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A Câmara Municipal de Florianópolis deu início, na noite de ontem (18), à primeira edição das Sessões Itinerantes de 2025. O bairro dos Ingleses foi o ponto de partida da iniciativa, com a sessão realizada na Escola Básica Municipal Professora Herondina Medeiros Zeferino. O evento reuniu vereadores, lideranças comunitárias e dezenas de moradores, com o objetivo de aproximar o Legislativo da população e ampliar o diálogo direto com as comunidades.

Seguindo todos os trâmites regimentais, a sessão teve uma dinâmica especial: os primeiros 20 minutos do Grande Expediente foram reservados exclusivamente para a participação popular. Nesse período, moradores e representantes de associações comunitárias ocuparam a tribuna para apresentar reivindicações, sugestões e relatar necessidades específicas da região. 

Moradores apontam prioridades e reforçam apelo por melhorias

Charlene Brinker, presidente da Associação dos Moradores da Servidão Vicentina Custódia dos Santos – Capivari dos Ingleses (AMOSERVI), utilizou a tribuna para alertar sobre a ausência de áreas de lazer em seu bairro. Ela relatou que, ao contrário da região central dos Ingleses, o Capivari ainda não dispõe de praças ou espaços adequados para as crianças. “Enquanto os Ingleses têm várias praças, no Capivari não temos nenhuma. As crianças acabam brincando no estacionamento do mercado”, afirmou. Em entrevista após a sessão, Charlene elogiou a proposta da sessão itinerante: “A comunidade teve a oportunidade de falar diretamente com os vereadores. Precisamos de mais encontros assim, com mais tempo para escutar a população.”

Representando o Rancho de Pesca Parelha Jatobá, Daniel Senabio também participou da sessão e destacou a importância da votação do projeto que declara como de utilidade pública municipal a Associação Cultural do Rancho de Pesca Parelha Atobá, localizada na Praia do Moçambique. Ele reforçou o valor histórico e cultural da pesca artesanal na região. “Viemos contar um pouco da nossa história, especialmente sobre a pesca da tainha, e pedir o apoio dos vereadores para que reconheçam oficialmente nossa associação. Sessões como essa aproximam o Legislativo da comunidade e ajudam a ampliar o entendimento sobre o trabalho da Câmara.”

Jair Bastos, morador do bairro Rio Vermelho, elogiou a iniciativa, e pediu que as próximas edições contemplem mais bairros do Norte da Ilha. Em sua fala, ele apontou problemas estruturais da sua região, especialmente na Rodovia João Gualberto Soares. “É uma via extremamente movimentada, onde convivem pedestres, ciclistas, cavalos e agora até motos elétricas. Não temos calçadas nem ciclovias, o que torna o trânsito perigoso para todos”, alertou. 

Legislativo reforça compromisso com proximidade e escuta ativa

O presidente da Câmara, vereador João Cobalchini (MDB), celebrou a participação popular e reforçou o compromisso do Legislativo com a descentralização das ações parlamentares. “As Sessões Itinerantes são um instrumento fundamental para levar o Legislativo até a população, garantindo transparência e ouvindo de perto as reais necessidades dos cidadãos. A presença expressiva dos moradores dos Ingleses mostra que esse é o caminho certo. Vamos fortalecer e expandir esse projeto nos próximos anos”, afirmou.

O vice-presidente da Câmara, vereador Bericó (PL), responsável por propor o retorno das sessões itinerantes durante sua gestão interina na presidência, também destacou a relevância da iniciativa. “Tivemos casa cheia, a Sessão Itinerante demonstra a importância da Câmara sair do seu ambiente e se aproximar da população, são quase dez horas da noite, e continua cheio. Acredito que a próxima na Barra da Lagoa vai ser uma outra grande oportunidade, bem como as demais,” concluiu.

Inclusão em pauta: Câmara aprova cargos exclusivos para pessoas com deficiência

Outro ponto de destaque da sessão foi a aprovação, em segunda votação, do projeto de lei da Mesa Diretora que cria 23 cargos exclusivos para pessoas com deficiência (PcD). As vagas serão destinadas ao cargo de Assessoria Parlamentar – código CMF/AP/PcD, nível 1 – e distribuídas entre os gabinetes dos vereadores, com um servidor PcD por gabinete. A medida altera a Resolução nº 837, de 2003, atualizando a estrutura administrativa da Casa com foco na inclusão.

A proposta é fundamentada no modelo social da deficiência, que entende que as limitações enfrentadas por pessoas com deficiência são, em grande parte, resultado de barreiras sociais, arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais , e não apenas de características individuais.

O texto do projeto ressalta: “A deficiência, nesse contexto, não é um problema da pessoa, mas uma construção social que exige a remoção de obstáculos para garantir a plena participação cidadã.” A justificativa também enfatiza a responsabilidade do poder público em ampliar o acesso ao mercado de trabalho e assegurar os direitos conquistados por essa parcela da população.

Quem acompanhou de perto essa proposta é Laura dos Santos, uma jovem de 26 anos que nasceu com uma síndrome rara de má formação congênita. Ao longo da vida, Laura enfrentou diversos desafios, e vê na aprovação da proposta a possibilidade concreta de um futuro com mais oportunidades e reconhecimento para pessoas com deficiência. “Eu acredito que isso seja uma abertura para todos, e não somente para órgãos públicos, para comércios, lojas, seja o que for,  acho que seria um aprendizado, para ter mais inclusão,” afirmou.

Para o vereador Bericó, que também atuou para viabilizar o projeto durante sua gestão como presidente interino, a aprovação representa um avanço histórico.  “Tive a honra de presidir a aprovação do projeto PcD, que para mim foi algo fantástico. Inclusão na veia.”

Da redação

Fonte: Câmara Municipal de Florianópolis

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