Escrevendo para o Emanuel, por Luzia Almeida
O lado esquerdo do peito e as asas das borboletas têm tudo a ver com o que quero escrever hoje. No coração e no espaço, eu encontro elementos pra afirmar sobre a valorização da vida. A vida, enquanto luz, compara-se a um feixe projetado num prisma. Essa comparação é pertinente por conta das cores que produz: a vida precisa ser celebrada enquanto cor e sorriso: amor, respeito e tolerância entre os seres humanos. A vida é a base de uma verdadeira amizade e é sobre isso que quero escrever... lembrando sempre do meu amigo Emanuel.
É importantíssimo não perdermos a noção de cores e de pessoas. Na verdade, as pessoas são infinitamente mais importantes do que as cores. A beleza das cores não está apenas na sua exposição temporal, mas é a partir do interior que alcançamos o belo. É preciso ter coração para ter olhos verdadeiros. Assim, entre o coração e os olhos, eu planto a semente da amizade e posso ver “As borboletas” de Vinicius de Moraes: “Brancas / Azuis / Amarelas / E pretas / Brincam / Na luz / As belas / Borboletas”. Ele lembra-nos as cores em um movimento de brincadeira e é um conforto para os olhos essa visão multicor de leveza e abandono de peso. As borboletas não desafiam a gravidade, na verdade as borboletas são tão gentis que não capazes de desafiar ninguém, posto que desafiar exige força e determinação. Então, seguindo esse raciocínio, posso afirmar que as borboletas suportam a gravidade e é por isso que elas ficam pousando de flor em flor. E ficam chocadas com o beija-flor que é tão ousado ao ponto de parar no espaço.
Toda essa conversa de refração, de gravidade... é só um pretexto de lembrança de bem-querer, porque cada pessoa tem uma importância de cor-ímpar assim como também é ímpar a sua digital. E quando escrevo sobre a importância de um amigo que é professor, eu elevo essa consideração num nível exponencial por conta de sua função. Entender o grau de importância de um amigo é entender o ser humano enquanto luz para os olhos dos outros. Para eu ver as cores eu preciso de luz, para que a vida tenha sentido eu preciso de amigos. Cada amigo tem seu valor no universo. Esse valor escapa de todas as fórmulas porque nenhuma delas pode pesar a massa do coração. Dizendo de outra maneira, como é que eu vou pesar a importância de um amigo, se eu não tenho uma balança emocional? Entenderam? O coração é infinito!...
A vida e a amizade passam pela mesma estrada e nesta estrada não há paradas nem postes. O caminho é claro e contínuo. A Luz que se percebe vem do céu, tem energia própria em forma de ternura.
Não se pode, Emanuel, entender o valor de um amigo fora da poesia. Ou longe das cores das borboletas de Vinicius. Ainda que seja, de uma asa apenas, como escreveu Cecília Meireles: “No mistério do Sem-Fim, / equilibra-se um planeta. / E, no planeta, um jardim, / e, no jardim, um canteiro; / no canteiro, uma violeta, / e, sobre ela, o dia inteiro, / entre o planeta e o Sem-Fim, / a asa de uma borboleta”. Ainda que seja uma asa apenas, ela é cheia de cor e sua leveza ensina-nos a importância da visão nesta estrada que é de todos nós. Uma estrada que não se pode caminhar sozinho.
A representação das borboletas neste texto reflete a ternura da amizade. As borboletas nascem com asas, mas somente aprendem a voar depois que escapam do casulo.
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Sobre o autor
Luzia Almeida
Luzia Almeida é professora, escritora e mestra em Comunicação
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