Imagem da Ilha

Na semana em que o carnaval começa a ser montado para o desfile de Escolas de Samba no Rio de Janeiro e em São Paulo, Florianópolis assiste a tudo de longe, pela TV, assim como era nos anos 1950, quando o carnaval na capital catarinense ainda era incipiente. Mas nem tudo está perdido. Mesmo devido à Covid-19, quando os desfiles na cidade foram cancelados, passistas e ritmistas locais continuam seus ensaios.

Nossos "Personagens da Semana" trazem a resiliência na mente, no coração e nos pés. Leandro Murillo é coreógrafo, e Kamille Silva e Caroline Mara Maier são passistas da Escola de Samba Copa Lord, em Florianópolis. A entrevista aconteceu por acaso em uma das pedaladas do repórter, que identificou o treinamento do grupo em uma área de ginástica na Beira-Mar Norte, no sábado de manhã.

Kamille é natural de Florianópolis e participa do Carnaval desde criança, por influência da mãe e da avó, que sempre desfilaram em escolas de samba. “Eu participo dos desfiles desde os 14 anos, agora estou com 24. Ou seja, já desfilo há 10 anos. Eu vejo no carnaval, além da festa popular onde todos se divertem, uma exaltação da mulher negra. Foi com o carnaval que eu consegui encontrar as referências que me careciam nas mídias tradicionais. Até o ponto em que me encontrei com as passistas, as mulatas, e posso até ser referência para as próximas gerações. É por amor ao carnaval que estamos treinando, ensaiando passos e coreografias. Com isso, posso mostrar o melhor do samba mesmo agora, por exemplo, sem o carnaval”. No dia a dia, Kamille trabalha como analista de licitações.

Grupo ensaia na Beira-Mar Norte
 

Caroline tem 30 anos, é natural de São José, e também participa do carnaval desde pequena através das histórias da família. Mas, há uma década, ela desfila em escola de samba. A mãe era passista da Embaixada Copa Lord. Em 2018, Caroline teve uma conquista, sendo eleita a rainha do carnaval de Florianópolis. Desde então, ela continua se aprimorando. “Eu represento a escola de samba e também sou referência para outras pessoas. Por isso, continuo fazendo aulas pra sempre me aprimorar, mesmo sem o carnaval”, conta. Caroline trabalha como assistente de desenvolvimento de projetos.

O incentivo do coreógrafo

Leandro Murillo é o coreógrafo da turma e, segundo ele, está no carnaval de Florianópolis desde que “se entende por gente”. Aos 4 anos de idade, pela mão dos avós e pais, sempre teve contato com essa festa popular. Leandro mora na comunidade do Morro do Mocotó e começou na escola de samba Protegidos da Princesa. Por muitos anos foi mestre-sala da Embaixada Copa Lord. Ele tem formação em dança e, inclusive, já integrou as escolas de samba do Rio de Janeiro na comissão de frente de da Paraíso de Tuití e da campeã Vila Isabela.

Essa vivência potencializou trazer o seu trabalho para Floripa. “Com isso, posso ajudar as meninas a se aperfeiçoarem, a se capacitarem para se tornarem grandes passistas, já que o carnaval é uma arte que se complementa, nos traz disciplina e, indo um pouco mais longe, faz com que nos apaixonemos cada dia mais por esta grade festa popular brasileira”.

Para ele, a pandemia atrapalhou muito todo o processo das festas de carnaval. “O primeiro ano foi bem complicado, já que tínhamos a expectativa de que a pandemia passasse logo. Mas foram 2 longos anos que parecerem ‘uma eternidade’. Tentamos até realizar aulas online pra não deixar esfriar o corpo, mas é muito diferente. O carnaval exige o calor humano, o presencial faz muita diferença. Por isso, a retomada foi tão importante, para trabalhar a auto estima, para podermos voltar a respirar o nosso carnaval, que é de suma importância. Além de coreógrafo, Leandro trabalha como chefe de cozinha.

Assista um pouquinho do ensaio do grupo na TV Imagem da Ilha.

Texto escrito por Hermann Byron Neto

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