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Contador, professor e poeta: Escritor Marcos Laffin é empossado na Academia Catarinense de Letras

“A literatura é a interlocutora da racionalidade, destaca o novo Acadêmico da ACL (Fotos: Divulgação) **Clique para ampliar

Publicado em 14/03/2022

Nosso Personagem da Semana traz uma bagagem literária que lhe rendeu há poucos dias uma nova posição. O escritor Marcos Laffin tomou posse na noite de quinta-feira, 10 de março, na cadeira número 9 da Academia Catarinense de Letras. (ACL) Natural de Jaraguá do Sul, residiu muitos anos em Joinville e, desde 1997, fixou residência em Florianópolis. Até 2017, foi professor do departamento de contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Especializado em contabilidade gerencial e doutorado em engenharia de produção, e pós-doutorado em contabilidade, sempre participou de diversos grupos de estudo de poesia e foi um dos fundadores do Grupo de Poetas Zaragata, de Joinville. A solenidade foi realizada no Clube do Cinema Gilberto Gerlach, no Centro Integrado de Cultura (CIC), em função das obras de reformas da Casa José Boiteux.

Em seu discurso, o novo “imortal” destacou que, dentre seus objetivos junto à ACL, está a sensibilidade em defesa e construção da cultura e à interlocução da arte com o mundo real. “Espero, nesta ACL, com a companhia de cada um de seus acadêmicos e acadêmicas, que sejamos espelhos refletindo - a cultura da terra nossa de cada dia. E mais: faço um registro sobre os momentos de extrema demência que o mundo assiste, vive e não reage, na Guerra provocada pela Rússia. Anunciar e promover uma guerra é uma ação de perda da humanidade que nos faz indagar: Qual vida tem valor? Que ação precisamos realizar além da resistência? Sabemos que a palavra constrói o diálogo, mas o diálogo dessa guerra está submisso a dependência econômica. Não há democracia e nem civilização quando o outro é arrancado de sua terra e por ela é assassinado. O diálogo que o mundo econômico compreende é a diálogo mediado pela moeda como mercadoria. Nenhuma moeda, nenhum rubro terá descanso e valor. O mundo, as nações e os organismos internacionais estão em esclerose da sensibilidade. E nós, ao silenciarmos no absurdo da guerra também morremos”, destacou.


A solenidade de posse de Marcos Laffin (à esquerda, na foto), foi realizada no Clube do Cinema Gilberto Gerlach, no Centro Integrado de Cultura (CIC)
 

Em toda a sua vida profissional, apesar de imerso no mundo das ciências sociais aplicadas, nunca se afastou do universo literário. “A literatura é um lugar de inflexão dentro do universo da racionalidade”, comenta o escritor. Laffin destaca que sempre há uma história a ser contada sobre as coisas que estão no mundo e de como acontecem ou se apresentam em nossas vidas. “Tive o primeiro contato com a literatura na escola primária. Depois desse encontro, fluíram muitas leituras, discussões, e muitas aprendizagens. A leitura de diferentes textos ou tipologias textuais está sempre presente. Na infância, eu lia muito. Morava no interior, onde o tempo se alongava mais e onde existiam poucas atividades culturais. Logo, a leitura era uma forma de devorar o tempo”.

Projeto de vida

Após sua aposentadoria, o escritor passou a dedicar-se inteiramente à produção literária. A eleição para a Academia Catarinense de Letras faz parte de seu projeto de vida. “Ter sido eleito para ocupar a cadeira 9 da ACL tem muitos significados. Um deles diz respeito às responsabilidades que devem ser assumidas com as disposições Estatutárias e Regimentais da academia. Destaco que a ACL completou em 2020, 100 anos de fundação. Portanto, as responsabilidades vão para além das normas, mas que juntas devem nos permitir manter e elevar a memória e a produção de seus fundadores e dos sucessores. São compromissos assumidos junto à história das pessoas, com os fatos, com a língua vernácula, com a literatura, com a arte e com a cultura, processos iniciados e desenvolvidos nesses 101 anos” da Academia, comenta.

O escritor destaca ainda que um significado especial e em particular para ele, da eleição, diz respeito ao mérito da literatura até aqui produzida e socializada ao universo de leitores. “Ao iniciar a minha participação nas atividades da ACL, diz respeito às atividades coletivas da ACL e da continuidade com a escrita, com o imaginário, com a realidade e com as dimensões do alcance social, político e cultural da produção escrita".

E complementa: "Como me disse Lauro Junkes (em memória): a vitalidade da linguagem impõe abertura para todas as realidades. Portanto, a vida da linguagem em gêneros literários coloca em movimento a presença do leitor para dar cumplicidade a uma das maneiras de compreender o mundo e os movimentos em suas realidades. Portanto, estar inteiro no momento presente e nas terrenalidades do mundo, assim como na presença das memórias dos ontens é imprescindível para dar vida às linguagens. Certamente estou ciente de que muitos outros significados irão se impor na companhia dos Acadêmicos da Academia Catarinense de Letras”.

Laffin sucede o professor, escritor e ex-reitor da Udesc, João Nicolau Carvalho ocupante da Cadeira 9 e que faleceu em março de 2021. A cadeira 9 teve como Patrono, Feliciano Nunes Pires, e seus sucessores são, Anfilóquio de Carvalho Gonçalves, Ivens Bastos de Araújo, Martinho José Calado Júnior e João Nicolau Carvalho.  Com referência aos acadêmicos que ocuparam a cadeira 9 destaca que “cabe guardar o contexto histórico, político e sociocultural, a precedência e a hierarquia dos desafios, das produções e das contribuições para o desenvolvimento da vida dos catarinenses”; ressaltou o novo acadêmico da ACL.

Da redação

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