À Distância estreia nos palcos da Capital
O tempo, o espaço, o não toque. Distância é palavra ampla que se desdobra em separação, intervalo. O afastamento temporário foi o responsável pela boa vontade do encontro de cinco atores de Florianópolis, que formam a Dearaque Cia.
A tecnologia ajudou o grupo de amigos a continuar uma história deixada por aqui, sem pretensão de ponto final. As conversas pelo skype de pontos diferentes do globo – Floripa (Brasil), Buenos Aires (Argentina), Lyon (França) – transformaram-se em lugar concreto, de criação, onde surgiu a ideia do trabalho “À Distância”, com estreia marcada para os dias 29, 30 e 31 de agosto, em dois palcos simutâneos – no Teatro da Ubro e Sol da Terra – às 21h, em Florianópolis.
Em 2012 veio o pretexto para o reencontro: o projeto foi aprovado pelo Prêmio Funarte do Teatro Myriam Muniz. Os ensaios, antes virtuais, foram intensificados na presença assim como a obra, cheia de histórias reais envoltas pela ficção que com o tempo ganhou trama.
“É um território de ficção, estruturado na pesquisa do elenco. Cada ator buscou a história de seus avós, fotos, documentos que pudessem contar mais sobre eles. Esses elementos foram construindo a dramaturgia”, conta o diretor André Felipe. E cada neto, em cena, veste a representação da própria história. O olhar voltado para os avós refletiu na dúvida dos anseios hoje vividos.
O diálogo cria uma conexão com o tempo, que vai e volta nos extremos das gerações. “Usamos entrevistas com os familiares, deslocamos essas informações, criamos um jogo de realidade e ficção”, conta André.
Dois palcos, o mesmo ano
O desafio da distância desenhou um novo jeito de fazer teatro. Dois públicos, dois palcos interligados por meio de um sistema de videoconferência. Assim surge o Lado A e Lado B: complementares na dramaturgia e distintos nos espaços. Em cena cinco atores interpretam a vida de seus avós, no ano de 1958.
No LADO A a Rádio 2008, clandestina, transmitia de Florianópolis uma estação diretamente do futuro. Os netos revivem a última noite de gravação representando seus avós ainda jovens.
Uma casa em ruínas é cenário do LADO B, lugar onde era transmitida a Rádio 2008. Marco e Ana confrontam versões e reconstroem a última noite em que seus avós se falaram no casarão da família Fortes Oliveira. “Tecnologia novas e antigas, a glamourização do passado em resposta à incerteza do futuro e vice-versa. A nostalgia, a desesperança. Tudo reflete um processo vivido pelo grupo”, costura a história André, certo que a distância certamente não separa, mas cria uma condição de presença.
Sobre a Dearaque Cia.
A Dearaque Cia. é uma companhia de teatro de Florianópolis fundada no ano de 2007. Trata-se de um grupo jovem cujos trabalhos tem como eixo principal a experimentação de uma estética teatral propositora de experiências e encontro entre atores e público. Pensando nisso, a companhia aposta na utilização de elementos autobiográficos de seus integrantes em cena, investigando possibilidades de irrupção do real no espaço da ficção.
SERVICO:
Valores: 20 (inteira) e 10 (meia)
Combo (Lado A + Lado B):
24 (inteira) e 12(meia)
29 de agosto (quinta-feira)
Lado A
Teatro da Ubro às 21h
Escadaria da Rua Pedro Soares, 15 - Centro
Lado B
Teatro Sol da Terra às 21h
Av. Afonso Delambert Neto, 885 - Lagoa da Conceição
30 de agosto (sexta-feira)
Lado A
Teatro da Ubro às 21h
Lado B
Sala Sol da Terra às 21h
31 de agosto (sábado)
Lado A
Teatro da Ubro às 19h e às 21h
Lado B
Sala Sol da Terra às 19h e às 21h
Da Redação