Imagem da Ilha

Das tramas primitivas às tecnológicas, os tecidos acompanham a trajetória humana tanto como espécie quanto como indivíduos. Oferecem conforto térmico, sensorial e estético para proteger, afagar e adornar o corpo. Um objeto quase que absorvido como identidade no tempo agora/afora/adentro.

Bromélias elétricas, obra do duo Otropicalista, inspirada nos jardins de Meyer Filho (Foto: Fernando Willadino)

Instalação Jardim de Marte, 2022  (Foto Fernando Willadino)

Dizem que o uso de adornos é tão antigo quanto o próprio homem, que sempre apropriou-se deste artifício para destacar-se dos demais ou para fazer parte de um todo, na busca de uma alteridade na expressão do belo, do mágico, da representação cultural e física da identidade do SER.

Arquitetura comportamental propõe olhar único aos ambientes

Desde quando relatou sua primeira viagem ao Planeta Vermelho em 1963, o artista catarinense Meyer Filho trouxe de volta à Terra a dimensão de uma paisagem habitada por seres incrivelmente fantásticos, floridos e híbridos. Autoproclamado embaixador de Marte, os devaneios de Meyer não apenas "palmilhavam" o rastro no solo marciano, mas mostravam uma vida repleta de paz, cores, formas e utopias em órbita no espaço sideral.

Lenços de seda, esculturas de criaturas fantásticas inspiraram o imaginário da dupla Otropicalista. Os vasos tramados a partir das sobras de tecidos da indústria têxtil são elaborados por Ana Gern, artista convidada para expor suas criações/artefatos que sinalizam a chegada da primavera galáctica (Foto: Fernando Willadino)

A partir da atualização e ressignificação dessa perspectiva é que surge o projeto Jardim de Marte. Iniciado em 2020 pelo duo Otropicalista, resulta na exposição homônima que ocorre até 20 de dezembro, na Casa Canto, em Florianópolis. Composta pela instalação site especific que ocupa toda uma sala, além de pinturas, gravuras e esculturas e obras têxteis. O destaque fica com a coleção-cápsula de impressões digitais sobre lenços de diferentes formatos. Cada imagem é limitada a uma tiragem de três peças, além de uma prova de artista (PA).

Os lenços de seda são leituras/estampadas do Planeta que Meyer pintou, oralizou, descreveu e jurou visitar inúmeras vezes no espaço sideral. "É verdade! É tudo verdade!!! (Foto: Fernando Willadino)

"Atualizamos nossa produção têxtil com referências imagéticas que transitam entre o barroco, o moderno, o contemporâneo e, até mesmo, uma ficção de futuro. É desse caleidoscópio antropofágico que brotam as imagens estampadas em lenços de seda pura, produzidos a partir da interlocução entre a tradição artesanal com as novas tecnologias", contam Marco D Julio e Marcelo Fialho.

A série em quadros "Jardim de Marte" (Foto: Fernando Willadino)

Mais duas marcas convidadas: Laci Baruffi criou bolsas com o tecido Jardim de Marte assinado pelo duo Otropicalista. E a Pia Laus revela a sincronicidade do fazer a partir de matérias-primas provenientes do descarte da indústria têxtil por meio de técnicas artesanais. Complementa a coleção apresentada com suas peças de puro conforto (Foto: Fernando Willadino)

A mostra pode ser conferida até 20/12, das 13h às 19h, na Rua Alves de Brito, 406, no centro de Florianópolis. em Florianópolis. A programação completa "Jardim de Marte" está disponível no IG @jardim.de.marte e @otropicalista.

Texto escrito por Luciana de Moraes

Da redação

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