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O impacto de Cláudia Rosa no ecossistema de startups
Especialista transforma a cena de inovação no Brasil com investimentos estratégicos e apoio a mulheres empreendedoras

Cláudia Rosa com o prefeito Topázio Neto: ele deu a ela a missão de trazer “grandes cheques” para Floripa. (Foto: Fernando Bond)

Publicado em 17/12/2024

A personagem desta semana é a maior investidora anjo de startups do Brasil. E que tem uma relação umbilical com Florianópolis: foi aqui que Cláudia Rosa fez uma das suas primeiras investidas em 2016, numa empresa que estava incubada no Celta (a “mãe” das incubadoras tecnológicas do Brasil, fundada em 1986). Ela apostou na Compass, empreendimento que desenvolveu um sistema que guia usuários na utilização de softwares corporativos e que fez uma trajetória de grande sucesso, até que foi vendida em 2022 para a plataforma de gestão Ômie.

Desde então, Cláudia Rosa não deixou de olhar, nem de investir, em Floripa e em Santa Catarina. No começo deste mês de dezembro, ela agendou uma série de encontros na cidade, para conhecer melhor o ecossistema de Tecnologia e Inovação da Ilha do Silício, mas também para colocar toda a sua experiência à disposição da cidade no sentido de colaborar com o ambiente de negócios.

E um desses encontros foi com o prefeito Topázio Neto, que “escalou” Cláudia Rosa para algumas missões. Você vai saber quais são elas logo depois de conhecer um pouco sobre a vida dessa empreendedora, única mulher que chegou ao Top 3 dos Investidores Anjo do Brasil do Startup Awards 2024 e que é convidada especial do famoso Shark Tank do Canal Sony, onde os grandes “tubarões investidores” escolhem as melhores startups para investir. 

Claudia Rosa vem de uma família grande, animada e festiva, características que ela carrega consigo até hoje. “Sou a sexta filha de uma família de oito irmãos”, contou ela numa entrevista para o site Startupi.com. Ainda na infância, ela perdeu o pai, o que fez com que a mãe, ela e os irmãos precisassem ser criativos para manter as contas em dia. Além da alegria herdada do pai, outros ensinamentos a acompanharam por toda a vida. “Sempre fui muito estudiosa, educada e tranquila. Também peguei esse lado sonhador do meu pai”, diz.

Aos 14, começou a trabalhar. Seu primeiro emprego foi no centro de São Paulo, em um escritório de advocacia. “Naquela época, eu já projetava pra mim algo diferente da realidade em que eu vivia”, comenta. Claudia se formou em Administração e, em 1997, tornou- se consultora de empresas na PwC, que mais tarde foi adquirida pela IBM, empresa em que ela trabalhou até 2012.

Essa experiência com gestão empresarial foi o divisor de águas para o que viria depois. “Trabalhar na IBM me trouxe muita base de tecnologia, porque é uma empresa de renome mundial em software e hardware. Nós fazíamos os projetos de consultoria para os clientes, mas sempre com uma visão de tecnologia”, conta. “A IBM sempre teve centros de inovação, de tecnologia, fóruns, palestras… Então eu tive muita oportunidade de conhecer conceitos como ferramentas e também ver a aplicabilidade disso em clientes”.

Cláudia é, antes de tudo, mãe: são duas meninas, uma de 20 anos, a Fernanda, e uma de 15, a Paulinha. “Quando me tornei mãe, descobri que tudo o que eu achava que era a minha vida, não era absolutamente nada perto do que é ser mãe”. Foi esse sentimento, despertado pela maternidade, que fez com que Claudia deixasse sua carreira consolidada em uma das maiores multinacionais de tecnologia do mundo para transformar sua trajetória. “Eu queria criar algo meu e queria também, de alguma forma, mudar minha vida”.

Foi então que ela começou a empreender. Em 2012 Claudia montou seu próprio e-commerce, e sentiu na pele, pela primeira vez, os desafios do empreendedorismo. “Até então eu trabalhava em um prédio com mais cinco mil pessoas. De uma hora pra outra, me vi em uma sala praticamente sozinha. Empreender é muito solitário, especialmente quando você não tem outras pessoas com quem trocar ideias”, relembra. Em 2016, ela abriria outro negócio: uma proptech.

“Quando comecei, as startups estavam num crescente no Brasil. Tínhamos também muitas aceleradoras. Era em 2015 e a faixa etária média dos founders de startups era de 25 a 27 anos. A maioria não tinha experiência no mundo corporativo, mas tinha uma excelente ideia e feeling de tecnologia. Então, comecei a fazer mentoria para essas startups e comecei a apoiar o ecossistema de tecnologia como um todo”, conta Cláudia Rosa.

Mas a trajetória de Cláudia também teve um ponto de inflexão importante: o apoio às mulheres empreendedoras e à diversidade. No Startup Summit de agosto passado em Florianópolis, ela fez uma palestra – e esse aspecto foi o destaque. “Eu já estou há oito anos como investidora-anjo. Eventos como este agregam muito para o ecossistema como um todo, mas principalmente para mulheres. Nós motivamos mulheres para que elas participem do ecossistema empreendendo, mentorando, integrando conselhos e investindo em startups. Hoje, nós temos vários grupos de investidores, alguns são específicos de mulheres que investem em startups”, informa Cláudia.

E ela até criou um podcast para interagir mais com o público feminino, mas não só ele. “Eu comecei a sentir falta demais da voz feminina, era algo visível para mim, e foi onde eu criei o ‘Ela Investe’, onde eu fomento o empreendedorismo e a diversidade, eu falo com homens e com mulheres. Como tem um nome feminino, muitas pessoas pensam que eu falo só com mulheres, mas não é. E posso garantir que é enorme a quantidade de mulheres e pessoas que se inspiram com o Ela Investe, um programa pelo qual eu não recebo nada, um projeto de apoio ao ecossistema. Inspira mulheres e muitos homens também”, garante Cláudia.

Toda essa semeadura teve sua colheita: em 2022 Cláudia Rosa recebeu o prêmio de Maior Investidora Anjo do Brasil do Startup Awards (em 2024 ela ficou no Top 3 da premiação, a única mulher), o Prêmio Araucária 2024 no Paraná na mesma categoria e também ficou no Top 50 dos melhores conselheiros de empresas do Brasil.

Bem, agora que você conheceu um pouco da nossa personagem da semana, resta saber com mais detalhes qual foi a missão que o prefeito encomendou a ela. Numa audiência no gabinete dele, Topázio Neto disse que Floripa, como recém-nomeada Capital Nacional das Startups pelo Congresso Nacional, precisa atrair “os grandes cheques” dos grandes investidores brasileiros, a começar pela atração dos grandes líderes nacionais de Venture Capital.

Ali mesmo Cláudia Rosa aceitou o desafio, que vai contar com o apoio da secretária de Turismo Zena Becker (também uma das grandes líderes de mulheres de Santa Catarina) e do secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Juliano Pires. Em diversas outras agendas na cidade, Cláudia Rosa já começou a traçar os planos para que, em 2025, a Capital catarinense atraia os tais “grandes cheques” que o prefeito tanto quer.

“Estou encantada por Floripa, pela qual já era apaixonada desde o meu primeiro investimento aqui em 2016”, ela revela. Tanto que a sua última coluna de artigos na revista Exame teve como título “O que aprender com a Capital Nacional das Startups”. Ao Imagem da Ilha, ela garantiu: “Vou voltar muitas vezes em 2025, mas lá no fundo meu sonho é vir morar aqui”. 

 

 

Da redação

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