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No caminho do autoconhecimento
Relações de qualidade, tanto com os outros quanto consigo mesmo, são fundamentais para a saúde mental e bem-estar

Na busca pelo sentido, as relações humanas se destacam como pilares fundamentais para a felicidade e longevidade. (Foto: Reprodução internet)

Publicado em 16/02/2025

A construção do conhecimento e do autoconhecimento é feita de muitos erros e alguns acertos, às vezes, de algumas descobertas. Neste caminho, sempre inacabado, encontramos pedras, mas também poemas — desafios e sentidos. Estão nesse percurso a arte, a ciência, a literatura, as relações de um modo geral, as boas conexões que estabelecemos com os amigos e a psicoterapia.

Essa trajetória nem sempre é espontânea, automática, intuitiva. Ela exige empenho, intenção e pressupõe uma escuta aberta. Interessante notar que essa escuta pode ser “para fora” e “para dentro”. Tanto para escutarmos o outro, como para escutarmos as “vozes” que emanam de nós mesmos e que às vezes são difíceis de serem decifradas. Essas “vozes” podem se manifestar de várias maneiras, várias maneiras mesmo! Pode ser, por exemplo, através de uma postura corporal, de alguma coisa que dizemos “sem querer”, numa piada, num sorriso no canto dos lábios, num simples olhar, em uma sensação de cansaço, em episódios ansiosos, na depressão, em algumas dores e até mesmo através de doenças físicas.

Nas relações interpessoais, muitos são os fatores que se interpõem e prejudicam a escuta aberta. Mágoas que acumulamos e com as quais não lidamos satisfatoriamente podem ser impeditivas para uma escuta aberta que resulte num bom diálogo. Outro aspecto está relacionado ao tempo, esse bem precioso que tem nos faltado tanto nos nossos dias. Hoje, se não elegemos tempo, se não nos programamos para estar com as pessoas, se não dedicamos tempo suficiente para estabelecer conexões com potencial para boas conversas, simplesmente, elas não acontecem. É fácil sermos atropelados pelas cem milhões de tarefas que a vida contemporânea nos impõe e acabamos deixando o que realmente importa para depois. Hoje é complicado encontrarmos tempo para ficarmos em silêncio, para refletirmos, para a contemplação. Também é comum nos encontrarmos exaustos até para cultivar uma vida social. Acabamos ficando carentes desses encontros e quando nos encontramos precisamos falar e falar e falar. Talvez seja também um aspecto cultural, não esperamos muito o outro terminar uma frase para começarmos a nossa. Algumas vezes nem enxergamos bem o outro, não nos damos esse tempo. Relações muito próximas, mesmo as consideradas boas ou satisfatórias, são permeadas por certos papéis sociais que dificultam a escuta aberta além, claro, de questões como segredos, conflitos mal resolvidos etc., criarem distâncias de difícil transposição.

Na contramão dessas dificuldades temos a arte, a literatura, a poesia, a música! Formas que nos revelam, a nós mesmos. Encontram palavras e tons, no lugar exato que evocam sentimentos, desejos, necessidades, faltas, fantasias e mesmo aspectos que parecem falar diretamente com a nossa própria história.

Conferem significado às nossas vivências. Temos, nesse sentido também, a ciência buscando a palavra certa que, em conjunto com outras palavras certas, seja capaz de descortinar doenças e remédios, processos e formas de cura, compreensões das mais diversas sobre as infinitas questões humanas.

Buscamos por boas relações e cada vez mais, inclusive cientificamente, estamos entendendo que são elas que podem nos conferir saúde mental, felicidade e longevidade. E temos a psicoterapia, esse espaço que abrimos nas nossas agendas para aprendermos a “escutar” a nós mesmos.

Encontrar sentido através de boas conexões representa o avesso da solidão, o avesso do isolamento. Esses vínculos são pontes que nos dão a sensação de que “pertencemos” a algum lugar, que somos compreendidos na nossa perspectiva e no que manifestamos de tantas maneiras. Relações nas quais somos vistos nos dão certeza de que existimos e somos valorizados. Quando somos acolhidos, dores emocionais tem alívio e nos sentimos seguros. Assim como a arte, a literatura, a ciência — e entre a arte e a ciência, a psicoterapia, relações saudáveis são valiosas para o nosso processo de autoconhecimento; proporcionam o suporte necessário para enfrentarmos e encontrarmos sentido diante de nossos muitos desafios existenciais.

 

 

 

Texto por Denise Evangelista Vieira

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Sobre o autor

Denise Evangelista Vieira

Psicóloga formada pela UFSC e em Artes Cênicas pela Udesc. Escreve sobre o universo humano. Quem somos e em quem podemos nos tornar? CRP 12/05019.


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