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Movimento constrói proposta de melhorias para o centro histórico de Florianópolis
Ideia não se restringe a ‘menos asfalto e mais paralelepípedo’, mas ao entendimento de que a ação pública na região deve criar instrumentos para uso alternativo e melhoria das edificações

Rua João Pinto, proposta do Movimento #vivacentroleste (Imagens: Movimento #vivacentroleste/Divulgação) **Clique para ampliar

Publicado em 12/08/2022

O projeto de “revitalização” da Prefeitura de Florianópolis para o Centro Histórico tem sido motivo de várias manifestações críticas de entidades, instituições e cidadãos desde março de 2020, por conta de um processo confuso, com várias versões e sem consulta aos órgãos de patrimônio histórico.

No final de 2021, as obras foram suspensas pela Justiça - o Ministério Público entendeu que a obra iria "mutilar a identidade urbana de Florianópolis”. Esta foi a primeira vitória do movimento que defende melhorias com a preservação da ambiência da região. A PMF está revisando o projeto e, pelo que foi divulgado na mídia, parece ter se convencido das nossas propostas, representando mais uma grande conquista para o nosso movimento cidadão.

O anteprojeto ainda não foi apresentado oficialmente à comunidade, somente encaminhado ao Iphan, à FCC e aos secretários municipais. Antes disso, há cerca de 30 dias, integrantes do movimento #vivacentroleste participaram de uma reunião, a convite do prefeito Topázio Neto, em seu gabinete, para ver em primeira mão o estudo preliminar para a revisão do projeto para a região.


Proposta para a Rua João Pinto
 

Na ocasião, a prefeitura ainda optava por colocar bloco de concreto industrializado em partes das ruas do centro histórico. Nós argumentamos que é possível resolver acessibilidade, mobilidade e preservar toda a ambiência mantendo todo o piso que está ali desde 1886. Como noutros lugares da capital e do mundo, devemos criar aqui as rotas acessíveis com placas de granito, a mesma pedra do precioso paralelepípedo.

Após a divulgação na mídia de que o novo projeto irá manter mais paralelepípedos e retirar o asfalto no entorno da Praça XV, consideramos que fomos ouvidos naquela reunião realizada apenas com dois integrantes do Movimento e a CDL. Saíamos do encontro com a ideia de sistematizar propostas como forma de contribuir com o projeto.

Proposta para a esquina do Museu Victor Meirelles

 
Grupo de trabalho

Organizamos um grupo de trabalho a fim de seguir discutindo e pensando em propostas para o centro, com a sistematização que dê conta de toda a complexidade que a área envolve. Ainda passível de ser construído com soluções tecnicamente viáveis, economicamente racionais, ao mesmo tempo em que respeita a memória do coração da cidade. O grupo é formado atualmente pelos professores do departamento de Arquitetura da UFSC Paolo Colosso (coordenador do Programa de Pós-Graduação) e João Paulo Schwerz (integrante do ICOMOs-SC); arquiteta e urbanista Silvia Lenzi; mestranda Pós-Arq UFSC, Aretha Rodrigues; jornalista e ativista do #vivacentroleste, Simone Bobsin; Gustavo Andrade, professor na Arquitetura da UDESC; Guto Lima, produtor cultural; arquitetos do Co-studio, Ana Paula Godoy, Felipe Rizzon e Lucas Passold; e os estudantes de arquitetura Douglas Hinckel e Julia Borba.


Imersão no grupo de trabalho para a elaboração das propostas do movimento #vivacentroleste
 

Trata-se de um grupo aberto para participação de novos integrantes. É importante reforçar que o movimento é amplo, com a participação cidadã e conta com muitas outras pessoas, inclusive com quase 2 mil assinaturas numa petição pública para a manutenção dos paralelepípedos em toda a região leste do centro histórico - https://bityli.com/Uelqtd

Estamos no processo de aproximação com outros agentes envolvidos nesse debate. Várias entidades e instituições ligadas diretamente à construção e gestão da cidade já foram contactadas para debater e apoiar a proposta formalmente, como CAU-SC, IAB-SC, CDL. Até o momento, a proposta foi apresentada para gestores de órgãos e instituições de cultura e preservação - IPHAN-SC, ICOMOS-SC, Museu Victor Meirelles, FCC, Museu Cidade de Florianópolis “Prefeito Sérgio Grando”, entre outros, ocorrida no dia 21 de julho passado.

Proposta

Em linhas gerais, a proposta visa acolher as premissas de melhorias de acessibilidade e mobilidade, mas também assumir a necessidade de preservação da pavimentação histórica da região afetada pelo projeto, que inclui o entorno da Praça XV e o conjunto de ruas que a conectam com a Avenida Hercílio Luz: Victor Meirelles, Tiradentes, João Pinto, Saldanha Marinho e Nunes Machado.

O Movimento #vivacentroleste, que nunca foi “do contra” e sempre esteve aberto ao diálogo, tem propostas consistentes e viáveis para melhorias efetivas. Em nosso entendimento, as propostas da prefeitura ainda são superficiais, reativam muito pouco os usos do centro. Já o movimento soluciona a acessibilidade respeitando a ambiência histórica, mas também traz as seguintes proposições:

- Implantar o cabeamento subterrâneo da iluminação pública;

- Destinar espaços para áreas de estar com mobiliário urbano adequado para a região e
locais apropriados para a coleta de lixo dos comerciantes;

- Fomentar o uso da moradia popular na região via programa de locação social, já bastante utilizado em outras capitais;

- Dar efetividade à legislação urbanística, atribuindo função social aos edifícios ociosos que deterioram o entorno;

- Incentivar o acesso ao centro por meio de tarifa zero no transporte coletivo aos fins de semana;

- Fortalecer as feiras e festivais populares.

Estas propostas foram construídas em processos de diálogo, escuta, sistematização de trabalhos e pesquisas anteriores. Reforçamos a nossa convicção desde o início deste debate: melhoria do Centro Histórico de Florianópolis SIM sem a retirada dos paralelepípedos.

Use #vivacentroeleste


Texto: #vivacentroleste e Simone Bobsin

 

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