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Turismo, para um Feliz Ano Novo

È importante ressaltar: nós tivemos no Brasil um déficit na conta do Turismo de US$ 150 bilhões (algo como R$ 800 bilhões) de 2005 para cá, que é a diferença entre o que os brasileiros gastam no exterior e o que os estrangeiros gastam aqui (Foto: Alan Morici/ Divulgação) **Clique para ampliar

Publicado em 27/12/2022

Nesta coluna que marca a virada de 2022 para 2023, gostaria de manifestar algo além de uma mensagem de “Feliz Ano Novo” para você. Meu desejo é mostrar que há sim um caminho para fazer um feliz ano novo – e esse caminho é o Turismo brasileiro. Para traduzir esse desejo, vou aproveitar uma entrevista que concedi recentemente à jornalista Elisa Veeck, da CNN Brasil, cuja pauta foi inspirada numa pesquisa da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo, a Braztoa, revelando que a indústria turística brasileira crescerá mais de 50% em 2023. A jornalista comenta que, apesar dessa expectativa, a falta de uma política de planejamento impacta muito negativamente o Turismo nacional. E ela me pergunta: “Por quê?”

Comecei minha resposta dizendo à Elisa que o turismo interno é importante, mas temos que nos pautar e nos integrar nas cadeias de produção internacional, como aconteceu no agrobusiness. Nós entregamos o Plano 2012/16 em Brasília – quando na Secretaria Nacional de Políticas de Turismo – que continha tudo isso, e nós implantamos nos últimos quatros a parte que cabe a São Paulo no Plano 20/30 da Secretaria de Turismo e Viagens. Baixamos impostos, melhoramos a cadeia produtiva, fizemos as maiores promoções da história do Turismo paulista e, mesmo com a pandemia, vamos gerar 85 mil empregos em 2022. Este é o resultado de o Governo João Doria/Rodrigo Garcia ter colocado o Turismo no centro da pauta econômica e social de São Paulo.

Por isso, reafirmo: a primeira e maior importância que tem que se dar à Economia do Turismo é política. Nós tivemos no Brasil um déficit na conta do Turismo de US$ 150 bilhões (algo como R$ 800 bilhões) de 2005 para cá, que é a diferença entre o que os brasileiros gastam no exterior e o que os estrangeiros gastam aqui. Nós poderíamos estar fazendo superávits. A questão é que todos nós não ouvimos a palavra “turismo” nas eleições para governadores, para presidente, para prefeito – e é bom lembrar que este foi o maior gerador de empregos no Estado de São Paulo neste ano. E será no Brasil e será no mundo: perto de 30% dos postos de trabalho do planeta nos próximos anos virão do Turismo.

Então, é algo difícil de se compreender, a não ser que você entenda que o Brasil joga apenas um jogo de curto prazo e não acredite que, para que se tenha um grande movimento de Turismo, é preciso tirar o Estado da frente. Quem mais dificulta o desenvolvimento do Turismo no Brasil é o Estado brasileiro. Nós somos um dos cinco piores lugares do mundo para se investir em negócios turísticos, ainda que sejamos o primeiro em potencial natural e um dos dez maiores potenciais culturais. Então, é uma autossabotagem o que estamos fazendo há muitos anos.

Não quer dizer que nada tenha sido feito. No Governo Temer, nós abrimos o capital das aéreas, tiramos impostos de importação dos parques temáticos; em São Paulo, criamos os Distritos Turísticos, criamos grandes linhas de crédito, nós desenvolvemos projetos estruturantes, divulgamos o Estado no Brasil e no exterior, entre centenas de ações, obras e medidas. Deu resultado. Mas é preciso fazer o mesmo em todo o Brasil.

Após eu ter feito esse raciocínio, a jornalista da CNN me perguntou sobre o atual cenário da balança do Turismo – viagens internacionais versus viagens nacionais. Respondi que, no momento atual, se viaja menos para o exterior e se viaja mais para o interior do Brasil. Então, este verão tem tudo para ser histórico, com tudo lotado. Mas a questão estrutural vai mais além do momento.

É preciso uma política integrada, não tratar apenas questões pontuais e de curto prazo. Como por exemplo: baixar o custo dos combustíveis da aviação (como fizemos em SP), retirar cargas tributárias como o Fundo de Reaparelhamento da Marinha Mercante que pesa sobre o combustível, criar um sistema de incentivos que fomente a construção de mais aeroportos – em São Paulo nós privatizamos 22 deles e não cobramos ICMS na reforma desses terminais -, fomentar a produção de aviões de pequeno e de médio porte, permitir a cabotagem aérea, enfim, há muitas “antiguidades” na cadeia produtiva turística, que no final caem sobre as costas do consumidor.

No que se refere à atração de turistas estrangeiros – na qual o Brasil patina num número em torno de 6 milhões por ano, enquanto só o Museu do Louvre, em Paris, faz uma média de 8 milhões – o Governo Federal investiu apenas R$ 1,3 milhão em 2022 na promoção do nosso país no exterior, enquanto a Colômbia investe R$ 150 milhões. Esses números mostram o que venho reafirmando: é tudo uma questão política. É preciso que o Governo queira fazer.

E é neste ponto que encerro este artigo que tem por base a entrevista que concedi à CNN Brasil, exatamente com o mesmo intuito que me motivou no início deste texto: mostrar que há, sim, um caminho para fazer um feliz ano novo – e esse caminho é o Turismo brasileiro. Na próxima semana, já em 2023, vamos nos aprofundar nos pontos nevrálgicos desse caminho, que tem tudo para ser a grande virada do Brasil na economia e na geração de empregos.

Com o Turismo, um Feliz Ano Novo!

 

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Sobre o autor

Vinicius Lummertz

Secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo


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