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Paralelepípedos do centro leste estão em jogo em nova obra na Capital
De acordo com a Prefeitura, série de intervenções visa garantir acessibilidade universal da região. Arquitetos defendem história da cidade

Prospecto de como ficará a Rua João Pinto (Imagens: Divulgação/PMF)

Publicado em 29/11/2021

O centro leste de Florianópolis será revitalizado. O projeto foi aprovado pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) e contempla as ruas Tiradentes, João Pinto, Nunes Machado, Arcipreste Paiva, dos Ilhéus, a da Praça Fernando Machado e a que fica em frente à Catedral, e os calçadões do Largo da Alfândega e da Rua Antônio Luz (em frente ao Terminal Cidade de Florianópolis).

De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura, responsável pela condução das obras, os trabalhos visam melhorar a acessibilidade da população, principalmente, dos idosos e das pessoas com deficiências, e alavancar o comércio local. "A ideia é privilegiar as pessoas e deixar essa região do centro histórico mais harmônica e no estilo do novo Largo da Alfândega", disse o secretário de Infraestrutura, Valter Gallina.

A principal intervenção na infraestrutura viária já definida é a retirada do pavimento asfáltico que foi indevidamente colocado sobre o pavimento de paralelepípedo há anos em dois pontos do entorno da Praça XV de Novembro. São eles: toda a rua que fica em frente à Catedral, e a Rua Arcipreste Paiva, no trecho que vai do Calçadão da Felipe Schmidt ao Largo da Alfândega. De acordo com a Secretaria da Infraestutura, esses pontos vão receber o antigo paralelepípedo que será retirado de vias adjacentes, uma vez que o que existe sob o asfalto atual está inutilizado.

Outra importante mudança é a substituição de parte do pavimento de paralelepípedo em quase todas as demais vias a serem beneficiadas com a revitalização por pavimento em blocos de concreto intertravados. A exceção fica por conta dos trechos da Rua Arcipreste Paiva e da Rua dos Ilhéus, também em volta da Praça XV, em frente aos prédios históricos do Palácio Cruz e Sousa e da Casa de Câmara e Cadeia, respectivamente, que continuarão com o paralelepípedo existente.

Valorização da estrutura original

De modo a valorizar a estrutura original, a Prefeitura salienta que o paralelepípedo ficará à mostra nas bordas da faixa de rolamento, em todas as ruas que terão o pavimento trocado, assim como alguns elementos desse antigo pavimento serão mantidos nas esquinas das vias – mesmo que o paralelepípedo não seja tombado como patrimônio histórico. No mais, serão preservados os meios-fios de granito, estes, sim, considerados de valor histórico.

As pistas propriamente ditas também passarão a ter desnível uniforme de apenas cinco centímetros, com relação às calçadas que, por sua vez, estarão niveladas às travessias de pedestres a serem feitas em concreto. Atualmente, a média do desnível entre os meios-fios e as pistas é de 15 centímetros. Outra intervenção na infraestrutura viária local a ser feita é a substituição do petit pavê por placas de granito no calçadão da Rua Antônio Luz.

Sem participação

O Movimento Traços Urbanos, que vinha participando ativamente de várias atividades envolvendo o Centro Histórico da capital, até o início da pandemia, não teve participação nesse projeto que será colocado em prática pela Prefeitura de Florianópolis.

A arquiteta Silvia Lenzi, integrante do Movimento, conta que há mais de três anos já se ouvia que a Prefeitura estava desenvolvendo um plano para essa área e que iria colocá-lo em discussão. “Tínhamos a expectativa de conhecer esse projeto e apresentar nossas reflexões sobre as potencialidades da região pelo fato de, ao longo de mais de dois anos termos realizado diversas atividades nesse lugar, voltadas para a qualificação dos espaços públicos”, lembra.

Silvia salienta o atual estado de abandono da região e defende que a área precisa de intervenção. “Defendemos um Projeto de Requalificação Urbana com a manutenção dos paralelepípedos, pois a pavimentação com paralelepípedos bem executada é extremamente durável e quase não exige manutenção. Serve também como redutora de velocidade e inúmeros são os exemplos de lugares que possibilitam caminhadas seguras e confortáveis sobre pedras bem assentadas”, destaca.

Lembrando que os paralelepípedos representam uma das características marcantes da memória urbana do centro de Florianópolis e fazem parte do  conjunto urbano histórico da sua área central. “Sua manutenção agrega valor a um adequado Projeto de Requalificação Urbana. Se considerarmos o potencial turístico local, o que é mais interessante: espaços  indiferenciados ou lugares que contam a história da cidade em suas ruas de pedra?”, finaliza a arquiteta.

Demais obras

De acordo com a Secretaria de Infraestrutura da Capital, as obras contemplam ainda a terraplanagem que se fizer necessária para o assentamento do novo pavimento e o melhoramento do sistema de drenagem da região, e uma série de serviços complementares.

São eles: a restauração das calçadas, com a ampliação de larguras onde for preciso (e neste caso apenas a Rua Tiradentes não será alargada por falta de espaço) e piso tátil; a reorganização das vagas de estacionamento; as implantações de segmentos de ciclovias com placas de granito, de alguns mobiliários urbanos como bicicletários, bancos de concreto, lixeiras, floreiras e vasos, bem como de balizadores (estruturas tubulares de aço para delimitação do espaço entre a pista e a calçada), principalmente nas esquinas, e a devida sinalização horizontal e vertical.

As Ruas Arcipreste Paiva (imagem), dos Ilhéus e Nunes Machado, terão menos vagas de estacionamento 

Vagas de estacionamento mais escassas

Quanto às vagas de estacionamento, as mudanças vão acontecer nas ruas Arcipreste Paiva e dos Ilhéus, no entorno da Praça XV, e na Rua Nunes Machado. Nas duas primeiras vias, as vagas dos lados opostos ao da praça pública deixarão de existir para que possa ser dada continuidade às ciclovias das vias. Assim, a ciclovia da Arcipreste Paiva será estendida até o Largo da Alfândega, e a da Rua dos Ilhéus irá ao Terminal Cidade de Florianópolis.

No caso da Rua Nunes Machado, que atualmente tem vagas de estacionamento em ambos os lados da via, passará a dispor do espaço destinado aos veículos somente em um lado. Nesta via, as vagas serão demarcadas pelo antigo paralelepípedo.

NOTA: Neste mês (novembro), foi fechado o edifício-garagem inaugurado há 6 anos na Rua Arcipreste Paiva (ao lado da Catedral Metropolitana, considerado o mais moderno edifício-garagem do Brasil. O prédio tinha capacidade para 256 vagas e o  sistema era operado por 19 robôs, com quatro elevadores que recebiam, acomodavam e entregavam os veículos automaticamente.


ACESSE O PROJETO CLICANDO AQUI.


Da redação

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