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A arte multifacetada de Rico Mendonça
Arquiteto, designer de interiores e artista plástico, ele lança nesta terça-feira a mostra 'Memórias do Mar'

Rico Mendonça (Fotos: arquivo pessoal) **Clique para ampliar

Publicado em 06/03/2023

A arte anda em sintonia com Rico Mendonça há décadas. Arquiteto e designer de interiores, sua sensibilidade é um fator essencial ao criar seus projetos, que, segundo ele, têm muita memória afetiva. E é no lápis e no pincel que ele coloca toda a sua intensidade, como pode ser visto em suas exposições. Nesta terça-feira, 07, ele lança "Memórias do Mar". Rico conta ao Imagem da Ilha como sua trajetória artística se desenvolveu.
 

Portal Imagem da Ilha: Você é arquiteto e designer de interiores. De um tempo para cá, a intensa produção artística veio se somar à arquitetura. Neste mês de março, está fazendo duas exposições simultaneamente. Como está sendo essa experiência de ganhar mais visibilidade como artista?

Rico Mendonça: Nos anos 1990, entrei no universo das artes, e ganhei alguns prêmios, fiz exposições individuais e coletivas, foi uma época de bastante criatividade, até que entrei no universo da arquitetura e do design, que acabei escolhendo como carreira. Esse meu lado “artístico” sempre está comigo, uso muito nas minhas criações, para os clientes, pois faço muita pesquisa visual e gosto de colocar alma no que eu faço. Em todos os meus trabalhos têm muita memória afetiva e, o retorno às artes, foi um momento de terapia pra mim. Eu nunca parei de desenhar e produzir arte, mas, durante a pandemia, eu intensifiquei ainda mais este meu lado que estava adormecido. Foi o que me manteve lúcido e com vontade de voltar com mais intensidade.

A exposição no Café del Mar é uma homenagem aos marinheiros. Como nasceu esse tema?

No meu curso de mestrado em Moda pela UDESC estudamos muito sobre reciclagem, sustentabilidade, reuso, e por ai vai... Um dia, passeando na praia com uma amiga, vi alguns pedaços de barcos rejeitados pelos pescadores, e me veio a ideia de usar este substrato  como base para as artes. Já imaginei uma coleção de desenhos que eu colocaria neles, como tatuagens na madeira. Seriam só desenhos a nanquim sobre a superfície e iria se chamar “madeira tatuada”, como se os marinheiros e pescadores, durante suas viagens marítimas, criassem desenhos de seres míticos do submundo aquático, no casco dos barcos, como uma tradição e folclore entre esses homens, e que, pela suavidade do seu canto, estes seres atraíam os navegantes para os rochedos e, destes destroços, os desenhos seriam as únicas partes das embarcações que sobreviveriam para contar a “história” (esta era minha viagem criativa, risos).


Rico Mendonça e a curadora da exposição Memórias do Mar, Eula Regina Maciel

Mas eu vi que poderia ter um apelo mais forte e eu resgataria minhas pinceladas que ficaram adormecidas por muito tempo. Essas peças eu apresento na coleção de sereias intitulada “Memórias do Mar”. As texturas das madeiras, suas cores e peles de tintas originais, recebem pinturas de sereias sobre elas. São obras bem coloridas e sensuais.

O material usado nas pinturas de Memórias do Mar é peculiar. De onde vieram os pedaços de madeira?

Em um primeiro passeio, como comentei anteriormente, foi o começo, depois, todo final de semana durante alguns meses, fui em várias praias da ilha e fora dela, atrás de madeira, nas quais eu pudesse trabalhar. Acabei pegando muitas peças que não foram possíveis de usar. Selecionei as que tinham maiis potencial e imaginava como ficaria sobre aquela peça.

Memórias do Mar tem também esculturas. Há sereias em todos os trabalhos. Por que, na sua opinião, a lenda das sereias fascina tanto as pessoas?

Sempre tive estes seres em minhas memórias mais antigas, desde muito pequeno, elas eram algo de fascínio e medo, e isso me encantava. Não como a pequena sereia da Disney (risos), mas como seres mitológicos mesmo. Eu lembro de a mãe de um amigo meu do colégio, quando eu passava o final de semana lá com sua família, toda noite ela nos contava uma lenda, era saci, mula sem cabeça e, principalmente sereias. Era um encantamento na fala dela, que acho que esta é uma das referências mais antigas.

 

Além do Café del Mar, você está expondo no Shopping Itaguaçu. Quem é a “Senhora Z” que dá título à exposição?

A Senhora Z é uma criação de um pouco antes da pandemia e um convite do Instituto Internacional Juarez Machado, através do curador Edson Machado, que me convidou para fazer uma mostra individual lá no instituto, no ano passado (maio de 2022). Eu fiquei quase três meses antes organizando todo o processo criativo para a tão esperada exposição, que foi meu retorno às artes plásticas.

E, dessa coleção de 10 peças, uma ficou para a instituição, para o acervo, deles 
e, com o convite da Lena Peicher, que conhece bem o meu trabalho, articulou com a Chris Ribeiro esta nova imersão da senhora Z no shopping Itaguaçu. São 5 novas obras (peças inéditas que não foram expostas lá em Joinville), totalizando 14 obras em exposição. São mais de 20 senhoras.

Qual o próximo projeto? Alguma novidade sobre o trabalho como arquiteto?

Nas artes, eu estou criando uma nova coleção “ilha das almas”, desenhos mais abstratos, com linhas tênues entre o profano e o religioso. Em breve estarão expostas.

Quanto à arquitetura, vou participar no mês de abril como um dos arquitetos convidados do evento de decoração “Decorare Itapema”, onde eu farei um "loft do colecionador". Convidei 20 artistas para exporem obras neste ambiente que vai respirar arte e design. O curador da mostra, Thiago Freitas, montou esta franquia com um formato inovador, que abre suas portas em abril deste ano.

Por Urbano Salles

Nota da redação: O Café Del Mar está localizado na Travessa Tullo Cavalazzi, 20 - Centro, próximo à saída lateral do Beiramar Shopping.

 

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