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Um pacto pelo retorno das viagens, por Vinícius Lummertz
Lummerrtz é ex-ministro e secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo

Crédito de imagem: Patrick Bertholdo

Publicado em 10/08/2021

Após um longo – e desgastante – período de reclusão, a confiança e o desejo de viajar começam a crescer dentro de nós. O mundo, visto da janela de casa, já é menos hostil, mas ainda estranho. Como turistas vacinados, vamos experimentar uma relação inédita com os protocolos sanitários. Se por um lado a vacina reduziu as mortes e as internações por Covid-19, a presença do vírus ainda é muito forte - e pode gerar mutações perigosas e levar a retrocessos.

O contexto é de pandemia, mas a ciência tem nos ajudado a superar o momento duro de confinamento. A gente já se arrisca a um passeio ao ar livre e sonha com a viagem de fim de ano, momento em que o turismo no país deve experimentar a maior movimentação de toda a história. Vai dar praia, vamos ter Natal em família, reunião com os amigos, mas teremos de nos acostumar aos testes do cotonete e ao furinho na ponta do dedo. Mas não vamos, definitivamente, estar livres da máscara nem do álcool gel tão cedo.

Nesse contexto de avanço sustentável, ancorado nos protocolos e no aprendizado de mais de 15 meses, o país deve experimentar uma explosão de reservas no segundo semestre. Há uma poupança de quarentena estimada em mais de R$ 20 bilhões apenas em São Paulo, na iminência de desaguar em viagens por todo o país, estimulando, inclusive, o turismo no próprio território paulista, segundo estudo da Secretaria que comando no estado de São Paulo, a de Turismo e Viagens.

Uma sociedade doente não viaja, porque carrega o vírus na bagagem. Mais saúde, mais viagens, simples assim – e a defesa da vida e da vacina, é bom que se diga, são méritos do Governo de São Paulo, que com enorme empenho trouxe a Coronavac para o país e tem imunizado grande parcela da população brasileira. Não fosse a iniciativa do governador João Doria, ainda no primeiro semestre do ano passado, o Brasil estaria vivendo uma tragédia ainda maior – e inimaginável – do que já vive, com mais de 550 mil mortes e milhões de pessoas sofrendo as sequelas dessa terrível doença. 

No ranking de desejos da população, viajar está lá no topo, de modo que, embarcar para um novo destino, hoje, tem mais valor do que trocar de carro ou renovar o guarda-roupa. No imaginário coletivo, resgatar as perdas dolorosas da quarentena, como uma singela caminhada na praia, ganhou o status de presente do ano.

Chegamos ao ponto de inflexão: como construir este novo mundo sem retroceder? Precisamos de um pacto coletivo, não há outra saída, é necessário fecharmos um acordo enquanto sociedade para recuperar o nosso direito de viajar. Cidadão não vacinado, que não testa e não cumpre as regras de distanciamento, expõe toda a sociedade ao risco.

Em outras palavras, não há qualquer justificativa ética ou linha filosófica que dê ganho de causa à liberdade individual se, na outra ponta, está o interesse coletivo. Tomar a vacina não é uma obrigação do cidadão, como sabemos; na verdade, é mais do que isso, é um compromisso com a sociedade. Não podemos nos esquecer: lidamos com o risco de novas variantes, ainda mais contagiosas, que fizeram recuar até os países mais avançados na imunização.

A exemplo do passaporte de vacinação europeu, exigido dos cidadãos que circulam pelos países do bloco, resgatar o direito à mobilidade pressupõe uma rotina cansativa, mas necessária, de testes e vacina atualizada. Se você quer viajar nas férias, faça a sua parte e convença os que você conhece a fazerem o mesmo. Não há nada que nos impeça de avançar e acumular, pouco a pouco, novas conquistas. Só nos mesmos. Cuide-se e boa viagem.