Ana Trevisan assina a Praça O Futuro é Ancestral na CASACOR/SC
A arquiteta e paisagista apresenta uma praça que destaca a relação dos povos indígenas com a terra e a flora nativa
Um lugar outrora árido é paisagem transformada pelas mãos do escritório Ana Trevisan
Espaços Vivos na CASACOR/SC-Florianópolis, que abriu ao público no domingo (29), no The Season Residence Club. A Praça "O Futuro é Ancestral" trama a conexão da arquiteta e paisagista Ana Trevisan com sua origem e as sabedorias guardadas pela etnia Guarani, que vive em solo catarinense e resiste às ações do tempo contemporâneo. Mergulhar na cosmovisão indígena e sua forma de estar no mundo foi o caminho de pesquisa percorrido pela profissional para propor um espaço vibrante e de pura conexão com a natureza.
"Abarcada pelo tema da mostra catarinense "De presente, o agora", voltei aos laços que me unem à cultura indígena. E, principalmente, com a intenção de compreender a relação que os povos originários possuem com a terra, com as plantas. Uma escuta ativa que desdobrou na criação de vários elementos marcantes no espaço, como o trabalho do artista e muralista Danka Umbert, inspirado nos grafismos das tatuagens indígenas. Ainda o Jardim da Cura com plantas e ervas com diversos benefícios à saúde. E a forte presença da flora entremeada por áreas projetadas para curtir, permanecer e sentir toda a ambiência a céu aberto", conta a arquiteta e paisagista Ana Trevisan. A participação nesta edição também tem um propósito celebrativo. A profissional marca seus 20 anos de carreira oferecendo ao público uma experiência especial para ficar na memória. Já nos primeiros passos do roteiro oficial do evento, a praça marcada pelo grafismo aplicado no chão gera um grande impacto visual. Ao avistar a explosão de tons e texturas intensificados com a chegada da primavera, os visitantes são convidados a caminhar entre os canteiros de formatos orgânicos que delineiam o território.
A seleção de espécies escolhidas floresce em diversidade de cores, aromas e formas. E os grandes vasos fonte que recepcionam logo na entrada do espaço, trazem como destaque as novas cores no Urucum vivo e envelhecido - vermelho e marrom -, desenvolvidas por Ana Trevisan em collab com a Vaso&Cor.
"Chegamos ao Urucum, fruto do urucuzeiro, uma árvore nativa do clima tropical. É bastante utilizado nas pinturas do rosto, na culinária e nos rituais guaranis. A cor terrosa motivou uma pesquisa junto com o empresário Erivelto Fonseca da Vaso&Cor. Além do lançamento nacional dos tons na nossa praça, as pessoas vão viver uma verdadeira experiência com a configuração proposta", pontua.
Na Praça "O Futuro é Ancestral", visitantes são convidados a mergulhar em uma experiência que une arte, natureza e sabedoria indígena.
Estar em meio à natureza
Nos lounges para curtir o frescor dos dias e noites, o escritório foi generoso em oferecer espaços com espreguiçadeiras sombreadas por Ipês Amarelos e a árvore Pau Ferro. Neste canto esquerdo também ficam as bacias com queimadores que trazem o elemento fogo como símbolo de transmutação.
Do lado oposto, outro ponto de permanência é evidenciado com as cadeiras rodeadas por jabuticabeiras, araçás, grumixama plantadas em vasos preenchidos com flores comestíveis.
Sob a árvore João Bolão já existente no terreno, Ana inseriu quatro tablados de madeira ecológica em alturas diferentes para estimular os visitantes a sentirem o sopro do vento, a agitação das folhas e até mesmo aguardar a aparição da lua no topo do céu. Nomeado de Nhemongueta - Espaço de união e concentração pela cacique Eliara da tribo Yakã Porã.
O Jardim de Cura, cultivado em jardineiras modulares, chama a atenção para a propriedade terapêutica de ervas e plantas, especialmente, num tempo de excessiva medicação. O verde é usado sem moderação nos jardins verticais, neste caso, revestindo ainda as colunas do pórtico do hall de entrada. Lugar que ainda reserva um balanço, para lembrar dos bons tempos da infância, e do gostoso "vai e vem" que embala o corpo. À noite o projeto luminotécnico revela o desenho da praça com destaque para a árvore João Bolão, que recebe projeção de luz na cor vermelha, abordando os efeitos devastadores das queimadas recentes nos biomas naturais e na vida dos povos originários.
Da redação
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