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A importância da Arte
Porque a arte nos toca de uma maneira tão especial

Iniciamos 2025 celebrando a arte do nosso país com a premiação, no Globo de Ouro, da atriz Fernanda Torres por sua atuação no filme de Walter Salles, “Ainda Estou Aqui”. (Foto: Golden Globes/Gov.br)

Publicado em 12/01/2025
 
 

Por que lemos romances, contos, crônicas, poesia? Por que ouvimos música, vamos ao teatro, lotamos salas de espetáculos? Por que vamos a exposições? Por que assistimos a filmes, séries e novelas?

Porque nos tocam de uma maneira especial. Porque lembram que não somos seres meramente racionais. A arte reúne, ao mesmo tempo, razão e emoção, provoca sensações e nos dá de brinde a noção de liberdade. Lembra que não somos meros reprodutores daquilo que introjetamos sem questionamentos, mas ao contrário, somos potenciais criadores de novas realidades.

O pensamento moderno nos fez acreditar que a nossa racionalidade, sozinha, daria conta dos nossos problemas, individuais e coletivos. E isso estava posto nos processos educacionais oficiais e não oficiais. Até pouquíssimo tempo, nas famílias e nas escolas, éramos incentivados a reprimir nossas emoções, a desvalorizar nossas sensações, a diminuir nossos sentimentos. Não tínhamos espaço para aprender como lidar com a raiva, com o medo, com a tristeza, com a dor e nem mesmo com a alegria. A razão, colocada num patamar superior, deveria ser o nosso guia, como se a razão pudesse ter algum sentido sem considerarmos nossos sentimentos.

Pessoalmente, acredito que nada nos ensina mais do que a nossa própria experiência, porque é ela que nos faz sentir. Com a arte temos nossos sentimentos representados e quando a usufruímos encontramos uma possibilidade de entrar em contato com sensações e sentimentos soterrados em nós mesmos.

Iniciamos 2025 celebrando a arte do nosso país com a premiação, no Globo de Ouro, da atriz Fernanda Torres por sua atuação no filme de Walter Salles, “Ainda Estou Aqui”. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o filme começa solar e nos convida a conhecer a história da família Paiva, especialmente marcada pela história recente do Brasil. Brasileiros que vieram antes de 1985 e viveram o medo, a insegurança, a censura, imediatamente compreendem o que foram aqueles anos nos quais qualquer um estava sujeito a decisões arbitrárias do governo, sem direitos e sem piedade; os que chegaram depois têm a oportunidade de conhecer a história recente do Brasil, através da história de Eunice Paiva, uma mãe de família que sofreu na pele a brutalidade de um Estado desfigurado. Mas, mais do que isso, temos todos a oportunidade de imaginar o que é ser vítima da violência, ou das muitas violências de Estado e dessa forma rearranjar os valores que ficaram embaralhados nos últimos anos.

A projeção internacional dessa obra histórica é um espelho que nos mostra, ao mesmo tempo, nossas mazelas e nosso potencial. É exatamente assim que podemos nos ver inteiros, quando integramos à nossa razão todas as emoções, sensações e sentimentos que vivem em cada um de nós e que contam de maneira inequívoca a nossa aventura individual e coletiva nesta jornada chamada vida. Um viva à arte que nos convida a nos tornarmos inteiros!

Texto por Denise Evangelista Vieira

 

 

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Sobre o autor

Denise Evangelista Vieira

Psicóloga formada pela UFSC e em Artes Cênicas pela Udesc. Escreve sobre o universo humano. Quem somos e em quem podemos nos tornar? CRP 12/05019.


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