Rosana Bond lança livro sobre saga esquecida

Esquecida por séculos, agora a história ganha voz e detalhes inéditos

O nosso Personagem da Semana é a jornalista e escritora Rosana Bond, uma pesquisadora apaixonada pela história e que dedicou anos a revelar um capítulo surpreendente do passado sul-americano. No sábado (9), ela apresenta ao público o resultado dessa jornada: a edição revista e ampliada de “A Saga de Aleixo Garcia – O descobridor do império inca”. O lançamento acontece na Livraria Desterrados, no centro de Florianópolis (Rua Tiradentes, 204), das 10h às 12h. Antes disso, Rosana promove um pré-lançamento especial nesta quarta-feira (6), à noite, no tradicional Restaurante do Gugu, em Sambaqui, bairro onde vive.

A obra, publicada pela Editora Insular, volta às prateleiras depois de anos esgotada. Agora, chega com 251 páginas, anexos inéditos e revelações impactantes, fruto de uma pesquisa que começou em 1996 e ganhou edições anteriores em 1998 e 2004. O relançamento também celebra um momento simbólico: agosto é o Mês Internacional dos Povos Indígenas. Por isso, Rosana levará o livro ao Alojamento Estudantil Indígena da UFSC, unindo literatura e solidariedade com uma campanha de doações de agasalhos e alimentos.

O livro resgata a história de Aleixo Garcia, um náufrago de Florianópolis que, segundo as pesquisas, chegou ao Alto Peru (atual Bolívia) sete anos antes dos espanhóis Francisco Pizarro e Diego de Almagro, tornando-se, de fato, o primeiro europeu a alcançar o Império Inca. “A história oficial está equivocada”, afirma Rosana, que dedicou décadas a comprovar a trajetória desse personagem esquecido.

O livro traz documentos inéditos e revela que descendentes dos guaranis da expedição ainda vivem na Bolívia.

Entre as novidades desta edição, há uma descoberta emocionante: no interior da Bolívia, ainda vivem os guaranis descendentes dos indígenas que acompanharam Aleixo na expedição aos Andes há cinco séculos. Eles preservam a memória ancestral da viagem e chamam Aleixo de “nosso pai”. A lembrança do litoral catarinense – terra de origem dos seus antepassados – também permanece viva, celebrada em um ritual sagrado realizado todos os anos. Esse relato comovente está no Anexo 5 da obra: “Ritual guarani boliviano – Uma singular memória sobre a expedição / Aleixo Garcia como o ‘pai que trouxe nosso povo’”.

“Consegui reunir documentos e relatos pouco conhecidos, revelando aspectos até então misteriosos dessa saga empolgante”, explica a autora. Um dos enigmas desvendados é o percurso mais completo do Caminho do Peabiru, com trechos desconhecidos até agora. Para isso, Rosana analisou manuscritos do século XVI e estudos recentes, muitos localizados pelo pesquisador Fábio Krawulski Nunes, de Jaraguá do Sul.

Com base nessas evidências, Rosana assegura: o Peabiru catarinense passava pelo Rio Itapocu (Tape Poku, “caminho comprido”, em guarani) e não por Joinville e Garuva, como alguns tentam impor sem respaldo histórico.

Além de um lançamento, esta é a celebração de uma vida dedicada à pesquisa e à verdade histórica. Rosana Bond devolve ao Brasil e ao mundo um personagem esquecido e um enredo que merece ser contado.

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Da redação

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