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ANTICORPOS MONOCLONAIS: UMA REVOLUÇÃO NA MEDICINA

Foto: reprodução

Publicado em 18/05/2015

Anticorpos são proteínas produzidas no nosso organismo, com a função de reconhecer antígenos e combater vírus, bactérias e células cancerígenas. Os anticorpos memorizam um antígeno como, por exemplo, o do vírus da hepatite B, e passam a ser um soldado dentro do nosso organismo, preparado para combater o vírus. Com o avanço da biotecnologia, foi possível produzir em laboratório os anticorpos monoclonais. Eles são fabricados para reconhecer uma única região do antígeno, o epítopo.

O desenvolvimento dessa nova tecnologia tornou possível produzir anticorpos monoclonais que funcionam como importantes ferramentas no combate a determinados tipos de células tumorais, doenças autoimunes, e também com grande utilidade no diagnóstico de uma série de doenças. Muitos novos anticorpos monoclonais estão sendo desenvolvidos e muito em breve poderão ser utilizados no controle de diversos distúrbios do metabolismo do colesterol e de vários tipos de câncer.

Os nomes dos diversos anticorpos monoclonais que já foram desenvolvidos terminam com o sufixo “mab” que vem do inglês “monoclonal antibodies”. Esses mabs produzidos em laboratório reconhecem e se ligam a um determinado agente patogênico para o qual foram produzidos. A descoberta desse processo foi considerada tão importante na época, que recebeu o prêmio Nobel em 1984.

Por problemas de resposta imune, como esses anticorpos são gerados por camundongos e injetados em humanos, o uso dos mabs ficou limitado durante 20 anos à produção de kits de laboratório para diagnósticos de doenças ou então usados em pesquisas científicas. Recentemente, com as modernas técnicas de engenharia genética, esses anticorpos foram adaptados ao organismo humano, de tal forma que os genes responsáveis pela produção dessas proteínas foram alterados para que fosse eliminada a resposta imune do organismo humano a elas. Nasceram então os anticorpos monoclonais humanizados, os quais podem ser injetados em humanos sem que as suas proteínas gerem respostas imunológicas de defesa. E assim, deu-se início ao uso dos anticorpos monoclonais para o tratamento continuado de diversas doenças reumatológicas e de vários tipos de câncer.

No tratamento do câncer, diversos medicamentos modernos estão preparados através dos mabs para atuarem como anticorpos contra tipos específicos de células tumorais e, além disso, transportarem dentro da sua proteína, radioisótopos ou toxinas que vão atuar especificamente contra um determinado tipo de célula cancerosa. Uma revolução na medicina está ocorrendo com o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos mabs e muitas novidades irão surgir nos próximos anos. 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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