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Um gol a favor do meio ambiente

Luis Adaime criou a Moss, startup de crédito de carbono (Fotos: Acervo pessoal) **Clique para ampliar

Publicado em 01/11/2021

Nosso personagem da semana é Luis Adaime, 41, um homem pragmático nos investimentos, mas com a vida movida à paixão. Esse carioca que concluiu a graduação em engenharia de produção e economia na Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA), retornou para o Brasil para morar em São Paulo (SP), quando conheceu uma gaúcha. Hoje, vive com ela e os dois filhos em Porto Alegre (RS).

Mas esse vibrante torcedor do Flamengo buscava mais. Em 2019, ele não sossegou enquanto não achou uma maneira de contribuir para a causa do meio ambiente. Com seu know-how em finanças e equity funds (fundos de ações), ele lançou a Moss - que é a tradução para o inglês da palavra “musgo” - o vegetal que mais toxinas absorve do ar.

A Moss é uma startup de crédito de carbono, que tem como objetivo reduzir o desmatamento com a valorização das terras na Amazônia. Vamos agora ver como ele pensou esta ideia!

Como surgiu a ideia da Moss?

Eu sempre fui muito conectado com o meio ambiente, por duas razões. A primeira é que metade de minha família mora em Cáceres, no coração do Pantanal Matogrossense. Então, acompanho o desmatamento e todo o estrago feito ao meio ambiente há muitos anos. A segunda é que eu sempre fui um ecologista de carteirinha e fã do Fábio Feldmann (político do PSDB e PV), minha falecida tia era assessora de imprensa dele. Meus ídolos na infância eram Jacques Cousteau e o Darwin, e eu criava quadrinhos de um herói que criei, o “Super Árvore". O ambientalismo sempre me fascinou.

A Moss surgiu de uma constatação minha que, se nós continuarmos a fingir que nada está acontecendo quanto à destruição do planeta, em 50 anos estaremos extintos como espécie. Como sempre fui muito pragmático, busquei um modelo de negócios pelo qual a conservação das matas fosse remunerada. Descobri o mercado de carbono e me pareceu muito propício para o que eu buscava.

Assim criei a Moss: levantei recursos, comprei créditos de carbono dos maiores projetos de conservação da Amazônia e agreguei tecnologia de ponta na rastreabilidade geográfica e digital. E passei a vender às empresas que queiram, ou mitigar seu próprio dano ao ambiente via emissões de gás de efeito estufa, ou oferecer essa opção a seus clientes.

A Moss é isso: um e-commerce, uma loja digital de créditos de carbono. Canalizamos mais de R$ 100 milhões para a conservação da Amazônia (mais de 5x o orçamento federal) e salvamos mais de 1 bilhão de árvores no último ano.


Luís Felipe Adaime (D) com o ex-presidente da Argentina, Maurício Macri, em evento patrocinado pela MOSS em Buenos Aires

 

Como está sendo a aceitação por parte do empresariado?

Cada vez maior. Notamos que a pauta é cada vez mais importante para empresas brasileiras (e no mundo inteiro), pela exigência de seus consumidores, que são cada vez mais jovens e conscientes de que precisamos reduzir nossas emissões. Inclusive a demada corporativa por crédito de carbono explodiu este ano, e já somamos mais de 300 clientes e parceiros em segmentos de moda (Hering), alimentação (iFood) e mobilidade (Gol Linhas Aéreas). 

Como as ONG ambientalistas veem um financista “metido” a ecologista?

Aceitam bem, as ONGs têm reparado o enorme fluxo financeiro que tem chegado à floresta no último ano.

 


Adaime (D) com o ecologista Fábio Feldman, ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo

 

Agora, com a COP26 em Glasgow, o tema Carbono está em alta. Qual é a tua expectativa sobre a conferência?

Acho que antes de mais nada, a COP, a maior conferência climática do mundo, promovida pela ONU, traz atenção ao tema das emissões e da urgência de agirmos a respeito, reduzindo nosso consumo ou mitigando o nosso impacto no planeta. Não acredito que se chegará a um acordo sobre o mercado de carbono, pauta mais relevante da conferência, mas, somente por você me perguntar sobre isso, já é um grande avanço (quase ninguém sabia da ocorrência das outras 25 COPs, né?).

Depois de acompanhar a final da Libertadores da América, em Lima (Peru), você se apaixonou ainda mais pelo Flamengo. Propôs - e foi aceito - como patrocinador oficial do clube. A marca Moss ilustra o meião do uniforme oficial. Este é também um sentimento de contribuição e engajamento?

Foi uma meta para a nossa empresa colocar o tema ambiental e de crédito de carbono, que é bem complexo, na boca do povo. O Flamengo é o time mais popular do mundo, e tem 50 milhões de torcedores apaixonados. Temos tido um retorno de reconhecimento de marca e da causa ambiental bastante alto.


Luis Adaime, já como patrocinador oficial do Flamengo, no Centro de Treinamento do Clube

 


Na sala de imprensa do Centro de treinamento do Flamengo

 

Recentemente, a polêmica com o jogador Vitinho, por jogar de meias arriadas e esconder a marca Moss, refletiu positivamente a partir de um post seu nas redes sociais. Como reverter uma situação adversa em um gol a favor?

Não chegou a ser uma situação adversa, somente uma brincadeira saudável que fiz com os torcedores e o jogador, que gosta de jogar com as meias arriadas. Fiz um sorteio para os torcedores de 5 “mantos sagrados”, caso o Vitinho jogasse de meias altas, sem arriar. O Vitinho e o clube entraram na brincadeira e ele passou a usá-las ao avesso, de forma que a logomarca aparecesse mesmo quando as meias estivessem arriadas. O Flamengo move muita paixão e calor, o que talvez possa parecer polêmica num segundo, já vira brincadeira e aproximação no outro.

Texto escrito por Hermann Byron

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