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Doença silenciosa acende alerta em SC

Com mais de 600 casos em animais desde 2021, Santa Catarina debate estratégias para conter a doença e proteger a saúde pública. (Foto: Jeferson Baldo/Agência AL)

Publicado em 04/06/2025

Um seminário realizado pela Comissão de Proteção, Defesa e Bem-Estar Animal da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) colocou em foco a esporotricose — infecção fúngica que acomete principalmente gatos, mas também representa risco para seres humanos. O encontro, ocorrido na noite de terça-feira (3), reuniu especialistas, defensores da causa animal e autoridades para debater formas de prevenção, controle e enfrentamento da doença no estado.

Zoonose silenciosa, mas perigosa

A esporotricose é provocada por fungos do gênero Sporothrix, transmitidos sobretudo pelo contato com felinos contaminados. Tanto em humanos quanto em animais, a infecção se manifesta por lesões na pele, sendo considerada uma zoonose com potencial de disseminação urbana.

Objetivo foi esclarecer e mobilizar

Segundo o deputado Mário Motta (PSD), responsável pela proposta do seminário, o evento buscou responder a dúvidas frequentes sobre a doença e indicar caminhos para seu enfrentamento. “Temos recebido diversos pedidos de esclarecimento e ajuda. A preocupação é crescente, já que a doença atinge de forma significativa os gatos e pode ser passada para humanos. O conhecimento sobre ela ainda é limitado”, pontuou o parlamentar.

A médica veterinária Adriana Oliveira da Silva Queiroz, especialista em felinos, foi responsável pela palestra de abertura. Ela apresentou dados sobre a situação da esporotricose no Brasil, formas de contágio, métodos de diagnóstico e as principais medidas de contenção.

“É uma zoonose negligenciada, embora esteja presente no país há bastante tempo. Falta visibilidade. Precisamos tirar os gatos das ruas, incentivar a castração. Eles não são vilões, são vítimas”, afirmou.

Adriana destacou que o comportamento natural dos gatos — como arranhar superfícies e enterrar fezes — favorece o contato com o fungo, que pode ser repassado por meio de arranhões. Ela orientou que felinos domésticos sejam mantidos em ambientes internos e que qualquer lesão aparente seja rapidamente avaliada por um veterinário, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido.

Casos em SC e desafios da vigilância

João Augusto Fuck, diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) da Secretaria de Estado da Saúde (SES), informou que a esporotricose ainda é considerada uma enfermidade recente em Santa Catarina. Desde 2021, foram registrados 650 casos em animais e 140 em humanos. Em 2023, a doença passou a integrar a lista de notificação obrigatória.

“Ainda estamos estruturando a vigilância epidemiológica específica. É preciso compreender como a doença está se espalhando pelo território catarinense para podermos agir de forma coordenada”, explicou.

O tratamento para humanos infectados está disponível gratuitamente na rede pública por meio do Ministério da Saúde.

Falta de informação preocupa profissionais

A médica veterinária Thalyta Marcilio, representante do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-SC), relatou que muitos profissionais da área enfrentam dificuldades tanto no diagnóstico quanto no tratamento da esporotricose. Desde o ano passado, o conselho intensificou ações de orientação a veterinários e pretende ampliar a distribuição de materiais informativos em unidades de saúde. A destinação adequada dos corpos de animais mortos pela doença também é motivo de atenção.

Demandas da sociedade civil

Protetores e ativistas que participaram do encontro denunciaram falhas na estrutura de combate à esporotricose em diversas cidades, como a escassez de medicamentos e a ausência de mutirões de castração.

Fabrícia Costa, diretora do Dibea-SC, lembrou que o governo estadual criou o programa "Pet Levado a Sério", que destina recursos para ações de castração em municípios com até 100 mil habitantes. “A castração é nossa principal aliada no controle das zoonoses, inclusive da esporotricose”, afirmou.

 

 

 

Da redação

Fonte: RCN

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