O ponto de inflexão de Floripa, por Vinicius Lummertz
Vinicius Lummertz é secretário de Turismo e Viagens de São Paulo e ex-ministro do Turismo
Vou começar esta coluna pelo novo signo da Capital: o aeroporto. Mesmo o mais purista daqueles que cultivam a utopia de que Florianópolis poderá voltar a ser um dia a cidade que era há 50 anos, não é capaz de ter saudade do antigo Hercílio Luz, o pior do Brasil durante décadas. Hoje o melhor do país, o terminal concedido à suíça Zurich Airport não só é uma atração turística e de convivência para os moradores da cidade, mas também tem um acesso que serpenteia uma bela área de preservação.
Mas poderia ser melhor ainda. Quando eu dirigi a SCPar, em 2009, fizemos o primeiro projeto desse novo acesso. E havia também bons projetos – que ficaram no papel - para estabelecer naquela área um polo tecnológico e turístico, unindo empresas de base tecnológica, como no Norte da Ilha, a equipamentos como hotelaria de qualidade.
Outro bom exemplo vem do novo aeroporto: quando a Infraero apresentou o projeto, o então governador Luiz Henrique não aceitou, porque se tratava de um “caixote”. Conseguiu, então, promover um concurso do qual participaram 70 arquitetos e o vencedor foi o consagrado Mario Biselli. O projeto dele foi absorvido pela Zurich e hoje temos um dos mais belos aeroportos do planeta. Ou seja, até ausente, o visionário Luiz Henrique nos ajuda até hoje.
Resgato esses exemplos do Sul da Ilha para destacar a importância de projetos que olham para o futuro da cidade, com visão ambiental e sustentável. Neste momento, Florianópolis tem valorado algo como R$ 2,5 bilhões em projetos com esse escopo. Para que eles se concretizem, a cidade precisa vencer as forças do atraso. O primeiro passo é o convencimento dos vereadores da urgência da revisão do Plano Diretor, que patina há mais de seis anos. E é fundamental que licenciamentos e alvarás não sejam submetidos à eterna tortura da burocracia e da judicialização.
São entraves que levam, por exemplo, à desistência do Grupo Angeloni de realizar um importante investimento na Avenida Hercílio Luz, na histórica sede do Clube Doze de Agosto, hoje um dos locais mais degradados da cidade. Agora, o próprio prefeito anuncia que vai ter que intervir para tentar reverter a situação.
Enfim, a Capital catarinense não pode mais ser, ao mesmo tempo, a segunda cidade mais inteligente do Brasil e palco de uma greve como a da Comcap, nos últimos dias, que produz cenas de violência e lixo amontoado pelas ruas. Cidades inteligentes têm o serviço de coleta de lixo terceirizado, assim como aeroportos concedidos à iniciativa privada, como é o caso do nosso.
Este é o ponto de inflexão de Florianópolis: ou será tão melhor quanto seu aeroporto ou tão pior quanto a sua coleta de lixo. Não precisamos perder tempo quando distinguimos progresso e atraso.
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