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Como a paternidade afeta o desenvolvimento cognitivo dos filhos?

De acordo com neurocientista, os pais precisam sempre buscar a melhora das conexões emocionais com transparência e amor, levando em conta as referências que fazem sentido para a geração dos seus filhos (Foto: Reprodução/Internet) **Clique para ampliar

Publicado em 11/08/2022

Mais do que uma data, o Dia dos Pais é marcado por memórias diversas quase sempre ligadas à infância. Seja por momentos vividos ou palavras ditas: o desenvolvimento infantil é diretamente impactado pelas condições impostas pelo ambiente e seus genitores ainda nos primeiros anos de vida.

Mas antes de entender o impacto da paternidade no desenvolvimento cognitivo dos filhos, precisamos entender o peso das emoções na formação intelectual do ser humano.

A emoção no desenvolvimento cognitivo

A neurocientista Livia Ciacci explica que uma emoção é um conjunto de respostas químicas e neurais que surgem quando o cérebro recebe um estímulo externo, seja ele bom ou ruim. Quando o ambiente doméstico é “seguro”, se mantêm ativos os mecanismos inibitórios que controlam as respostas de luta-fuga. Nessa situação, as vias neurais ativadas preparam os músculos da face e da cabeça, o coração, a circulação, os pulmões e todos os mecanismos fisiológicos para o contato social. Neste contexto, os processos mentais de atenção, raciocínio e concentração estão livres para funcionar”, lembrou.

Já se o ambiente é de alguma forma ameaçador, uma área cerebral chamada amígdala vai iniciar um processo excitatório sobre outras regiões, produzindo respostas de luta ou fuga. “Tais respostas podem envolver aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial; ou podem envolver uma “paralisação”, com diminuição dos batimentos e queda da pressão arterial, dentre outros muitos efeitos no corpo. Uma pessoa nesse momento foca apenas no comportamento de reação, não se motivará a aprender e terá dificuldade para socializar”, detalhou.

Na maior parte das vezes, os pais estão tentando dar aos seus filhos o que não tiveram a oportunidade de ter ou o que consideram o melhor dentro das condições que tem no momento. Embora a intenção dos genitores quase sempre seja positiva, nem sempre a emoção é levada em consideração no processo de assimilação da criança e de seu processo de desenvolvimento.

A neurocientista explica ainda que a neurociência já mostrou que os processos cognitivos e emocionais estão profundamente ligados. O neurocientista António Damásio argumenta que a emoção é parte integrante do processo de raciocínio e o auxilia em vez de atrapalhá-lo, como se costumava pensar antes.

Por que a emoção é importante para o cérebro dos filhos?

A especialista explica também que a emoção afeta o processo de retenção das informações e a memória é altamente dependente do significado que atribuímos às coisas e acontecimentos. A atenção é fundamental para aprender, sendo que a atenção é potencializada pela motivação - e a motivação é emocional. “Assim, sabemos que as áreas cerebrais envolvidas no controle motivacional, na cognição e na memória fazem conexões com diversos circuitos nervosos dos sistemas emocionais, tudo funciona junto”, detalhou Livia Ciacci.

Como questões emocionais afetam o entendimento do mundo?

Você já entendeu que o campo afetivo inclui as emoções, sentimentos e paixões, que juntos mostram como o ambiente nos afeta, ou seja, os acontecimentos à nossa volta estimulam as reações do corpo e a atividade mental, influenciando a capacidade de aprender por meio da motivação.

Assim como não aprendemos a beber água sem sede, não aprendemos sem motivação e isso também toca os estímulos emocionais que recebemos ao longo da vida. A motivação é o impulso para a ação em direção a alguma coisa. Nós aprendemos a direcioná-la para aquilo que queremos alcançar, e só vamos querer alcançar aquilo que nos dê prazer.

“Aqui entram em ação os sistemas de recompensa do cérebro. Quando uma criança é afetada positivamente por algo, ele se interessa e se abre não apenas para entender o mundo como também para receber melhor as informações, o que também inclui o aprendizado como nós conhecemos”, detalhou.

Como melhorar isso?

A ciência e psicologia já sabem que o processo de melhoria do que entendemos como paternidade, em todos os seus níveis, está em constante evolução. No entanto, um  ambiente seguro para tentar e errar e a abertura ao diálogo facilitam este processo. “Não há uma receita para o acolhimento perfeito e os pais enfrentam diariamente inúmeros desafios, mas a maior preocupação deve ser criar um clima de segurança afetiva, pois só assim as emoções vão abrir caminho para o aspecto intelectual”, lembrou a especialista.

Como melhorar a relação paterna em prol do desenvolvimento cognitivo?

Sabendo que os sentimentos positivos ou negativos interferem nos processos mentais mais complexos, como a tomada de decisão e o controle dos comportamentos, o foco deve ser na aceitação das diferenças e limitações de cada um.

Estratégias e ferramentas para interação entre pais e filhos são bem-vindas para fortalecer o afeto e a inspiração. “A disciplina é necessária e muito importante no processo de criação dos pais, mas é importante lembrar que rotinas que dão margem para o clima de ameaça, opressão, vexame ou de desvalorização do esforço pessoal fazem o sistema límbico, situado no meio do cérebro, bloquear o funcionamento das funções cognitivas de integração que permitem a resolução de problemas”, concluiu.

Neste Dia dos Pais, aproveite para rever as relações familiares. Confira algumas dicas que podem ajudar:

·        Busque melhorar as conexões emocionais com transparência e amor, levando em conta as referências que fazem sentido para a geração dos seus filhos;

·        Provoque avaliações colaborativas, favorecendo mais a discussão e construção de conceitos do que as respostas certas, como por exemplo, fazendo perguntas às crianças, ouvindo as respostas e explorando seu jeito de pensar;

·        Inclua a possibilidade de cometer erros e aprender com eles, use estratégias que valorizem o erro como forma de aprendizado.

Fonte: Método Supera - Ginástica para o cérebro

Da redação

 

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