Iogurte na boca
Eu sou desligada num modo geral. Sou “antenada” em duas situações: quando estou com as crianças (quem tem ou teve crianças sabe do que estou falando), e no consultório. Fora dessas duas situações, sigo o lema do Zeca Pagodinho e “deixo a vida me levar”.
Penso eu, que cada situação rotineira que acontece, aquela que ninguém presta atenção, para quem presta, nossa, daria um livro. Ou como estou fazendo agora, escrevendo algo que te faça ler.(espero que valha a pena!).
Eis que estou na clínica veterinária com minha gata (temos duas, mas estava com a Pipoca). Pipoca, a gata, é de rua, e do Fred. Eu não vou me aprofundar sobre ela, mas pensa numa gata que não sabe que é gato e age como cachorro: pra comer, pra sentir falta, ara ser um grude (de qualquer um que dê chance pra ela). Enfim, observei que ela andava meio caída e, como o Fred estava viajando, decidi leva-la na clinica.
Estou esperando o horário da Pipoca e, ao meu lado, uma senhorinha bem preparada, com sua sacola térmica e seu cachorrinho bem peculiar. Não sou expert, mas certo que era um misto exótico de raças. Ela tira da sacola um iogurte, uma colher, e começa a comer. Até ai ok, né?
Sim, saudável e preparada, pensei.
Será que com uns 90 anos eu terei paciência para carregar um iogurte comigo? Pensei novamente.
Incrível como em salas de espera, em geral, se você desconecta do telefone, uma série de pensamentos soltos e inusitados borbulham na sua mente.
Ai, ela pega a colher, enche de iogurte e dá para o cachorrinho lamber. Lá dentro da boca do cachorro. Até aí ok também, né?
Mas ai, ela enche novamente a colher e coloca na própria boca. E faz isso mais umas duas vezes que vi: pra ela, pro cachorro. Pra ela, pro cachorro. A mesma colher.
Depois disso, eu parei de observar para não ficar indiscreta e ficar chato, mas tentei parecer normal, sem parecer nada chocada. Não acho que tenha algum tipo de TOC nem obsessão por esterilização, mas, depois de tudo isso, a cereja do bolo: o pote - era daqueles grandinhos -, ainda tinha iogurte, quando olhei novamente, e ela pergunta pra mim: “querida, está servida?”
Na nossa boca existem “zilhões” de bactérias. Com sorte, você está em equilíbrio neste momento - e sua boca também – e, se não tiver infecções ocorrendo, você esta saudável mesmo na presença de todas essas bactérias. A única diferença é a presença das bactérias do cachorro na sua boca. Sobre isso, só essa senhorinha pode falar.
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Sobre o autor
Amanda Lima
Cirurgiã dentista - Especialista em prótese dentária / Pós graduada em odontogeriatria
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