Imagem da Ilha

Nosso personagem da semana desta vez é um casal. O engenheiro agrônomo e empresário Adolfo Nunes Corrêa e a esposa Nelsiria Testa Corrêa tinham um sonho. Ele, um grande apreciador de vinhos, natural de Tubarão, no Sul de Santa Catarina, presenciou desde pequeno as plantações de uvas naquela região. Trazia consigo o sonho de ter seu próprio vinhedo. Ela, natural de Erechim (RS) tinha o sonho de morar de frente para o mar. Com a mudança da família para Florianópolis, buscaram um terreno no bairro João Paulo para realizar esse sonho duplo. Depois de muito procurar, conseguiram comprar um terreno de frente para o mar. Junto com a esposa Nelsiria, Adolfo vislumbrou ali o local para o cultivo de seus próprios parreirais e a sua própria produção de vinhos. Os sonhos do casal estavam sendo realizados.

Há cerca de 10 anos, o Jornal Imagem da Ilha produziu uma matéria contando sobre o processo de plantio e vinificação realizados por Adolfo no bairro João Paulo, onde mora. Desta vez, voltamos para acompanhar a colheita das uvas deste ano (2022). “O plantio de algumas uvas aqui em nossa casa começou em 2011, quando viemos morar no bairro João Paulo. Sempre apreciamos as parreiras. Na nossa cidade, em Tubarão, na década de quarenta/cinquenta, era comum as famílias cultivarem alguns “pés” de uvas (videiras) no quintal. Urussanga e municípios vizinhos se destacavam na produção de uvas e vinhos. Aliás, continuam se destacando. É gratificante visitar as vinícolas daquele belo vale catarinense”, destaca o empresário.

As videiras ficam protegidas da ação do tempo e de pássaros e insetos

Mas há alguns detalhes importantes a considerar no plantio de uvas em sua propriedade. Adolfo conta que o solo é preparado e as covas são bem adubadas para receberem as mudas de uvas Cabernet Sauvignon, Syrah e Sauvignon Blanc. A irrigação é feita através de gotejamento, com água armazenada das chuvas e, para proteger as plantas (videiras), é colocado “plástico filme”. Como o clima na região é muito úmido, as plantas frutíferas ficam sujeitas a ataques intensos de fungos. Outro fator que exige atenção é a ação de pássaros e insetos, o que o obriga a colocar redes laterais para protegê-las melhor. 

“Conseguimos colher a safra de 2022 o mais tarde possível, agora, no inicio de fevereiro, já que as chuvas foram esparsas. Com isso, conseguimos um maior teor de açúcar (sacarose). Este ano colhemos aproximadamente 60 quilos de Cabernet Sauvignon e 80 kg de Syrah”, conta Adolfo.

Este ano, foram colhidas cerca de 60kg de uvas Cabernet Sauvignon e 80kg de Syrah

Após a colheita, acontece o processo de vinificação. Nele, são usados pequenos tanques de inox (50 litros cada tanque) para fermentação. Depois é feita a “descuba” (separação das uvas esmagadas do líquido), e também o primeiro transvase. “É basicamente um vinho de garagem”, destaca o empresário.

Colheita entre amigos

Para a colheita das uvas este ano, o casal planejou algo diferente. Adolfo e Nelsíria convidaram alguns amigos para ajudar e depois fizeram um churrasco para confraternizar. “Convidamos 7 casais, alguns amigos de longa data, alguns que estudaram comigo, como meu amigo Nereu. Esse, por sinal, agrônomo e empresário, como eu. E olha só isso. Ele trouxe sua carteira de trabalho, ao final das duas horas de colheita, o gaiato pediu pra eu assinar, pode?”, conta.
 

Amigos estiverem na residência de Adolfo e Nelsíria para auxiliar na colheita das uvas 

Produção encaminhada

Adolfo destaca que o processo todo é trabalhoso e reflexivo, “mas ele ensina a admirar e  respeitar os que se dedicam e produzem vinhos através dos anos e gerações”.  Segundo ele, a safra de 2022 está bem encaminhada, pois o  clima foi favorável para as fruteiras em geral e a pequena quantidade de uva conduz ao “blend”. Este ano, são 70 plantas e 140 quilos de uvas, com produção estimada em 70 garrafas. Como as uvas foram recém-colhidas, o teor alcoólico ainda não está definido, mas, de acordo com Adolfo, deve ficar por volta de 12%.

A resiliência de Adolfo e Nelsiria é surpreendente. Desde encontrar o terreno, onde decidiram construir sua casa de frente para o mar, e ter o espaço para plantar as vinhas. Uma bela história para contar.  

Da redação

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