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Gentilezas desarmadas: A arte do altruísmo sincero
Reflexões sobre gentileza e humanidade em momentos de pausa

Uma senhora de 100 anos colocando uma pulseira no meu filho, na tribo indígena Guna Yala, Panamá. (Foto: Amanda Lima) ***CLIQUE PARA AMPLIAR IMAGEM

Publicado em 26/07/2024

Demorei, mas voltei a te bombardear aqui com minhas palavras, textos e reflexões. Prometo ser breve nessa coluna do meu retorno.

Viajei, curti as crias, voltei, fiquei off e, quando a gente sai do nosso automático dia a dia, o mundo fica mais perceptível às nossas sensibilidades. Creio que eu, desligada, passei a observar mais nesse meu tempo "livre", de férias.

E aí, sem ser Poliana, acho que sim, podemos captar as maravilhas do dia a dia e observar o céu azul, a interatividade entre as pessoas, as crianças gargalhando, os animais e a natureza, o tempo e o sentido dele -em passar rápido ou devagar conforme o que estamos fazendo ou não- e a gentileza entre as pessoas.

Eis o que eu gostaria hoje de falar.

Sendo dentista, observo muito os sorrisos. As gargalhadas. Os sorrisos soltos e frouxos, fáceis. Os que demoram a sair, e são mais fechados, distantes, enigmáticos. Faço isso automaticamente. Sempre. Sem alarde, sem notificação de estar observando.

Minha pergunta, hoje, para você é: onde estão as gentilezas gratuitas?

Eu amo gentilezas gratuitas. Vou explicar. Ser gentil, fazer algo bom para alguém sem ter segundas intenções, nem terceiros interesses. O tratar simpático para um desconhecido completo, palavras e gestos sutis para alguém que presta um serviço, um incentivo ou palavra de apoio para algum amigo. O agir por consciência, para estar de acordo com o que acreditamos, e não com o que podemos ganhar através dessas atitudes.

O homem é o que convém? Será que a humanidade só se comporta em direção a fazer o bem para quem você possa "colher" algo depois?

Apesar de identificar muitas dessas ações por conveniência das pessoas - porque, se você parar para olhar, muita gente é programada em agradar, em puxar saco, mas somente o fazem em "pessoas-alvo", objetivando acertar em cheio e conseguir o que se quer com isso. 

Já eu, acredito que sim, que ainda existam as gentilezas gratuitas. Ah, Amanda, que inocente! Todos só fazem o que fazem por interesse em algo ou em alguém!

Será?
Assisti àquele filme "Uma vida-, a história de Nicholas Winton", uma pessoa "comum"-como ele se define no filme - que ajudou a salvar 669 crianças dos nazistas. Se você gosta de Anthony Hopkins(ator que interpreta o papel), de histórias reais e de altruísmo na essência da palavra, assista esse filme.

Pois bem, prefiro seguir Adriano Suassuna, que dizia: "O otimista é um tolo. O pessimista é um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso"-. E, sendo assim, acredito na caridade desinteressada, na gentileza sem viés, na generosidade sem interesses. Mas por que insistir em acreditar nisso?

Eu sou assim, e aposto que você, que está lendo, também.

Espero que mais pessoas sejam contagiadas com a energia e o ato da gratuidade em ser gentil, sem alvos específicos nem tramas arquitetadas. O máximo que podemos esperar com isso é que a energia gerada por nós chegue até nós novamente, e nos possibilite encontrar e conhecer mais pessoas assim, gentis, na essência. 

Por Amanda Lima.

 

 

Da redação

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Sobre o autor

Amanda Lima

Cirurgiã dentista - Especialista em prótese dentária / Pós graduada em odontogeriatria


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