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Aznar defende livre iniciativa e comércio em momento de turbulência

José María Aznar destaca papel fundamental da inteligência artificial na reconfiguração de potências mundiais. (Foto: Mafalda Press)

Publicado em 03/10/2024

A humanidade está passando por um período de transformação que pode ser o mais disruptivo que já vivemos até o momento, graças à revolução tecnológica e à nova geopolítica. A avaliação foi feita pelo ex-presidente de governo da Espanha, José María Aznar, em evento realizado na quarta-feira (2) na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC).

Para ele, entre as mudanças estruturais que as democracias do mundo precisam promover para navegar por esse momento de turbulência estão: contas públicas saneadas, incentivo ao livre comércio e à livre iniciativa, um sistema fiscal justo e segurança jurídica.

Aznar afirmou que os países ainda estão se recuperando da crise financeira de 2008 e dos efeitos da pandemia, que, combinados, levaram à ruína da globalização como conhecíamos, e a um consequente aumento do protecionismo, do intervencionismo, do nacionalismo, do populismo, da regulação, da polarização e das ameaças às liberdades individuais. “As tensões do mundo hoje refletem esse período de mudança, sejam elas conflitos na Europa e no Oriente Médio ou o aumento da polarização política em todo o mundo. Perdemos a capacidade de dialogar”, disse.

O ex-presidente do governo espanhol explicou ainda que a escalada do populismo em vários países do globo, prometendo soluções fáceis para questões complexas, é um fator que amplifica essa polarização. “O único elemento positivo da polarização é que ela só acontece em países democráticos. Não há polarização na Rússia, na China, no Irã ou em Cuba”, declarou. “Entramos num ciclo de ‘partidismo negativo’, em que ninguém mais debate propostas. Precisamos recuperar nossa capacidade de trabalhar em conjunto em prol de objetivos futuros comuns, de visões de longo prazo”.

Os propulsores da mudança
Na avaliação de Aznar, a inteligência artificial será determinante para a concorrência entre empresas, mas também entre países, contribuindo decisivamente para a nova geopolítica.

A aceleração do uso dessa tecnologia está fundamentada em quatro fatores: o desenvolvimento da inteligência artificial generativa, o projeto e design de semicondutores, a capacidade de computação quântica e a biotecnologia. “O país que impulsionar esses quatro aceleradores da melhor forma vai controlar o mundo do futuro em termos de poder e influência”.

As forças de um país e seu potencial de competir historicamente estão baseados em cinco principais fatores: a demografia, a superioridade militar, o desenvolvimento tecnológico, a economia e os seus valores culturais, avaliou Aznar. A reconfiguração das potências vai ser determinada por esses cinco elementos básicos e a correlação entre eles.

Considerando o mapa de influência atual, e as potencialidades dos países brigando pela liderança, Aznar afirmou que os Estados Unidos tendem a manter a liderança, oferecendo mais segurança, mais prosperidade e mais liberdade a seus aliados estratégicos. O ex-premiê destacou, no entanto, que isso não deve ser incompatível com a manutenção de boas relações com outros países, mas que seria mais benéfico alinhar-se estrategicamente nos pontos essenciais para o estilo de vida ocidental.

Relação SC X Espanha
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, destacou que o estado de Santa Catarina compartilha muito dos valores expostos pelo ex-premiê. Esse alinhamento de ideias motivou o convite para que Aznar seja uma espécie de embaixador informal de Santa Catarina na Espanha, contribuindo para fomentar o turismo e o comércio internacional entre o estado e o país europeu, a despeito da expectativa negativa de Aznar sobre a aprovação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Isso porque o ex-presidente do governo espanhol afirmou que não acredita na possibilidade de assinatura do acordo bilateral num futuro próximo. “A Europa está focada em temas como a guerra na Ucrânia, a transição energética e questões imigratórias”, destacou. Na avaliação dele, para que o acordo saia do papel será necessário uma aproximação maior entre o Mercosul, Portugal e Espanha, e que esses países estejam alinhados e unidos na defesa do acordo.

 

 

Da redação

Fonte: RCN

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