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O foguete BYD sobe muito rápido, não sem riscos
Em quatro anos fabricante chinesa multiplicou por dez sua produção e é avaliada em US$ 105 bilhões, mas grande investidor prevê problemas

Com estoques elevados e tarifas externas, a BYD precisa equilibrar crescimento e sustentabilidade financeira. (Foto: Divulgação)

Publicado em 28/01/2025

A BYD se consolidou como a maior fabricante de veículos elétricos e híbridos do mundo, multiplicando sua produção por dez em quatro anos e alcançando um valor de mercado de US$ 105 bilhões, atrás apenas de Toyota e Tesla. No entanto, o futuro da empresa levanta incertezas, especialmente após Warren Buffett, um dos seus principais investidores desde 2008, reduzir sua participação para menos de 5%. Esse movimento coincide com um cenário geopolítico desafiador, marcado pela crescente tensão entre China e Estados Unidos.

A disputa global por tecnologias estratégicas tem levado os EUA a impor barreiras comerciais contra produtos chineses. O governo Biden já determinou tarifas de 100% sobre veículos elétricos da China e proibiu o uso de softwares e equipamentos de conexão chineses no país, dificultando a entrada da BYD no mercado americano. Analistas apontam que a empresa pode enfrentar desafios semelhantes na Europa, onde há discussões sobre a imposição de tarifas contra carros elétricos chineses.

O crescimento da BYD tem sido impulsionado por sua forte verticalização: 80% dos componentes são fabricados internamente, reduzindo custos em até 25% frente aos concorrentes. Além disso, a empresa domina a produção de baterias e investe em design e inovação, contando com 110 mil engenheiros e 29 mil patentes. A expansão global também avança, com fábricas em construção no México, Indonésia e Brasil, onde a companhia está instalando sua maior unidade fora da China, em Camaçari.

Apesar da ascensão, a qualidade dos produtos ainda é uma incógnita. O estudo da JD Power na China apontou problemas significativos nos modelos Seal e Song Plus, que registraram mais de 200 falhas a cada 100 veículos vendidos. A rápida expansão também gera preocupações, já que a produção acelerada pode comprometer o controle de qualidade. Além disso, a empresa enfrenta restrições comerciais crescentes, com tarifas altas nos EUA e na União Europeia, e acusações de concorrência desleal no Brasil.

A estratégia comercial agressiva da BYD tem causado insatisfação entre concessionários, especialmente na Tailândia, Indonésia e Brasil. A marca tem distribuído lojas em áreas próximas, reduzindo a margem de lucro dos revendedores. No Brasil, embora tenha vendido quase 77 mil veículos em 2024, encerrou o ano com um estoque elevado de 40 mil unidades, o que pode levar a cortes de preços e prejuízos. A fabricante também enfrenta questionamentos sobre seu endividamento, com indícios de que parte das dívidas com fornecedores estaria sendo mascarada no balanço.

Apesar dos desafios, especialistas acreditam que a BYD tem estrutura para administrar os riscos e seguir crescendo, ainda que em ritmo mais lento. No entanto, sua trajetória meteórica pode sofrer impactos significativos diante das tensões geopolíticas e das barreiras comerciais impostas por mercados estratégicos. A empresa segue como protagonista na revolução dos veículos elétricos, mas o caminho à frente exigirá mais do que apenas inovação e expansão agressiva.

Por Pedro Kutney.

Pedro Kutney é jornalista especializado em economia, finanças e indústria automotiva. É autor da coluna Observatório Automotivo, especializada na cobertura do setor automotivo. Ao longo de mais de 35 anos de profissão, editou jornais, revistas e portais de notíciais do segmento.

 

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Da redação

Fonte: AutoIndústria

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