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DNA tecnológico
Família Füchter abraça novo desafio empresarial

Os Fütcher - Rodrigo, Nelson, Dorotéia, Fernando e Nelsinho - fundaram a tecnológica The Startup Factory, empresa gestora da Carprix, um aplicativo que pretende revolucionar o conceito do mercado automotivo (Crédito: Divulgação)

Publicado em 21/11/2019

Há 60 anos no mercado de venda e revenda de várias marcas automotivas, coroando este processo com 18 anos de sucesso com a marca Citröen, agora a família Fütcher parte para uma nova ação estratégica. Conversamos com Nelsinho Fütcher, CEO da nova empresa, a StarFact, que nos informou sobre os rumos do grupo familiar.

Imagem da Ilha: Quando a marca Citröen chegou a SC tinha uma grande bagagem (da sua família), mas ainda era pouco conhecida. Com uma postura agressiva e ousada, passou de uma desconhecida à maior participação do share da marca no Brasil. E agora com todo esse conhecimento, qual o “novo norte familiar”?

Nelson Fütcher: Com todo este conhecimento do mercado, pensamos em dar uma sequência, mas com outro viés. Meu irmão, Rodrigo, está há mais de um ano nos Estados Unidos avaliando as tendências de mercado automotivo lá. Com isso buscamos trabalhar um conceito integrando tecnologia a este mercado.

Com a mudança de comportamento dos jovens em relação à compra, o que vem por aí?

O comércio automotivo ainda vai muito longe. No Brasil, cerca de 80% da venda de novos carros é feita na base de troca. Esse dado garante um caminho ainda longo para as empresas que têm como foco a compra e a venda de veículos. Outro dado relevante para a longevidade do seguimento, segundo pesquisa realizada nos EUA com jovens adultos da geração Y, inclusive na Califórnia, revela que 82% deles, mesmo procurando o modelo de carro pela internet, prefere finalizar o processo de compra diretamente com uma pessoa, um vendedor. Ou seja, a esmagadora maioria ainda quer uma pessoa no processo. Esse é um ponto a favor das lojas físicas, pois o pós venda para a fidelização é fundamental. Dados dos EUA dizem que, daqui a 20 anos, cerca de 30% dos automóveis que circularão no mundo, serão por meio de uso compartilhado, alugado ou ainda com dirigibilidade autônoma. Este dado mostra que haverá ainda 70% de mercado de carros que passará pelas operações físicas das revendas. Esse dado é ainda mais significativo nos países emergentes, inclusive como Índia, Brasil e China. No Brasil, temos uma demanda latente e que deverá crescer com a melhoria do poder econômico da população. Nossas vendas de carros 0Km por habitante ainda são pequenas se comparadas a outros países mais desenvolvidos. Com 210 milhões habitantes, vendemos 2,5 milhões de carros por ano, sendo 1,5 milhão para pessoa jurídica e 1 milhão para pessoa física! No EUA as vendas totais são da ordem de 17 milhões de carros 0km por ano para uma população de pouco mais de 300 milhões. Da para ir muito além!

Com todo esse potencial no setor, como funcionará a nova empresa da família?

Estamos agora 100% focados na área de tecnologia aplicada ao setor automotivo. O fato de estarmos ha tanto tempo na estrada nos encorajou a buscar soluções inovadoras para um segmento que conhecemos com profundidade. Nosso investimento inicial e embrião na tecnologia foi um software que utilizamos internamente para dar eficiência à Le Monde. Depois, evoluímos também para uma solução de troca de informações sobre seminovos entre as concessionárias. Em 2017, transformamos essa ferramenta para a tecnologia mobile e fomos para os EUA buscar uma nova tecnologia. Nossa visão é que conseguiremos uma boa escala de usuários quando disponibilizarmos esta ferramenta para o consumidor final. Hoje, ela está em fase inicial de implantação apenas no mercado profissional (revendas e concessionárias com CNPJ ).

Como funcionará o aplicativo?

Atualmente, quem quer trocar o carro sai no sábado para visitar várias lojas e passa uns 15 dias pesquisando. Queremos dar mais rapidez a este processo. Nosso aplicativo, o CarPrix, irá colocar estas lojas em contato com o consumidor. A loja que tiver a melhor proposta vai fazer o cliente sair da sua casa direto pra lá, ou, se preferir, a loja pode ir até o cliente. Nós queremos agregar, integrando o cliente com os agentes do mercado, online. Atualmente, para quem trabalha com carros em plataforma digital, o contato é feito por e-mail e redes sociais, alguns até tem um CRM, mas para por aí. Há também muito uso de telefone e WhatsApp, o que gera grande possibilidade de dispersão dos vendedores.

E quando começou este novo conceito?

O CarPrix foi lançado em março de 2018, na maior feira de concessionárias do mundo, em Las Vegas (EUA) e teve ótima aceitação, tanto que meu irmão Rodrigo foi morar lá em Miami para evoluir neste mercado. Mas nosso objetivo inicial é o Brasil. Inicialmente o aplicativo está em fase de ajustes e está sendo disponibilizado apenas para as revendas. Em breve estaremos disponibilizando para o consumidor final. Mas, para lançar no mercado nacional, precisaremos de um grande parceiro. O projeto já foi apresentado para um grande parceiro em SP.

Já está definido este parceiro?

Por questões de contrato ainda não posso revelar*, mas estamos em negociações finais.

E o grupo familiar, como funciona?

Temos transparência, tranquilidade e uma forma de trabalhar muito original. Não existe melhor receita para uma empresa familiar ir em frente do que temperar o relacionamento diário com comprometimento mútuo, ética, parceria e verdade. Nossas reuniões em família são muito produtivas. Um complementa o outro, dando opiniões e fazendo perguntas sempre tentando convergir para uma visão única. Fazemos reuniões formais a cada 15 dias para manter as diretrizes bem claras a todos. Essa é, sem dúvida, uma parte da nossa história responsável por chegarmos até aqui: o apoio de um ao outro, aconteça o que acontecer!

Por Hermann Byron