Pátios de compostagem remunerados e descentralizados são realidade na Capital
Quatro organizações recebem ordens de serviço para processar em torno de 70 toneladas de resíduos orgânicos por mês, mediante pagamento da prefeitura
Os resíduos são tratados na própria comunidade (Foto: Sofia Leal/Divulgação PMF) **Clique para ampliar
Publicado em 08/09/2022
A primeira experiência no Brasil de pagamento por compostagem comunitária foi realizada em Florianópolis através da Prefeitura. Em junho, foram assinadas quatro ordens de serviço para processamento de aproximadamente 70 toneladas de resíduos orgânicos por mês em pátios descentralizados. Em pouco mais de dois meses, já foram compostadas mais de 85 toneladas de restos de alimentos. Além das 250 toneladas que são processadas por mês pela Agroecológica Serviços Ambientais, no Centro de Valorização de Resíduos (CVR), Itacorubi.
O prefeito Topázio Neto destaca o ineditismo da ação no Brasil, tanto pelo fato do poder público remunerar esse serviço de saneamento quanto por fazer a compostagem de forma descentralizada. “Esse tipo de econegócio permite à cidade ter novos pontos de destino final adequado para resíduos orgânicos. Na prática, aplicamos modelo de economia circular, com recuperação de resíduos e ampliação de hortas e jardins urbanos”, aponta o prefeito.
O secretário municipal do Meio Ambiente, Fábio Braga, destaca que os resíduos são tratados na própria comunidade e a prefeitura economiza porque deixa de mandar restos de alimentos para o aterro sanitário. O composto orgânico é usado em hortas e jardins urbanos.
Pela caracterização dos resíduos gerados em Florianópolis, 35% do que vai para o aterro sanitário são orgânicos, entre restos de alimentos e podas, que podem ser recuperados pela coleta seletiva. Ano passado, com a seletiva flex Floripa, já foram desviadas do aterro 7,2 mil toneladas de orgânicos, permitindo ganhos de R$ 2 milhões. “Vamos acelerar para dobrar essa quantidade, para isso precisamos de novos pátios de compostagem”, planeja Braga.
Três no Sul, um no Cacupé
Três organizações operam pátios de compostagem no Sul da Ilha de Santa Catarina: Eduardo Elias Rodrigues (Destino Certo) e Associação de Amigos do Parque Cultural do Campeche (Pacuca), no Campeche, e Composta Aí no Morro das Pedras. A microempresa de Francisca Aires Neves, Compostare, atua no Cacupé.
Essas organizações recebem R$ 156,81 por tonelada recuperada, valor que corresponde ao que a cidade deixa de gastar com transporte e aterramento de rejeito, mais remuneração pelo serviço de responsável técnico para acompanhamento, operação, licenciamento e elaboração de relatórios de pátio de compostagem.
Valorização de orgânicos
“Esse projeto tem muito impacto social e ambiental. Floripa já tinha iniciativas de compostagem, com o projeto de valorização de orgânicos conseguimos construir esse modelo inovador”, afirma Fábio Braga. Ele explica que, com preço padrão por tonelada e por responsabilidade técnica, tornou-se possível credenciar ONGs, associações ou pequenas empresas para fazer a compostagem nos bairros.
O adubo obtido com a compostagem, aliás, tem tido alta procura no mercado, não só pela qualidade, mas também em razão da alta nos preços de insumos químicos.
Com os pátios, os resíduos orgânicos separados pelos moradores são recuperados no próprio bairro, em sistemas que estimulam a agricultura urbana e a segurança alimentar e nutricional.
A avançada política pública de Florianópolis em relação aos resíduos orgânicos nasceu do apoio e suporte às iniciativas comunitárias estruturados pela então autarquia Comcap no projeto “Ampliação e Fortalecimento da Valorização de Resíduos Orgânicos no município de Florianópolis”, segundo colocado nacional em edital do Fundo Nacional de Meio Ambiente e viabilizado por acordo de cooperação financeira com o Fundo Socioambiental Caixa.
Reciclagem de orgânicos
EM 2021
- Orgânicos 7,2 mil ton/ano ganhos de R$ 2 milhões
- R$ 1,2 milhão em economia com aterro
- R$ 800 mil geração de renda com cepilho e composto doados para agricultura urbana
META 2030
- Orgânicos 66 mil ton/ano ganhos de R$ 17 milhões
Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares coletados em Florianópolis
- 35% são orgânicos (24% restos de alimentos e 11% resíduos verdes como podas, restos de jardinagem e folhas varridas na limpeza pública)
- 43% são recicláveis secos (embalagens de plástico, papel, metal e vidro)
- 22% são rejeitos (lixo sanitário e outros materiais que não podem ser recuperados).
Da redação