Coluna Raul Sartori – 1ª quinzena de março
Loteamento
Dentre os 185 detentores de cargos comissionados que serão extintos com a desativação de 15 das 20 Agências de Desenvolvimento Regional estão vários vereadores, ocupando vagas que deveriam ser de técnicos. Em todo esse tempo na sinecura – a maioria não dá expediente – o mais que fizeram e fazem é usar o cargo para fins políticos, tanto que vários serão candidatos em outubro. Que cada leitor e eleitor confira isso na sua cidade e região, tire sua conclusão e faça sua opção na urna.
Reconhecimento do fracasso
Sopesando tudo o que se disse, leu e viu, é preciso dizer, explicitamente, que a extinção de 15 das 35 custosas Agências de Desenvolvimento Regional foi o reconhecimento, por Eduardo Pinho Moreira, do fracasso do projeto, de que ele participou desde seu início, em 2003, como seu coordenador. E lá se vão 15 anos, com bilhões pessimamente aplicados.
Faz de conta
É o país da piada pronta. O Tribunal de Contas do Estado, após analisar as contas dos prefeitos, emite seu parecer, pela aprovação ou não. No caso de rejeição ou ressalvas, quem decide se elas passam ou não, mesmo havendo irregularidades gritantes, é a Câmara de Vereadores. Rir ou chorar?
Mais transparente
Parabéns. O ranking conhecido como Transparentômetro, que avalia os portais da transparência de todos os ramos do Ministério Público brasileiro, coloca o MP-SC em primeiro lugar dentre os portais dos 26 estaduais, de quatro do MP Federal e do Conselho Nacional do Ministério Público.
Entendendo Joyce
A crítica literária nacional está elogiando a façanha da catarinense Dirce Waltrick do Amarante, respeitada ensaísta e escritora, professora dos cursos de Artes Cênicas e de pós-graduação em Estudos da Tradução, ambos da UFSC, que acaba de fazer uma desafiadora tradução para o português do romance “Finnegans Wake” (“Por um fio”, em tradução literal) do autor irlandês James Joyce, publicado em 1939.
Mídia
O empresário Carlos Sanchez, magnata brasileiro do ramo farmacêutico, que há dois anos comprou a RBS SC, com suas TVs, rádios e jornais, estaria adquirindo o restante da mesma rede de comunicação estabelecida no Rio Grande do Sul, com 15 rádios, 12 TVs e três jornais, por R$ 2 bilhões. Sanchez tem passado de raspão, até agora, pela Operação Lava Jato.
Campos opostos
A afinidade tensa entre o governador Eduardo Pinho Moreira e o virtual candidato a governador pelo PSD, deputado Gelson Merísio, durou poucos dias. Como há declaração de guerra aberta, foram recolhidas bandeiras brancas que tentavam conter efeitos maiores das palavras e frases que os dois trocaram nesses últimos dias, em público e privado.
Machista
Sim, é machista, conservadora e misógina a declaração feita na tribuna da Assembleia Legislativa pelo deputado Roberto Salum (PRB), que em discussão tensa com a colega petista Ana Paula Lima, sobre a desativação das Agências de Desenvolvimento Regional, disse que “não debate com mulher”.
Diálogo de surdos
Projeto de lei complementar do Executivo, enviado à Assembleia Legislativa, propondo a criação da Região Metropolitana de Joinville, expõe um diálogo de surdos no governo. O projeto tem total desaconselhamento da Secretaria de Estado da Fazenda, para quem a Suderj impactará em “aumento considerável de despesa pública” e que o Estado tem vários empréstimos a pagar no curto e médio prazo, além do comprometimento com a folha de pagamento estar próxima dos limites permitidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ideologia de gênero
Embora iniciativas iguais, como de Criciúma, estejam sendo questionadas no Supremo Tribunal Federal, a Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul aprovou, por unanimidade, projeto de lei que proíbe lecionar qualquer temática relacionada a ideologia de gênero no âmbito educacional no município. Conforme a justificativa da matéria, não cabe à escola doutrinar sexualmente as crianças, desprovidas ainda da devida compreensão e maturidade. Há controvérsias.
Embaixadora
O Cazaquistão concedeu agrément à diplomata catarinense Márcia Donner Abreu como futura embaixadora do Brasil em Astana, sua bela capital. Hoje ela atua na missão brasileira junto à Organização Mundial do Comércio, em Genebra, onde também trabalha, como servidora de carreira, sua irmã, Maria. Ambas são filhas do memorável professor Alcides Abreu, falecido em 2015.
Trampolim
Diariamente, se lê, vê ou ouve dizer desse e daquele presidente de sindicato, em dezenas de municípios de SC, que não fizeram nada em seus mandatos e agora aparecem, como se fossem salvadores da pátria, como pré-candidatos a deputado estadual ou federal. Será que eles têm certeza de que enganarão todos como pensam?
Sem espaço
O MDB de SC parece representar muito pouco na República de Michel Temer. Até 7 de abril 14 ministros vão entregar suas pastas porque serão candidatos. Não se vislumbra nenhum nome de SC para substituir um deles. O máximo que o Estado tem no governo Temer é Vinícius Lummertz na presidência da Embratur. E com a saída do ministro do Turismo, Marx Beltrão, ele fica um tanto vulnerável. Ademais, Temer não tem simpatia pelo MDB de SC.
O cara
Se todos concordam que o cenário para as eleições presidenciais de 2018 ainda encontra-se nebuloso, já é quase um consenso no meio político que ao menos um horizonte é possível enxergar: o de que o próximo pleito será um terreno fértil para os candidatos de fora da elite política, os chamados “outsiders”. O nome desses dias se chama Pedro Parente, presidente da Petrobras, visto como alguém capaz de agradar parte do PSDB, do governo, do mercado e da mídia. Ele tem uma extensa lista de amigos em SC, do tempo em que foi o manda-chuva da RBS. Pode ser o cara, sim. Só faltam os votos.
Devagar
É o que dá um governo burocrata, quase parando e deixando estados e municípios angustiados. Somam-se em dezenas os milhões gastos por prefeitos e vereadores de SC que quase todo dia, em comitivas, tem que ir à Brasília tentam destravar projetos enviados, muitos de anos, para diversos ministérios.
Traição
Deputados das bancadas do PP, PT, PMDB e PSD na Assembleia Legislativa estão batendo no governador licenciado Raimundo Colombo por ter ido ao Supremo Tribunal Federal pedir a inconstitucionalidade da Emenda Constitucional 72/2016, que aumentou gradualmente os percentuais que o Executivo tem que dar para a saúde, de 12% para 15%, na proporção de 0,5% por ano. A emenda foi patrocinada por mais da metade das câmaras de vereadores do Estado.