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O Alentejo

(Foto: Divulgação)

Publicado em 29/11/2017

Com um país relativamente pequeno pode produzir vinhos tão distintos e únicos? Portugal é incrível e esse é um dos motivos. Não é por acaso que o slogan dos Vinhos de Portugal é “Um Mundo de Diferenças”. Uma das regiões que me surpreenderam muito na última visita foi o Alentejo.

Sempre fui fã do Douro, Dão e Bairrada, gosto de alguns bons Alvarinhos do Vinho Verde e fiquei impressionado com uns brancos dos Açores do Maçanita. Lisboa tem um potencial enorme e um frescor nos vinhos que é gostoso de ver, mas o Alentejo estava me apresentando alguns vinhos concentrados e alcoólicos. Muito por minha culpa de ter preferido às outras regiões e continuar provando os mesmos sempre.

Mas, até mesmo antes de retornar para lá e visitar projetos que eu não havia visitado, consegui degustar algumas coisas bem interessantes de produtores renomados e de projetos novos. Uma das coisas que aprendi quando ajudava o amigo Eduardo Silva a estudar para o concurso de Melhor Sommelier Brasileiro para vinhos do Alentejo foi que o Alentejo é muito grande para ser generalizado.

Antes conhecido como “celeiro de Portugal” essas terras vastas, secas e quentes cheias de Sobreiros e Azinheiras foram descobertas pelos vinhateiros. Além do Rio Tejo também se pode fazer grandes vinhos, como já se comprovaram projetos históricos como a Quinta do Carmo.

A História do vinho no Alentejo é, como em toda Portugal, muito longa e se confunde com a história dos gregos, romanos e até mesmo fenícios. No Século XV e XVI temos o grande exemplo dos grandes vinhos de Évora, como o “Peramanca”, que mais tarde passou às mãos da Fundação Eugênio de Almeida. Mas, depois de um decreto do Marques de Pombal que favoreceu os vinhos do Douro, o Alentejo sofreu na cultura do vinho.

Hoje a divisão mais clara dentro do Alentejo nos permite ter mais conhecimento e acesso aos diferentes estilos e buscar o que queremos. As cidades de Évora, Redondo, Borba, Vidigueira, Beja, Reguengos e Portalegre, nos trazem vinhos muito diferentes entre si, pois em cada um desses lugares temos variações de solo e relevo que mudam drasticamente as características dos vinhos produzidos.

Vinhos encorpados e intensos podem ser encontrados em Évora e Reguengos, com clima quente e solos pobres. Já as regiões que produzem geralmente vinhos mais frescos são Borba, com mais chuva que o normal e seus solos de mármore e xisto; Portalegre, a região mais próxima a Espanha e mais ao norte, na cadeia de montanhas da Serra do Mamede se favorece dessa altitude. Mais ao sul, dividindo o alto e o baixo Alentejo, temos a região de Vidigueira, originalmente muito quente, mas resfriada pela falha de mesmo nome, essa escarpa se estende de leste a oeste e traz as brisas frescas do Atlântico regulando a temperatura.

Novos projetos muito próximos do mar, como o desenvolvido pela Cortes de Cima, produzem vinhos brancos deliciosos com bela acidez. Seus vinhedos de Sauvignon Blanc e Alvarinho ficam a menos de cinco quilômetros do oceano. Além dos vinhos aprecie as cidades pitorescas, os charmosos Hotéis e a deliciosa gastronomia da região. O Alentejo também é um “Mundo de Diferenças”!

 

 


Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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