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Mulheres no comando
Todo o esforço e determinação para permanecer à frente de grandes empresas de comunicação

Ilustração: Thiago Moratelli

Publicado em 11/03/2020

Tá dominado, tá tudo dominado! A comunicação brasileira é majoritariamente feminina. Para onde se olhe – jornais, tvs, rádios, comunicação de empresas, agências de comunicação – elas estão lá em maior número e ditando a evolução da profissão. É bem verdade que o número de mulheres nos cargos de chefia poderia ser melhor, mas o importante é verificar que o espaço vem sendo ocupado de forma gradativa e pode em breve ser dividido com os homens quase que em pé de igualdade. Ao menos na comunicação.

Alguns números de pesquisas recentes dão conta deste cenário. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), as mulheres representam 64% da força de trabalho, mas essa superioridade não é refletida nas coordenações. A percepção de mais de 70% das mulheres entrevistadas é de que há mais homens ocupando cargos estratégicos. Em nível mundial, uma pesquisa feita pela Catalyst dá conta de que embora as mulheres sejam a maioria esmagadora nas agências de comunicação corporativa e de relações públicas, são eles, os homens, que estão nas lideranças. Números de 2019 apontam que apenas 30% das cadeiras de chefia eram ocupadas por elas.

No Brasil e mesmo aqui em Florianópolis, temos exemplos maravilhosos de grandes profissionais nas chefias de comunicação. E não são poucas. Isso nos dá um orgulho danado porque só nós sabemos como é cruel vencer esses degraus e sermos realmente reconhecidas pelo que se é, conhece e domina com experiência. E tenho certeza de que se formos perguntar para estas jornalistas como foi o caminho até aqui, imaginem quantas piadinhas difamadoras tiveram que ouvir, quantos sapos tiveram que engolir, quanta coisa fizeram de conta que não viram e quanto trabalho entregaram sem poder assinar embaixo? E, em contrapartida, tiveram que mostrar que produziam mais, que eram mais organizadas, mais disciplinadas, mais estudiosas, mais focadas, que cumpriam mais metas em menos tempo... ufa! Não tem sido fácil buscar esse tal pé de igualdade.

Por isso, neste mês de março deixo meu abraço e minha admiração por todas elas que estão fazendo a diferença, rompendo barreiras, impondo a sua voz e mostrando seu conhecimento sem medo do constrangimento que por tantos anos fomos submetidas nas salas de reunião por aí. Obrigada às Ellens, Penélopes, Camilas, Gabrielas, Greycis, Anas, Déboras, Stefanies, Fernandas, Lucias, Andressas, Julianas, Carlas, Denises, Clarissas, Karynas, Lenas, Marianas, Silvias, Simones, Carolinas, Larissas, Saras, Linetes, Rejanes, Janines, Estelas, Alines, Maristelas, Romís, Vivianes, Adrianas e tantas mulheres maravilhosas que fazem chegar a você leitor, cidadão, consumidor, trabalhador, os conteúdos e noticiários que você lê todos os dias.

AGRESSÃO A JORNALISTAS MULHERES

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, ironicamente um dos trend topics do twitter tem como discussão a agressão verbal sofrida por duas jornalistas brasileiras. Os fatos ganharam repercussão mundial porque o agressor não é ninguém menos que o presidente da República. As vítimas foram duas jornalistas com grande experiência e nome consolidado na imprensa nacional: Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, e Vera Magalhães, colunista do jornal O Estado de São Paulo e apresentadora do Programa Roda Viva, na TV Cultura. As ocorrências, cuja reincidência ocorreu em menos de dez dias, denotam uma clara falta de respeito não só ao profissional jornalista, mas principalmente à mulher. E vindo de um chefe de Estado que, por decoro ao cargo que ocupa e responsabilidade com o futuro da nação que dirige, deveria, ao contrário, engrandecer o papel da mulher na sociedade brasileira e dar a todo o País o exemplo de respeito que todas buscamos. Mas Bolsonaro fez bem o oposto, estimulando ainda mais os ataques à imprensa e às mulheres brasileiras. Infelizmente.