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Abril Azul: campanha quer reduzir preconceito sobre o autismo

Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham autismo, sendo 2 milhões delas no Brasil (Foto: Internet/ Reprodução) **Clique para ampliar

Publicado em 04/04/2023

O Abril Azul é comemorado todos os anos como um mês dedicado à conscientização do autismo. A campanha surgiu a partir da definição pela ONU, em 2008, do dia 2 de abril como o “Dia Mundial da Conscientização do Autismo”. O mês propõe um conjunto de ações e esforços que objetivam difundir informações para a população sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas com o transtorno.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento do indivíduo, interferindo na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento. Mesmo assim, o diagnóstico precoce permite o desenvolvimento de estímulos para independência e qualidade de vida das crianças. Para isso, o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com uma rede de apoio e assistência a pacientes com essa condição.

A porta de entrada para investigar e chegar ao diagnóstico do TEA é pela Unidade Básica de Saúde mais próxima da residência do paciente. A partir daí, iniciam-se os atendimentos e encaminhamento para o serviço terapêutico e/ou especializado de reabilitação da macrorregião de saúde a que o paciente pertence.

Na Atenção Especializada da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC), as pessoas com TEA e seus familiares podem contar com cinco Centros Especializados em Reabilitação (CER), que são pontos de atenção ambulatorial responsáveis por diagnóstico e tratamento. Estes espaços funcionam nas cidades de Florianópolis, Criciúma,  Itajaí, Lages e Blumenau.

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Em Florianópolis, o trabalho desempenhado pelo Serviço de Reabilitação Intelectual e Transtorno do Espectro do Autismo (RIA), do Centro Catarinense de Reabilitação (CCR), unidade própria da SES, foi destaque no Primeiro Congresso Brasileiro de Autismo Aplicado ao SUS, realizado em 2014. O diretor da instituição, Marcelo Lemos, informa que por meio do programa de reabilitação do CCR, o portador do transtorno é submetido a diversas terapias com múltiplos profissionais. “Eles passam por neurologista, fonoaudióloga, psicóloga, fisioterapeuta e ficam durante 26 semanas dentro do programa. É um trabalho que demora por ser completo. Não é um atendimento e vai para a casa”, esclarece. 

A SES possui ainda 141 serviços terapêuticos contratualizados com a gestão municipal que atendem mais de 14 mil pessoas com Deficiência Intelectual e Transtorno do Espectro Autista (TEA) em todas as macrorregiões do estado. A maior parte das terapias são ofertadas pelas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) municipais que recebem recursos estaduais e federais para o atendimento em reabilitação a estes pacientes.

Mensalmente são destinados mais de 2,5 milhões a estas entidades (dos quais 1,5 milhões são recursos estaduais) para financiar a oferta de serviços profissionais de fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, psiquiatria, neurologia, educação física, enfermaria, musicoterapia, naturologia, pedagogia e assistência social.

Censo 2022 e autismo

Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham autismo, sendo 2 milhões delas no Brasil. Porém, até 2022 nenhum levantamento oficial havia sido feito no país para identificar essa população. Com o advento da Lei 13.861 de 2019, de autoria da então deputada federal Carmen Zanotto, que atualmente está à frente da SES, pela primeira vez foi realizado um questionário com informações específicas sobre pessoas com autismo no último censo demográfico, realizado em 2022.

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“Com esses dados poderemos desenvolver políticas públicas direcionadas para a realidade de cada região do país. E levar conhecimento à população sobre o transtorno e a importância do diagnóstico precoce e tratamento”, destaca a secretária Carmen Zanotto.

A partir da coleta de informações, será possível saber quantas pessoas com o transtorno existem no Brasil e a realidade socioeconômica das famílias. O novo questionário pode ser considerado um avanço na inclusão de pessoas com autismo, incluindo familiares.

Diagnóstico

O neurologista do Centro Catarinense de Reabilitação (CCR), Rafael Watanabe, explica que não existe um exame laboratorial ou de imagem que detecte o autismo. “O diagnóstico é feito através de critérios clínicos obtidos através da história fornecida pelos pais ou familiares e até mesmo professores, além da observação por profissional médico experiente avaliando sintomas presentes durante avaliação clínica”, explica.

De acordo com o médico,  os critérios diagnósticos são baseados em dois pilares, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), que são o prejuízo de comunicação e interação social, e a presença de interesses e comportamentos com padrões restritos e repetitivos. 

Como todas as patologias, o médico alerta que o diagnóstico precoce e a conscientização são o principal fator para o tratamento. “O diagnóstico precoce pode ocorrer já aos 18 meses e implica em um melhor prognóstico, ou seja, melhor capacidade de independência e funcionalidade, ao se direcionar para terapias adequadas. Além disso, permite acesso a alguns direitos como o transporte gratuito entre outros benefícios, como a possibilidade de um segundo professor”, lembra.


Sinais de alerta e sintomas gerais:

O neurologista destaca alguns sinais de alerta e sintomas para se pensar em TEA:

Aos 12 meses: não responder ao chamado do nome
Aos 14 meses: não apontar para objetos que demonstra interesse
Aos 18 meses: não brincar de faz de conta

Entre os sintomas gerais destacam-se:

– evitar o contato visual e preferir ficar sozinho
– repetir palavras ou frases de maneira repetitiva (ecolalias)
– dar respostas não relacionadas às perguntas feitas
– ficar estressado com pequenas mudanças de rotina
– ter interesses obsessivos
– realizar movimentos repetitivos como: movimentar as mãos como bater de asas, balançar de corpo ou girar em círculos
– ter reações não usuais a sons, cheiros, gostos, aparência ou textura (tato)

Tratamento

Para ter acesso ao tratamento, é necessário que o paciente busque atendimento na Unidade Básica de Saúde mais próxima da residência do paciente. A partir daí, iniciam-se os atendimentos e encaminhamento para o serviço terapêutico e/ou especializado de reabilitação na macrorregião de saúde a que o paciente pertence.

A estimulação do paciente com os diversos profissionais permite um maior desenvolvimento e independência do portador do transtorno. Segundo o neurologista, Rafael Watanabe, o  tratamento consiste em terapias aplicadas por diversos profissionais que incluem fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos através de técnicas específicas visando a reabilitação e também nutricionistas, pedagogos e educadores físicos. “Geralmente são direcionados para centros de reabilitação como o Centro Catarinense de Reabilitação, a APAE e Fundação Catarinense de Educação Especial para trabalho em equipes interdisciplinares e transdisciplinares”, conclui.

Carteira de Identificação do Autista de Santa Catarina

Instituída pela Lei Estadual n. 17.754/2019, a Carteira de Identificação do Autista de Santa Catarina garante ao usuário a preferência no acesso e atendimento em instituições públicas do Estado, especialmente nos serviços públicos das áreas de saúde, educação e assistência social, inclusive quando representado por seu responsável legal. A Carteira também garante a gratuidade no transporte intermunicipal de passageiros.

O documento, expedido pela Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), vinculada a Secretaria de Estado da Educação, contém informações de identificação da pessoa com Transtorno do Espectro Autista, contato de emergência, tipo sangíneo e, caso tenha, informações de seu representante legal/cuidador para trazer mais segurança e autonomia para os beneficiários do serviço. 


Confira aqui como solicitar a carteira.

Da redação

 

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