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Lagoa do Peri ganha novos moradores
Reintrodução de dois filhotes de lontra marca avanço na conservação da espécie ameaçada

Duas jovens lontras-da-amazônia foram devolvidas à natureza na Lagoa do Peri, em Florianópolis, após oito meses de convívio com a mãe em cativeiro. (Foto: Andy Puerari/PMF)

Publicado em 07/06/2025

Duas jovens lontras-da-amazônia (Lontra longicaudis) foram reintroduzidas ao ambiente natural na manhã da quarta-feira, 4 de junho, no Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri, em Florianópolis. A ação foi promovida pelo Instituto Ekko Brasil, por meio do Projeto Lontra, com apoio do Grupo Oceanic e sob supervisão dos órgãos ambientais IBAMA, IMA (Instituto do Meio Ambiente de SC) e Floram.

Os filhotes, um macho e uma fêmea, têm aproximadamente oito meses de vida e são descendentes de Nanã, uma lontra resgatada ainda filhote em 2016 nas proximidades da Ponte Hercílio Luz. Ela foi encontrada pela Polícia Ambiental tentando se alimentar da mãe já sem vida — uma necropsia apontou morte por traumatismo craniano, resultado de agressões. O pai dos filhotes, Lucky, foi doado a um zoológico e mais tarde incluído no programa do Projeto Lontra.

A espécie Lontra longicaudis está classificada como ameaçada pela Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), principalmente devido à destruição de habitats, poluição hídrica e caça ilegal — fatores que provocaram um declínio acentuado das populações em diversas partes do país.

Elisa Brod Bacci, educadora ambiental do projeto, alerta para a diminuição na observação de lontras na Lagoa do Peri nas últimas décadas. “Hoje, vemos bem menos do que há 20 anos. Nosso propósito é dar a esses filhotes nascidos sob nossos cuidados a chance de viverem em liberdade. Esse é o nosso maior sonho”, afirma.

Esses animais cumprem um papel ecológico fundamental como predadores de topo em ecossistemas aquáticos e funcionam também como indicadores da saúde ambiental de rios e matas ciliares. Sua presença está diretamente ligada ao equilíbrio e à diversidade da fauna e flora locais.

A médica veterinária Priscila dos Santos Esteves explica que os dois jovens foram preparados desde cedo para a vida selvagem. “A lontra forma laços fortes com seus filhotes. No caso dos órfãos, esse vínculo recai sobre os cuidadores. Mas esses dois nasceram em cativeiro e foram criados exclusivamente com a mãe, o que favorece um comportamento mais compatível com a liberdade”, explica.

Segundo Mariana Hennemann, chefe do Departamento de Unidades de Conservação da Floram, a soltura representa décadas de empenho em proteção ambiental. “É o resultado de 44 anos de esforços para garantir que esse espaço esteja preservado e pronto para acolher espécies tão sensíveis e ameaçadas”, pontua.

Após a soltura, o monitoramento será feito com armadilhas fotográficas, observações em campo e análise de sinais como fezes, pegadas e marcas odoríferas — técnicas que ajudam a identificar padrões de comportamento e a adaptação ao novo habitat. Já foram identificadas sete tocas na região, utilizadas por lontras.

O acompanhamento também incluirá os corredores ecológicos próximos à Lagoa do Peri. Caso os filhotes decidam deixar a área — um comportamento comum para a espécie, que é nômade — isso será interpretado como um avanço, indicando que o ambiente está propício à sua expansão e que outras reintroduções poderão ocorrer futuramente.


 

Da redação

Fonte: PMF

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