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PL que regula a coleta seletiva tem apoio dos catadores

Legislação protege saúde pública e metas Floripa Lixo Zero 2030 e estimula catadores a se formalizarem (Foto: Divulgação/PMF)

Publicado em 10/11/2021

Florianópolis é das poucas, senão a única, cidade onde a prefeitura coleta os recicláveis para doar a associações de triadores instaladas no município. Isso ocorre desde 2008, por termo de ajustamento assinado entre Prefeitura de Florianópolis, Associação de Coletores de Materiais Recicláveis (Acmr) e Ministério Público de Santa Catarina. A decisão permitiu que também fosse a capital que mais recicla no país.

Com a medida, em 2009 a coleta seletiva em Floripa deu grande salto, passando de 150 toneladas para 500 toneladas mês. Só no Centro, passou a ser coletada a quantidade que era recolhida em toda cidade. De lá pra cá, a seletiva de porta em porta foi estendida a 100% dos bairros e chegou à produção de 12 mil toneladas/ano.

Naquela ocasião, o TAC melhorou muito as condições de trabalho dos catadores então informais que corriam risco de incêndio debaixo da Ponte Pedro Ivo e de acidentes de trânsito com os carrinhos. Os catadores comprometeram-se e cumpriram as exigências de formalização e condições dignas de trabalho aos associados, eliminando o trabalho infantil e melhorando as condições ambientais e sanitárias. 
 
Nova onda de empobrecimento

Com a pandemia, nova onda de empobrecimento atingiu o setor e aumentou muito a coleta clandestina na cidade. 
A seletiva chegou a ser zerada em março, por decisão sanitária nacional de proteção aos catadores, e voltou a ser retomada gradativamente em abril. Em 2020, a seletiva de porta em porta foi de 8 mil toneladas. Com a colaboração do cidadão e a entrega, principalmente do vidro, na rede de pontos de entrega voluntária (PEVs) e Ecopontos, mesmo assim foi possível coletar no ano passado, 12 mil toneladas de recicláveis em Florianópolis. 

Mas os galpões ficaram vazios, pela concorrência desleal de clandestinos. A renda nos sete galpões licenciados que sustentam 370 pessoas e 200 famílias despencou em até 70%. Além de diminuir a quantidade, a coleta pirata reduz a qualidade dos resíduos que chegam aos galpões licenciados, aumentando o rejeito de 20% para até 40% do total.

Risco ambiental e de saúde pública

Em outubro, com a ampliação da seletiva pública em 85 ruas e servidões, a coleta de recicláveis de porta em porta finalmente voltou para 500 toneladas/ mês. Dessa quantidade, 390 toneladas foram realmente desviadas do aterro sanitário e encaminhadas para a indústria da reciclagem.

O rejeito dessa triagem feita pelas associações licenciadas é recolhido pela Superintendência de Gestão de Resíduos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smma) e encaminhada para aterro sanitário. No caso da coleta clandestina, o rejeito é descartado de forma irregular na Grande Florianópolis. 

Catadores solicitaram medidas de proteção

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, formalizou a profissão de catador e os colocou no centro das políticas públicas de reciclagem. Em companhia de representantes das associações de catadores e triadores, semana passada o secretário municipal do Meio Ambiente, Fábio Braga, entregou projeto de lei que regula a coleta seletiva em Florianópolis. As medidas são reclamadas pelos catadores desde 2019. A coleta seletiva em Florianópolis é 100% pública, operada pela Smma/Comcap.

A proposta de legislação, construída pelos técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, atende e protege os catadores das sete organizações instaladas em Florianópolis. Tem o apoio de todas elas. Todo material recolhido pela coleta seletiva pública é doado para essas associações que têm licenciamento ambiental e sanitário para operar. 

O projeto de lei, esclarece Fábio Braga, regulamenta a coleta seletiva por terceiros em Florianópolis. De tudo que as pessoas separam para a coleta seletiva, pelo menos um quarto volta para o lixo, porque foi mal separado ou ainda não tem mercado de reciclagem. Isso tem sido jogado pelos quatro cantos de Floripa, São José, Palhoça e Biguacu, aumentando riscos à saúde pública e comprometendo a paisagem urbana. 

A presidente da Associação de Coletores de Materiais Recicláveis (Acmr), Sarajane Rodrigues dos Santos, explica que, depois da quarentena na pandemia, o mercado de recicláveis aqueceu e o preço do material aumentou. Com isso, houve essa corrida dos clandestinos sobre a coleta pública. “Os clandestinos passam antes e levam o material de valor agregado, para nós sobra apenas o refugo. Nossos galpões trabalham de forma regular, alguns pagam aluguel, e essa prática de catação clandestina tem prejudicado as associações”, aponta ela. 

“Temos 22 anos de luta para chegar nesse patamar de maior associação de catadores de Santa Catarina e uma das mais produtivas per capita do Brasil e estamos perdendo isso pela falta de material.” Sarajane explica que as associações não querem tirar serviço de ninguém, mas a legislação é necessária para que as pessoas que estão catando na rua se credenciem ou quem sabe criem novas associações.  

De acordo com a Superintendência de Gestão de Resíduos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smma), a entrega dos materiais à coleta pública garante que os recicláveis chegarão ao destino ambientalmente adequado e socialmente mais justo.

Da redação

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