalmente por conta do sabor mais terroso do feijão.

Por um lado, há os temperos verdes frescos, como a cebolinha, que dão um toque herbal, e por outro, a untuosidade das carnes, além das especiarias e pimentas. Para harmonizar com tantos elementos, é importante escolher um vinho que seja coringa, com boa estrutura, mas não tão encorpado para não competir e atropelar o prato. Ao escolher um vinho tinto, assegure-se de que ele tenha corpo leve a médio, além de ser jovem e com acidez refrescante. Uma boa indicação são os tintos mais jovens da região do rio Douro, em Portugal, como o Tavedo D.O.C. Douro Tinto 2021, um tinto seco que contém aromas de frutas vermelhas maduras, amora, cereja preta e chocolate. 

Caldo verde e um branco encorpado

O caldo verde é cremoso e saboroso, uma herança portuguesa que há séculos faz parte da cultura gastronômica brasileira. Feito com batatas ou aipim, o caldo verde tem esse nome pelo uso de folhas verdes escuras, podendo conter bacon e linguiça. Para harmonizar este prato, vale a pena apostar em vinhos brancos mais encorpados, pois também é interessante degustar vinhos brancos no inverno, sobretudo, os tipos mais estruturados e encorpados. Um bom exemplo desta categoria é o português Casa Burmester Reserva D.O.C. Douro Branco 2022, que apresenta a estrutura necessária para esta harmonização.

Elaborado com as uvas típicas portuguesas Gouveio, Rabigato e Viosinho, este exemplar amadureceu 6 meses em barricas de carvalho francês sobre as borras, o que agregou maior corpo, volume, cremosidade e complexidade. O rótulo contém expressividade aromática com frutas tropicais maduras, frutas de caroço como pêssego e damasco, toques de ervas aromáticas e nuances minerais.

Sopa de lentilha e tintos mais estruturados 

A sopa de lentilha costuma ser feita com especiarias como folha de louro, cominho e pimenta do reino, resultando num prato com sabor acentuado. Pode ter a versão vegetariana, com variedade de legumes, ou a versão tradicional, com bacon, linguiça e cortes de carne bovina, que aumentam a intensidade e estrutura da sopa. Uma boa dica de harmonização é servi-la com vinhos tintos mais estruturados, com corpo médio a encorpado, taninos presentes e macios, boa acidez e com toques de especiarias para somar às características do prato.

Exemplares chilenos elaborados com as uvas Carménère ou Cabernet Sauvignon, tintos espanhóis da uva Tempranillo, vinhos franceses feitos com as uvas Syrah ou Grenache, acompanham bem o prato. Como indicação certeira, a sugestão é o tinto chileno Miguel Torres Gran Reserva Carménère 2019, exemplar elaborado pela renomada vinícola espanhola Miguel Torres, que tem vinhedos no Chile desde 1979, no importante terroir de Curicó no Vale Central. O amadurecimento por 15 meses em barricas novas de carvalho francês agregaram maior corpo, estrutura e complexidade ao exemplar. Trata-se de um vinho intenso, bem equilibrado, com taninos macios, com toque de cacau. 

Caldo de ervilha com calabresa e rosé intenso

A sopa de ervilha une o sabor sutilmente adocicado da leguminosa ao sal e picância da linguiça calabresa. Para harmonizar esta sopa, pode-se optar por espumantes rosés brut e tintos leves, mas uma escolha ainda mais acertada seria um vinho rosé com sabores e aromas mais intensos. Os rosés elaborados com a uva Garnacha, principalmente os espanhóis, terão essas características.

O espanhol Trashumante D.O. Navarra Rosado 2022 consiste num rosé mais intenso, com expressivas notas de frutas vermelhas, toque floral e um toque de pimenta rosa nos aromas. Saboroso e macio, apresenta acidez média para alta, além de trazer frescor necessário para esta harmonização. 

Da redação

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