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Por que sentimos interesse pela vida alheia?

Segundo neurocientista, a fofoca e o interesse por informações dos outros são biológicos e até certo ponto, automáticos (Foto: Internet/ Reprodução) **Clique para ampliar

Publicado em 16/01/2023

O maior reality show do Brasil começa hoje e com ele o interesse de milhões de pessoas em acompanhar a rotina de desconhecidos, com quem passam a conviver diariamente. Para além de simpatizar ou não com este formato de entretenimento, a ideia de acompanhar a vida alheia vai além da mera curiosidade e expõe aspectos humanos primários que superam as facilidades do mundo moderno.

Segundo a neurocientista Livia Ciacci, a fofoca e o interesse por informações dos outros são biológicos e até certo ponto, automáticos, sendo essenciais para a dança social. "Desde que em doses moderadas, ciúme, interesse pela vida alheia, inveja e satisfação com o azar do outro, não precisam ser vistos como problemas a serem reprimidos a todo custo, pois fazem parte de um grande quebra cabeça social que nos ajudou como espécie, e ainda ajuda em certo grau. Por exemplo, a inveja de uma conquista alheia pode servir de motivador para um esforço maior na minha vida”, disse.

O que está por trás deste interesse?

A neurocientista Livia Ciacci explica que o súbito interesse pela vida de alguém começa ainda quando somos bebês e todos nossos comportamentos são moldados desde a infância com base nos resultados que eles geram socialmente. “O cérebro humano possui uma estrutura preparada para observar os outros e interagir com eles, seja para gerar alianças ou competir. No córtex pré-frontal ventromedial está uma parte da regulação dos comportamentos sociais e manutenção de vínculos. Já no córtex somatossensorial direito está a base de sentimentos sociais, como a empatia e a capacidade de prever sentimentos por trás de expressões faciais”, explicou.

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Além disso, segundo ela, também temos os neurônios espelho, que se ativam quando observamos uma ação de outra pessoa e criam uma atividade neural semelhante em nosso cérebro, como se nós estivéssemos fazendo aquela ação. “Por exemplo, quando alguém chora perto de nós, automaticamente nosso rosto muda de expressão, ou quando alguém sorri, nós sorrimos de volta”, detalhou.

A formação de grupos semelhantes

A partir dos reconhecimentos que fazemos dos outros, nosso cérebro tende a agrupar com aqueles que pensam e reagem ao mundo de forma parecida com a nossa, pois a previsibilidade do outro gera interações mais agradáveis e formamos alianças e amizades. “O problema começa no limite do nosso cérebro de formar grupos semelhantes. Não confiamos em todo mundo. Imagine nossos antepassados nas savanas, a cooperação era necessária para a sobrevivência, mas como saber - dentre todos os próximos, em quem confiar?”, explicou.

O pesquisador Frank McAndrew publicou um texto na Scientific American Mind explicando que neste período da história humana só seria bem-sucedido quem soubesse o que estava acontecendo com os indivíduos ao redor, quem estava dormindo com quem, quem era mais forte, quem conseguia recursos e território e a adaptação biológica para reforçar esse comportamento foi exatamente ele ser prazeroso.

O interesse pela vida alheia

A neurocientista Livia Ciacci explica que a dinâmica social de hoje expõe publicamente, por redes sociais ou programas de TV, a vida de bilhões de pessoas, o que se torna um “parque de diversões” para nossos sistemas de reconhecimento emocional e julgamento social, trazendo à tona todos os instintos em diferentes intensidades. “Mesmo que essas pessoas expostas sejam famosas e estejam distantes, ter acesso a tantas ‘informações’ íntimas sobre a vida delas engana o cérebro, que entende que elas são importantes e as julga como se estivessem próximas”, alertou.

Acompanhar a vida alheia: será que isso me faz mal?

O problema, segundo ela, como em quase tudo na vida, está nos excessos. “Se mergulhar na vida alheia e deixar de ser responsável pela própria vida é um grande desperdício de tempo!

Outro problema sério é não ter maturidade suficiente para controlar esses impulsos na vida profissional. O ambiente de trabalho exige muito mais cuidado e atenção com as condutas, pois uma fofoca no momento errado pode prejudicar seriamente as pessoas envolvidas”, alertou.

Por que precisamos saber de tudo?

A teoria do Fear of missing out (FOMO) ou – em tradução livre, medo de perder algo, ajuda a entender essa necessidade de acompanhar ou saber de tudo que desenvolvemos com o avanço da tecnologia. FOMO é o estado mental em que o indivíduo fica ansioso e com medo de não conseguir acompanhar as atualizações, então ela se mantém conectada o tempo todo às redes sociais e a internet.

Como as fofocas por si só atraem a atenção, o fato delas estarem compiladas em um aparelho que fica quase 24 horas na nossa mão é extremamente tentador. Mas não são todas as pessoas que caem no círculo vicioso do “medo de ficar de fora” “O estudo publicado em 2021 por Giulia Fioravanti e colaboradores na revista “Computadores no Comportamento Humano” mostrou que o estado de ‘FOMO’ foi positivamente correlacionado com depressão, ansiedade e neuroticismo (níveis altos de sofrimento subjetivo) e negativamente correlacionado com os níveis de consciência. Ou seja, quanto mais consciência da própria vida, propósitos e autoconhecimento, menos ansiedade por ficar acompanhando notificações ou postagens”, detalhou.

Está viciado em BBB? Veja dicas para acompanhar menos:

Mude o foco de atenção, procure olhar para a própria vida com mais carinho. Isso pode ser cultivado por meio de:

- Leituras que auxiliam no autoconhecimento - sempre em livros de papel! 

- Crie de conexões reais com pessoas do seu convívio. Por que não chamar aquele colega para um café?

- Reduza o tempo de uso das mídias sociais, tendo em mente que as publicações refletem apenas um pequeno recorte da realidade alheia e que não vale a pena se comparar.

- Insira atividades ao ar livre na sua rotina. Vale uma caminhada ou brincar com o pet.

Fonte: Supera - Ginástica para o Cérebro

Da redação

 

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