Entenda o impacto da carne vermelha na função cognitiva
A pesquisa revela que carnes processadas podem acelerar o envelhecimento cognitivo e aumentar o risco de demência
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O estudo investiga a relação entre o consumo de carne vermelha e o risco de demência, bem como seu impacto na função cognitiva. Utilizando dados de dois grandes estudos de corte nos EUA (veja o original em inglês - Nurses’ Health Study e Health Professionals Follow-Up Study), os pesquisadores analisaram informações de mais de 133 mil participantes acompanhados por até 43 anos. A pesquisa incluiu avaliações dietéticas frequentes e medidas objetivas e subjetivas da função cognitiva.
Principais achados
Carne vermelha processada vs. carne não processada:
-O consumo de carnes processadas (≥0,25 porção/dia) foi associado a um aumento de 13% no risco de demência e 14% em declínio cognitivo subjetivo.
-Cada porção adicional de carne processada por dia foi associada a um envelhecimento cognitivo acelerado de aproximadamente 1,6 anos na cognição global e 1,7 anos na memória verbal.
-O consumo de carne vermelha não processada também foi relacionado a um aumento de 16% no risco de declínio cognitivo subjetivo, mas não apresentou associação significativa com o risco de demência.
Efeitos de substituição alimentar:
-Substituir uma porção diária de carne processada por nozes e leguminosas reduziu o risco de demência em 19% e o envelhecimento cognitivo em 1,37 anos.
-A substituição por peixe reduziu o risco de demência em 28% e o declínio cognitivo subjetivo em 51%.
-Substituições por frango e outros alimentos saudáveis também apresentaram efeitos protetores.
Pontos fortes do estudo:
-Amostra grande e bem caracterizada: Os dados provêm de estudos epidemiológicos robustos, com coortes de longa duração e múltiplas medições dietéticas.
-Diferenciação entre carne processada e não processada: Muitos estudos anteriores não faziam essa distinção, o que permite uma análise mais refinada dos impactos na saúde cognitiva.
-Diversas medidas cognitivas: Foram utilizadas avaliações objetivas e subjetivas da cognição, incluindo testes validados e relatos autoaplicados.
Limitações e considerações:
-Estudo observacional: Embora bem controlado, o estudo não pode estabelecer causalidade definitiva, apenas associações.
-Autorreporte de dados dietéticos: Apesar da validação dos questionários alimentares, há sempre a possibilidade de viés de memória ou erro de relato.
-População predominantemente branca e de alta escolaridade: Pode limitar a generalização dos achados para outros grupos étnicos e socioeconômicos.
O estudo reforça a crescente evidência de que o consumo elevado de carnes processadas pode estar associado a um maior risco de declínio cognitivo e demência. Os mecanismos biológicos propostos, como impacto no metabolismo do colesterol, resistência à insulina, efeito inflamatório e presença de compostos neurotóxicos em carnes processadas, são plausíveis e corroboram achados prévios.
Além disso, os achados sobre a substituição da carne processada por fontes proteicas mais saudáveis são interessantes do ponto de vista de políticas nutricionais. A inclusão desses dados em diretrizes alimentares poderia auxiliar na prevenção do declínio cognitivo e de doenças neurodegenerativas.
No entanto, seria interessante ver mais estudos replicando esses achados em populações mais diversas, bem como pesquisas experimentais para avaliar mecanismos causais com maior rigor.
Matéria e tradução pelo colunista Dr. Jamil Valente
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Sobre o autor
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Dr. Jamil Mattar Valente
Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha
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