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Um pedido de puro amor

Fotos: Divulgação/PMF **Clique na imagem para ampliar

Publicado em 20/08/2021

A pedagoga Rosicléia de Abreu Carlsem, auxiliar de sala da rede municipal de ensino de Florianópolis, é uma mistura de mãe e avó da pequena Maria Clara, nascida nessa quinta-feira, 19. Aos 53 anos de idade, foi barriga solidária da própria filha, Ingrid Carlsem, 29 anos, técnica de enfermagem.

Barriga Solidária, ou útero de substituição, é um dos tratamentos feitos por mulheres que não conseguem engravidar por problemas de saúde. A prática só pode ser feita quando não há lucro envolvido. Em 2014, Ingrid teve uma embolia pulmonar e uma trombose venosa profunda por possuir maior facilidade para formar coágulos de sangue. Essa condição é chamada de trombofilia.

Ficou com sequelas na perna esquerda e corria o risco de amputá-la.  Por esse motivo, teve que passar por uma angioplastia em 2016. Recebeu dois stentes para desobstruir as veias do local afetado. Os médicos desaconselharam-na a ter filhos. Se você tentar, você vai morrer, sentenciaram.

Um pedido de amor

Mãe e filha já sabiam o que fazer. A conversa entre as duas sobre a barriga solidária ocorreu anos antes de Ingrid ter descoberto a doença dela. Depois de ter assistido a uma reportagem na televisão, onde a sogra gerava a neta para sua nora, Ingrid perguntou a Rosicléia: “mãe, você faria isso por mim se um dia eu precisasse?”. Resposta: “claro que sim!”, disse.

“Então estamos conversadas, se um dia eu necessitar já sabemos como proceder”, relembra a filha. “Uma mãe se doa de corpo e alma para uma filha. Sinto-me grata e honrada em exercer esse papel tão importante que é gerar uma nova vida, minha neta”, relata Rosicléia.

Fizeram uma vaquinha online devido ao alto custo do procedimento de fertilização in vitro. “Nós somos de família humilde, e sem a solidariedade de amigos, familiares e equipe médica, nada seria possível”, frisa Ingrid. Além da vaquinha, realizaram também uma rifa, e confeccionaram máscaras de tecido para agregar no valor. “Tudo com muita honestidade e perseverança”.

Filha Ingrid e mãe Rosicléia antes do parto
 

A terceira Maria

O parto ocorreu em uma maternidade particular de Florianópolis, nessa quinta-feira, 19. Maria Clara nasceu às 10 horas e 56 minutos. Veio ao mundo com 37 semanas e 3 dias, medindo 49cm e pesando 3 quilos e 310 gramas.

Maria em homenagem materna à avó e à bisavó, que possuíam esse nome, e Clara, por ser luz para toda a família, discorre Ingrid.
 

A pequena Maria Clara nasceu nessa quinta-feira, 19, medindo 49cm e pesando 3 quilos e 310 gramas

 

Detalhe. Rosicléia ficou orfã de mãe aos 13 anos. Foi criada por outra Maria, a avó dela, mulher de garra e coragem. Passaram-se 40 anos, e Rosicléia pariu uma outra Maria, sua neta. “O gesto da minha mãe foi de grandeza, de uma mulher nobre.  Mesmo eu tentando mencionar ou descrever em palavras, jamais conseguirei especifica o quão valiosa ela é para mim”, relata Ingrid.

Rosicléia salienta que ter um filho, para Ingrid, foi a realização de um sonho de menina, que lutou muito, superou a morte, e hoje é uma mulher, uma mãe que com certeza dará tudo de si para que Maria Clara seja muito feliz e amada.

Ingrid é casada com Fabiano, agora pai de Maria Clara. 


Da redação

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