Zona de conforto nociva: Saiba como sair dela
Segundo um estudo da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, uma média de 40% das ações do cotidiano são realizadas no formato de piloto automático. No estudo, os chamados “atos inconscientes” ocorrem pela constante necessidade de poupar esforços mentais, resultando na mesmice dos hábitos.
De acordo com o psiquiatra Adiel Rios, Mestre em Psiquiatria pela UNIFESP, pesquisador no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP); na prática, a propagação de atitudes similares na rotina pessoal e profissional promove a internalização de um determinado padrão que, ao longo do tempo, se torna involuntário.
“O desenvolvimento de hábitos é um movimento ininterrupto que acontece desde a infância até a terceira idade. Ou seja, ninguém nasce com um pensamento automático. Na verdade, os padrões comportamentais são criados de acordo com o ambiente externo e as experiências individuais”, completa Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, preceptora na residência da Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
Para mudar este cenário, os especialistas listaram 5 dicas para se reinventar, fugindo da nociva zona de conforto:
Pratique a substituição
A motivação é a base da mudança de hábito, mas não é o suficiente para modificá-lo da noite para o dia, já que o cérebro tende a criar resistência no processo de adaptação diante de um novo comportamento. Sendo assim, prefira a substituição em vez do abandono.
“Um bom exemplo é o trabalho. Quer diminuir o ritmo sem prejudicar suas metas? Se você é mais produtivo pela manhã, opte por este horário para realizar projetos mais complexos. Assim, você ganha agilidade e evita acúmulo de tarefas, sem precisar sabotar o tempo livre e, claro, a saúde”, afirma Danielle Admoni.
Apoie-se em prazos realistas
A constância é uma das partes mais desafiadoras de um processo de mudança de hábito, pois o fato de um novo comportamento remeter a uma ação definitiva gera uma barreira emocional. Além disso, o excesso de motivação pode se tornar uma armadilha ao provocar um esforço excessivo no início do processo e uma desistência no meio do caminho.
Contudo, há possibilidade de fazer uma reprogramação mental menos penosa ao se apoiar em prazos razoáveis, podendo implantar as novas ações no cotidiano sem sentir pressão por isso. “Tente definir seus objetivos em curto, médio e longo prazo, a depender do grau de dificuldade de cada um. Seja realista ao compreender quanto tempo e disponibilidade serão precisos para efetivar suas mudanças”, adverte Adiel Rios.
Fuja de padrões negativos
Além das distrações físicas em uma modificação comportamental, existem também as barreiras mentais. Entretanto, a técnica do “mas” é uma espécie de braço direito no contorno desta situação. Ao ter pensamentos sabotadores, corrija-os, usando o “mas”. Por exemplo, “exercitar-se todos os dias é cansativo, mas fará bem à saúde”.
Adote o desapego
A busca por mudanças positivas nem de longe está no “ter”. “Quantas vezes alguém sentiu um vazio interno, foi ao shopping, comprou um monte de coisa e voltou para casa com o sentimento de satisfação? Essa sensação é falsa e momentânea. Logo, o vazio volta, pois não são ‘coisas’ que preencherão esta lacuna e tampouco resolverão suas angústias”, explica Danielle Admoni.
Daí a necessidade de ter autoconhecimento, descobrir sua identidade, suas necessidades e o que realmente é importante na sua vida, sem precisar torrar o cartão de crédito.
“Faça um check list da sua vida. Identifique o que tem de errado e tente mudar ou resolver o problema. Pense em quem você é, quais os seus valores, suas metas. Sinta se você está feliz com a vida que leva ou apenas acomodado. Descubra o que te dá prazer em viver, e que não tenha relação com consumo. Na medida que percebemos nossas prioridades, começamos a desapegar e construir uma nova forma de viver. Respiramos com alívio quando, em vez de comprar mais um livro, resolvemos começar a ler algum dos 17 que estão empilhados na mesa”, reflete a psiquiatra.
Não tenha medo de mudanças
Muitas pessoas encaram as mudanças como algo ruim, pois se sentem fora da zona de conforto. No entanto, outras aproveitam para inovar. Se você perdeu o emprego, por que não tirar da gaveta aquele projeto dos seus sonhos que estava à espera de uma oportunidade para ser executado? Pode ser um negócio próprio, uma mudança de área, uma mudança de cidade... A vida tem imprevistos o tempo todo, e você deve ter um plano B para quando eles surgirem.
“Vale lembrar que, muitas vezes, é preciso ‘abandonar’ a vida que havíamos planejado, pois já não somos mais as mesmas pessoas. Somos seres em eterna mutação, seja internamente ou pela necessidade de seguir a evolução do mundo. Portanto, se você havia feito vários planos, mas depois perdeu a identificação com eles, siga sua intuição e mude a rota. Trace metas que estejam alinhadas com seu ‘eu’ atual, com suas novas perspectivas de vida. Valores têm mais relação com ‘o que você quer ser’ do que com ‘o que você quer ter’. Essa evolução te ajudará a fazer escolhas coerentes e a trilhar caminhos mais produtivos, evitando que você perca tempo com aquilo que já não te interessa mais”, finaliza Adiel Rios.
Da redação
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